O Pólo Petroquímico do Grande ABC deu cartada decisiva para garantir competitividade e longevidade. Trata-se do projeto Aquapolo Ambiental, lançado no mês passado com a presença de autoridades estaduais, municipais e de executivos do setor. Maior projeto de reúso de água do País e um dos maiores do mundo, o Aquapolo embute importância que extrapola a conta de redução de custo de um dos principais insumos de produção. O que está em jogo é a sustentabilidade do Pólo Petroquímico no médio e no longo prazo.
O sistema formatado em parceria com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) dá conta tanto da expansão programada para outubro próximo, quando a Petroquímica União passará a produzir 700 mil toneladas anuais de eteno, quanto da duplicação da capacidade do Pólo nos anos seguintes. “A água mais cara é a que poderíamos não ter, caso o projeto não existisse” — destaca o diretor-superintendente da PQU, Rubens Approbato Júnior.
A melhor maneira de entender a importância do Aquapolo é comparar a maneira como o Pólo Petroquímico se abastece e como passará a se abastecer a partir de outubro de 2009, quando o projeto orçado em R$ 130 milhões estiver totalmente implementado. PQU e empresas de segunda geração captam água diretamente do Rio Tamanduateí a fim de alimentar processos industriais. O problema é que a nascente do Tamanduateí está tão poluída que a água não atende as especificações das empresas, mesmo depois de passar por estações de tratamento instaladas na Recap (Refinaria de Capuava).
Para contornar o problema literalmente de origem, o Pólo Petroquímico adiciona água potável na medida de 10% a 30%, dependendo do nível de poluição do rio, que oscila de acordo com as chuvas. Além de contra-senso ecológico, porque água potável é bem cada vez mais escasso, a mistura compulsória representa atentado contra a competitividade.
Rubens Approbato Júnior argumenta que dados relacionados a custos são confidenciais, mas fornece uma pista da economia que será gerada pelo Aquapolo: o litro cúbico de água potável custa cerca de R$ 9, muito acima do R$ 1,50 da água de reúso. O Pólo Petroquímico consome 350 litros de água industrial por segundo, volume que saltará para 600 litros com a ampliação da PQU em outubro deste ano.
Quando o Aquapolo for implantado, o sistema de captação será bem diferente. O Pólo Petroquímico será abastecido de água de reúso da Estação de Tratamento de Esgotos do ABC (ETE-ABC) por duto com 16,5 quilômetros de extensão. Além do material de aço carbono, o projeto incorpora a construção de estação elevatória e de unidade de nitrificação (para retirada de amônia) na ETE-ABC e melhoria das estações de tratamento da Recap. Afinal, água de reúso deve passar por processo adicional de tratamento antes de chegar às caldeiras e torres de resfriamento das empresas.
As obras do Aquapolo devem ser iniciadas em abril ou maio deste ano para conclusão em outubro de 2009. O custo de R$ 130 milhões será rateado conforme a participação de cada empresa. A PQU consome 60%, a Recap 20% e os 20% restantes são compartilhados por Unipar Divisão Química, Polietilenos União, Nova Petroquímica, Polibutenos, Cabot, Oxiteno, Air Liquide e White Martins.
Rubens Approbato Júnior explica que a Recap é a única empresa que ainda não se integrou ao consórcio, mas acredita que a adesão é apenas questão de tempo. A Recap planeja investir US$ 500 milhões entre 2008 e 2010 para aumentar em 20% a produção de óleo diesel e para modernizar o parque industrial. Por isso, é pouco provável que troque a oportunidade de usufruir parceria com a Sabesp para continuar captando no Rio Tamanduateí.
Água de reúso é inadequada para consumo humano, mas pode ser empregada para geração de energia, refrigeração de equipamentos e processos industriais, além de lavagem de ruas, rega de jardins e outras finalidades. Pela importância ecológica, o reúso de água faz parte de programa global encabeçado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
A necessidade de encontrar sistema de suprimento mais seguro e econômico é antiga e atingiu o ápice em 1994, quando a estiagem prolongada comprometeu captação do Rio Tamanduateí. “Tivemos de gastar US$ 2 milhões com manutenção de equipamentos danificados em função da má qualidade da água” — lembra Jorge Rosa, gerente de Projeto. “Água é assunto estratégico que desafia o Pólo Petroquímico do Grande ABC desde aquela época” — endossa Rubens Approbato Júnior, que assumiu cargo de diretor-superintendente da PQU em dezembro de 2006, após 23 anos de experiência na Dupont.
Rubens Approbato Júnior recorre a outros dados históricos para mostrar que em 1994 o Pólo Petroquímico do Grande ABC consumia 450 litros de água por segundo. Eram 100 litros a mais com produção muito menor. A capacidade da PQU atingia 360 mil toneladas anuais de etileno, ante 500 mil toneladas atualmente. Significa que, paralelamente à busca por fonte alternativa, as empresas realizaram verdadeira cruzada pela maximização do aproveitamento da água com a racionalização de processos industriais.
O Aquapolo foi concebido com vista na provável duplicação do Pólo Petroquímico do Grande ABC por volta de 2014. A tubulação de 16,5 quilômetros de extensão tem capacidade para fornecer até mil litros de água por segundo. “Caso a PQU atinja 1,1 milhão de toneladas anuais de eteno, o consumo do pólo será de 850 litros por segundo” — explica Rubens Approbato Júnior.
O diretor-superintendente da PQU ressalva que outros gargalos precisam ser solucionados para que o sonho da duplicação se torne realidade. O principal é o entrave logístico, que pode ser amenizado com a conclusão do trecho sul do Rodoanel e com intervenções viárias no entorno do Pólo Petroquímico. O executivo descarta a idéia de utilizar faixa de terreno da Recap para construção de avenida, como foi sugerido pelo prefeito de Mauá, Leonel Damo. “Seria impraticável pelo aspecto da segurança” — considera.
A cerimônia de lançamento do Aquapolo Ambiental foi realizada na manhã de 15 de janeiro, na sede da PQU, com assinatura de protocolo de intenções pela Sabesp e representantes das empresas do Pólo Petroquímico do Grande ABC. O evento teve participação do vice-governador do Estado, Alberto Goldman, do secretário-adjunto de Saneamento e Energia do Estado, Ricardo Toledo Silva, dos prefeitos João Avamileno, de Santo André, Leonel Damo, de Mauá, dos deputados estaduais Vanderlei Siraque e Vanessa Damo, além do presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, e do presidente do Grupo Unipar, Roberto Garcia. A presença de representantes do Estado e dos dois municípios é justificável. O complexo químico-petroquímico respondeu por 65,5% da arrecadação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de Santo André e por 62,4% de Mauá em 2005, de acordo com levantamento da Apolo.
No Estado de São Paulo a participação relativa do complexo químico e petroquímico atinge 26,9%, razão pela qual o governo estadual lançou o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento da Indústria Petroquímica, no final do ano passado. O programa acena com possibilidade de redução de 18% para 12% na alíquota do ICMS da primeira e da segunda geração, desde que as empresas cumpram metas semestrais de arrecadação, investimentos, criação de empregos diretos e indiretos e, também, desde que incorporem a nota fiscal eletrônica. “A lei é positiva porque contribui para tornar o pólo mais competitivo” — destaca Rubens Approbato Júnior, embora a desoneração não contemple a terceira geração potencialmente geradora de empregos em massa.
A soma de investimentos das empresas do Pólo Petroquímico do Grande ABC atinge R$ 3 bilhões. Além de R$ 1,2 bilhão na expansão da PQU e de US$ 500 milhões da Recap, somam-se R$ 491 milhões da Polietilenos União, R$ 100 milhões da Unipar Divisão Química, R$ 150 milhões da Oxiteno e R$ 90 milhões da Nova Petroquímica. Sem contar os R$ 130 milhões do Aquapolo Ambiental.
A PQU integra um dos dois megagrupos empresariais que consolidam a petroquímica brasileira, operação completada em dezembro do ano passado. O Grupo Unipar faz parte da ainda provisoriamente chamada CPS (Companhia Petroquímica do Sudeste), que conta com a Petrobrás como acionista minoritária e compõe o segundo maior conglomerado do setor no País, avaliado em R$ 8,5 bilhões — só atrás da Braskem.
Quinze anos depois da privatização que transformou em passado o modelo tripartite que originou a petroquímica no Brasil, o setor entrou em nova etapa. A fragmentação da indústria naquele período foi superada com a compactação em dois grupos liderados pelo capital privado, com participação relevante embora minoritária da Petrobrás.
A palavra-chave para se entender o envolvimento da Petrobrás no setor é competitividade. A produção de resinas de fabricação de matéria-prima dividida em várias companhias que resultou no embaralhamento de participações cruzadas entre si sustentou um modelo anacrônico quando transposto para o ambiente mundializado dos negócios.
O executivo José Lima de Andrade Neto, presidente da Petroquisa, ramal da Petrobrás no setor, define a situação sem rodeios: “Agora o setor petroquímico no Brasil não é local, é global”. Contra a corrente conservadora contrária ao avanço da Petrobrás na atividade, a concepção empresarial mundial acabou prevalecendo com o fim da separação entre matéria-prima e resina. Afinal, resina vale mais que eteno. Nada melhor para o futuro da indústria petroquímica no Grande ABC, sempre dependente de investimentos da PQU.
Quem deu o primeiro passo para quebrar a barreira foi o consórcio Odebrecht-Mariani que, em 2001, adquiriu o controle da Copene, companhia petroquímica do Nordeste, e ativo em liquidação pelo Banco Central depois da falência do Banco Econômico. A integração entre fábrica de resinas e uma central de matérias-primas permitiu o embrião da Braskem, primeira do ranking nacional e terceira maior petroquímica das Américas.
A associação do Grupo Unipar com a Petrobrás foi garantida no final de novembro do ano passado quando a estatal concluiu a aquisição da Suzano Petroquímica e se juntaram os ativos das duas companhias no Sudeste. “Demos um passo gigantesco para a reorganização do setor” — disse ao jornal Valor Econômico Roberto Garcia, presidente da Unipar, enquanto o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, festejava o que considerava um momento importante para o Brasil, referindo-se à participação da estatal nos três pólos petroquímicos do País: Nordeste, Sudeste e Sul.
A reorganização do setor petroquímico no País ainda não terminou. Neste primeiro trimestre a Petrobrás discute a composição acionária de outro gigante, o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), onde a CPS é considerada candidata natural a sócia, também, segundo revelações do Valor Econômico com base em declarações do diretor de abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. Para o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, a consolidação da nova estrutura petroquímica dará musculatura ao setor no Brasil. Em vez da desintegração entre petroquímica e refino, haverá sinergia. “Para corrigir a fragmentação era indispensável nossa presença com os sócios” — reforça o executivo.
Todo esse movimento começou em agosto do ano passado, com a aquisição dos ativos da Suzano por quase R$ 2,7 bilhões. Paralelamente, a estatal e a Unipar acertaram a formação da CPS.
Um estudo realizado recentemente pela Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), entidade que reúne as empresas do setor, mostra que a alta do barril de petróleo e a crescente escassez da nafta não irão interromper a expansão da indústria petroquímica no Brasil. Segundo a pesquisa da Abiquim, será possível atender ao enorme salto da demanda nacional de resinas plásticas, de 4 milhões de toneladas/ano para 9,8 milhões até 2020. Para isso, é indispensável a diversificação de matérias-primas.
No mercado, segundo o estudo, a estratégia já é visível. Até 2014 a expansão em 3,7 milhões de toneladas/ano da capacidade em eteno e propeno — cuja produção atual é de 5,5 milhões — será suprida com fontes alternativas como gás de refinaria, propano e até álcool. A lista inclui o megaprojeto Comperj, que vai retirar os insumos diretamente do petróleo, sem craquear a nafta e o etano.
O motor da expansão do setor está no potencial de consumo de plásticos, ainda abaixo de países como o Chile e o México. Nos estudos que viabilizaram o projeto Comperj, a média brasileira de consumo de plástico pode duplicar ao final da próxima década, saindo de 25 quilos para 53 quilos por habitante. A confiança vem do cenário econômico, que projeta taxas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em torno de 5% ao ano, o dobro das décadas de 1980 e 1990.
Segundo a Abiquim, um ponto percentual no PIB equivale a mais 0,8% de resinas. Alguns insumos, como a PEBD (Polietileno de Baixa Densidade) e o polipropileno, com variadas aplicações, chegam a crescer duas vezes o PIB. “Ainda há espaço para dois Comperj” — garante o coordenador da pesquisa, Otto Vicente Perrone.
Mas não falta quem faça ponderações sobre a nova estrutura do setor petroquímico no Brasil. Caso de José Ricardo Roriz Coelho, presidente do Siresp (Sindicato da Indústria de Resinas Plásticas), para quem a cobertura do mercado ainda não está garantida mesmo após a fusão de ativos da Braskem, Unipar e Petrobrás. O problema estaria na fabricação de plásticos: “Não adianta ser competitivo na resina e deixar a desejar na fabricação dos acabados” — afirma.
Para o executivo, o Brasil corre o risco de virar exportador de polímeros e importador de plásticos. A competição tende a se acirrar com o crescimento da indústria de transformação chinesa, que desfruta de enormes vantagens no custo de capital e de mão-de-obra, além de câmbio fixo. Os chineses também se beneficiarão do ganho de escala com a expansão até 2012 do parque produtor de eteno em 9,1 milhões de toneladas/ano — ou três vezes a capacidade instalada no Brasil.
Os chineses já incomodam as micro e pequenas empresas do Brasil, maioria entre as oito mil unidades da chamada terceira geração. Tanto é realidade o quadro que o segmento cresceu apenas 3% no ano passado, apesar de a venda de resina ter crescido 8%.
Para a Adirplast (Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas), a consolidação das centrais de primeira e de segunda geração beneficiaria em tese apenas os grandes e médios transformadores de plásticos, que podem comprar diretamente do produtor. “O pequeno precisa planejar compras e reduzir inadimplência se quiser crescer” — afirma o presidente da entidade, Wilson Cataldi.
Entre as saídas para fortalecer o segmento está a aliança com empresas de segunda geração. Ganho de escala e desenvolvimento de produtos competitivos entrecruzam a proposta. Wilson Cataldi acredita que o mercado para pequenas indústrias ainda pode crescer 50% nos próximos anos, saindo de participação de 10% para 15% nas vendas de produtos acabados, casos de mercados mais maduros, como Europa e Estados Unidos.
Equilíbrio do Grande ABC
Ao longo de praticamente 18 anos de circulação (desde março de 1990), LivreMercado coloca o Pólo Petroquímico do Grande ABC entre as prioridades de uma pauta jornalística voltada sobretudo para diferentes vetores de regionalidade. A atividade químico-petroquímica é uma das duas bases econômicas sobre as quais se mantém o equilíbrio do Grande ABC como uma das áreas mais importantes do País — mesmo que essa importância tenha sido profundamente abalada nos anos 90 por conta da abertura econômica sem contrapartidas.
Por isso, o Pólo Petroquímico é frequentador assíduo das páginas desta publicação. E pela sétima vez desde que LivreMercado adotou o formato físico de revista, em novembro de 1996, é alçado à Reportagem de Capa.
A primeira Reportagem de Capa com o Pólo Petroquímico data de abril de 1998, sob o título “Pólo em Xeque”. O núcleo do texto girava em torno do já anunciado (e só agora em fase de execução) aumento de produção da Petroquímica União. “A batalha que as forças políticas, sociais e econômicas do Grande ABC têm pela frente é dessas oportunidades que se oferecem para testar até que ponto estão realmente preparados para potencializar a região o Consórcio Intermunicipal (formado pelos sete prefeitos), o Fórum da Cidadania do Grande ABC (integrado por conjunto de 100 entidades dos mais diferentes espectros) e a Câmara Regional do Grande ABC (uma combinação do Consórcio e do Fórum a que se somam secretarias do governo do Estado)” — explicitava LivreMercado. Apenas em meados da década seguinte, no novo século, agora sob o governo federal de um ex-operário egresso do Grande ABC, o Pólo Petroquímico ganhou a carta de alforria para dobrar a produção.
Depois de abril de 1998, LivreMercado elevou à capa o Pólo Petroquímico (“Pólo em festa”) em março de 2000 e em junho de 2002 (“Pólo: crescer ou crescer”). Em maio de 2003, LivreMercado fez uma das análises mais consistentes da importância do setor. “Nosso futuro é de plástico” foi o título da capa que questionava: “Quando o Grande ABC de metal será capaz de dar vez ao Grande ABC de plástico, e, com isso, contribuir para quebrar o ritmo da desindustrialização e do desemprego?”.
A importância da indústria do plástico foi martelada a cada parágrafo daquela Reportagem de Capa: “Em busca de alternativas econômicas que possam contrabalançar o desastre do novo desenho do parque automotivo nacional movido a financiamentos generosos, guerra fiscal e rebaixamento salarial, o Grande ABC ainda não se deu conta de que está na indústria de transformação de plástico oportunidade de ouro de juntar a fome por novos empreendimentos com a vontade de comer de novos postos de trabalho reconhecidamente agregadores de valor”.
LivreMercado alertava também para o equívoco de concentrar os cuidados econômicos do Grande ABC no cesto único da indústria automotiva: “A insistência com que lideranças políticas e mesmo empresariais batem na tecla da cadeia automotiva como incrementadora do setor industrial no Grande ABC é tão equivocada quanto o descuido de desconsiderar a indústria transformadora de plástico como chute de resultados certeiros. Afinal, a cadeia automotiva que também se utiliza cada vez mais de plástico é apenas uma das frondosas árvores que potencializam o uso do material. Quanto menor for a participação relativa do setor automotivo regional na cadeia de transformação de plástico, mais se emitirão sinais de novas matrizes industriais de uma região que se tornou refém da atividade sobre rodas” — analisou LivreMercado.
As outras capas de LivreMercado sobre o Pólo Petroquímico foram publicadas em junho de 2004 (“Nossa universidade vai ser do plástico?”) e em dezembro de 2005 (“Pólo comprometido”), neste caso sobre a criação da Apolo, a associação das empresas locais.
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