Este é apenas um texto preliminar sobre o que pretendo analisar o que representou para a Província do Grande ABC o governo de 13,5 anos do PT de Lula da Silva e de Dilma Rousseff em contraponto aos oito anos de Fernando Henrique Cardoso.
De antemão afirmo que, sem o menor risco de parecer contraproducente, depois de tanto criticar – como sempre isoladamente, ante a omissão das demais mídias -- o desastre regional do tucano: o PT superou todas as expectativas negativas e mergulhou a região numa situação de encalacramento ainda maior quanto ao futuro.
Lula da Silva foi um alucinógeno econômico e social para a região, mas Dilma Rousseff tratou de colocar tudo no devido lugar de conscientização geral e irrestrita, ou seja, de que nenhum País no mundo sobrevive à febre consumista embalado por fatores ciclicamente sazonais, como a valorização de commodities, e tampouco suporta o incremento orçamentário de populismo social sem o correspondente avanço econômico sustentável.
Estou dedilhando o computador como se pianista fosse. Aliás, essa é minha grande frustração. Gostaria de dispor de espécie de piano tecnologicamente avançadíssimo a permitir que, enquanto preparasse esse texto, ouvisse sons sincronizados com o pensamento editorial. Saio de 60 minutos de pedaladas à frente do aparelho de TV. Nesse período em que coloco em ordem os músculos, abasteço o cérebro inquieto acompanhando William Wach no Globo News Painel. Vim para o computador sem alinhar qualquer planejamento sobre a disputa entre petistas e tucanos.
Pontos preliminares
O pressuposto de que Fernando Henrique Cardoso foi menos sofrível para a região que o PT nasceu de algumas ponderações que repasso na sequência.
Vejam os pontos principais a manchar o currículo petista sob a ótica regional:
1. Insensibilidade sindical.
2. Debandada regionalista.
3. Agressividade partidária.
4. Voracidade eleitoral.
5. Corporativismo institucional.
6. Negligenciamento social.
7. Estrangulamento econômico.
8. Individualismo oportunista.
9. Obscuridades orçamentárias.
É possível que mais alguns pontos sejam abordados quando for adiante às análises que justificarão a assertiva de que o PT comportou-se regionalmente muito aquém do que o então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Certamente faltará uma base de dados mais completa para aprofundar métrica a avaliações. Há defasagem de tempo que joga para o futuro iniciativas desse tipo. O PIB dos Municípios da região, por exemplo, ainda está em 2013. Há sempre dois anos de atraso em relação ao PIB Nacional. Há projeções que dão conta de que despencamos em 2014 e 2015, as quais considero bastante moderadas. O Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Bernardo apontou recentemente algo como 2,5% a 3% nas duas últimas temporadas. O tombo vai ser maior. Acredito que muito maior. Mesmo se considerando que a nova metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) provoque dúvidas sobre o comportamento dos municípios naquelas duas temporadas.
Números demorados
Os leitores devem ter notado que, por conta do descompasso entre o passado e o presente das numeralhas estatísticas, preferimos produzir uma relação que minimiza abordagens excessivamente técnicas. O escopo dos textos que virão vai procurar situar o que somos desde 2003, quando Lula da Silva assumiu a presidência da República, em relação ao que fomos entre 1995 e 2002, quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito e reeleito para conduzir o País.
A diferença de expectativas entre o tucano e os dois petistas que vieram na sequência está na raiz explicativa da avaliação já explicitada de que FHC sai menos chamuscado dessa disputa. Ou alguém tem dúvida sobre quem teria mais obrigações a cumprir com a regionalidade -- se um presidente sem compromisso regional ou um partido ungido pelo movimento sindical que teve São Bernardo como berço contestatório?
Traduzindo em miúdos: de quem se espera mais, dadas as circunstâncias históricas, a responsabilidade é muito maior. E nesse ponto o PT no poder federal foi um fracasso que culminou, lamentavelmente, na proclamação da República de São Bernardo no seio da Operação Lava Jato.
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21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?