Projetos sobre projetos. É assim que está o sistema viário do Grande ABC, que continua à espera do início da mais importante obra para sua competitividade -- o Rodoanel. O futuro ainda é incerto para se ver canteiros de empreiteiras, tratores e operários na viabilização do trecho sul, projetado para ligar Mauá à Rodovia Regis Bittencourt cortando o sistema Anchieta-Imigrantes. Mesmo com todas as indefinições sobre prazos e impacto ambiental, já se discutem as rotas de escape para essa obra em pelo menos três trajetos alternativos que iriam remediar a falta de vontade política para viabilizar megaanel rodoviário em torno da Região Metropolitana de São Paulo.
O atraso é de pelo menos dois anos. O início das obras do trecho sul do Rodoanel, de 53,8 quilômetros, estava previsto para 2003, mas agora passou para 2005 com término em 2008. Se tudo der certo, um dos principais nós para a estrada se tornar realidade -- o licenciamento ambiental -- deverá ser concluído pelo novo cronograma ainda neste semestre, com as licitações sendo realizadas até o fim de 2004.
A continuação do trecho sul, o ramo leste, que sai de Mauá e vai até Guarulhos, tinha início de obras programado para 2004 e término em 2007. Como o governo do Estado decidiu concentrar esforços no trecho sul, o leste não deverá ficar pronto antes de 2011. “Acredito que não estarei vivo para ver a obra” -- ironiza Renato Maués, assessor do Consórcio de Prefeitos do Grande ABC para transporte e logística.
Modernização da Tibiriçá
Mas com todas as dificuldades, planos e projetos continuam sendo escritos e desenhados, três dos quais já preparam a região para a ausência do trecho leste, a partir de 2008, quando as obras da etapa sul estiverem concluídas. Um é o da modernização da Rodovia SP-31, a Índio Tibiriçá, que liga a Via Anchieta, em São Bernardo, a Suzano, trecho já utilizado por veículos de carga que trafegam do Porto de Santos para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Vale do Paraíba.
“O problema da SP-31 é que é uma pista simples de cada lado, com muitos caminhões e vários cruzamentos. Com o atraso do trecho leste do Rodoanel, essa obra é mais do que necessária. A rodovia, em condições operacionais, resolve o problema por muito tempo” -- garante Renato Maués. O projeto prevê melhorias na segurança dos 10 cruzamentos de vias secundárias com a rodovia, além da construção de nove quilômetros de faixas adicionais no trecho entre São Bernardo e Suzano.
A nova SP-31 tem custo estimado em R$ 42 milhões, com recursos financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e prazo de dois anos para que o governo do Estado execute as obras que, de acordo com Renato Maués, devem começar ainda em 2004.
Sertãozinho no roteiro
Outra rota de fuga para o trecho sul do Rodoanel é a ligação da Avenida dos Estados, em Santo André, com a Avenida Papa João XXIII, em Mauá. O projeto prevê a construção de um viaduto que ligaria a Avenida José Garcia Sobrinho, atualmente subutilizada, até a Avenida Alberto Soares Sampaio, passando por sobre a ferrovia. O custo estimado da obra é de R$ 30 milhões, inclusive com a duplicação da Papa João XXIII.
A terceira rota rumo ao leste da Grande São Paulo é o corredor ABC-Guarulhos, denominado Jacu-Pêssego pela Prefeitura da Capital, que tem a zona leste cortada pela obra no sentido norte-sul. Os projetos de engenharia estão em execução e o custo estimado é de R$ 400 milhões, com metade dos recursos a cargo do governo federal. As obras do trecho de 1,8 quilômetro que liga a Jacu-Pêssego com a Rodovia Ayrton Senna já começaram, mas não existem perspectivas para realização de outro trecho, de 8,6 quilômetros, entre a Jacu-Pêssego e a divisa com Mauá. Também no papel está a continuação do corredor ABC-Guarulhos, já em Mauá, que tem custo estimado em R$ 70 milhões, recurso ainda não localizado nos cofres municipais nem nos estaduais ou federais.
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