O comércio de bairro foi emparedado nos últimos anos. De um lado, demissões industriais em massa reduziram consideravelmente o poder de consumo. De outro, a chegada maciça de shopping centers e redes supermercadistas deslocou o centro de gravidade do varejo. Mas se é possível extrair um aspecto positivo nesse cenário nada animador é o fato de Santo André ter remado contra a maré diante da complicada tarefa de revitalizar tradicionais pólos comerciais.
Em vez de dar as costas como se os problemas representassem apenas desdobramentos inevitáveis de ajustes mercadológicos, o poder público entrou no jogo para tentar potencializar a atratividade dos centros de bairros, sempre em parceria com comerciantes e comunidades locais. A tarefa é orquestrada pela Coordenadoria de Fomento ao Comércio, um braço da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Ação Regional.
As ações voltadas ao fortalecimento dos centros de bairro tiveram origem nos cafés-da-manhã itinerantes que o então prefeito Celso Daniel concebeu e que o sucessor João Avamileno deu continuidade. É durante esses encontros informais que o chefe do Executivo toma contato com as demandas dos comerciantes antes de mobilizar a máquina pública para resolver os principais problemas. “Para tomar providências na área de segurança, que despontava como tema recorrente nos cafés, foi criada a Secretaria de Combate à Violência Urbana”-- ilustra David de Souza Gomes, coordenador de Fomento ao Comércio.
Assessoria ao varejista
A própria Coordenadoria de Fomento foi criada para viabilizar soluções e ajudar o varejo a se organizar em torno de associações que facilitem a interlocução com o poder público. Entre as entidades criadas ou retomadas graças ao trabalho cooperativo encabeçado pela Prefeitura estão a Acecopan (Associação do Centro Comercial do Parque das Nações), Univila, da Vila Luzita, Unisante, de Santa Terezinha, Abaja, do Bairro Jardim, Sol, que une comerciantes do Calçadão Oliveira Lima, além de congêneres em bairros como Vila Linda, Bom Pastor, Vila Assunção e Utinga.
“Celso Daniel acreditava que a cidade deveria ser policêntrica, com comércio forte e estruturado em diversos bairros, e não concentrado apenas no Centro” -- lembra David de Souza. O pragmatismo da relação entre administração pública e comerciantes pode ser ilustrado por uma intervenção urbana simples mas que trouxe tranquilidade ao Bairro Jardim: o prolongamento do calçamento na esquina das ruas Padre Manoel da Nóbrega e das Bandeiras, para evitar colisões que eram frequentes.
“Os comerciantes reivindicavam um semáforo. Mas o fluxo de automóveis não justificava o investimento. Bastou uma correção urbana para que motoristas fossem obrigados a reduzir a velocidade, o que resolveu o problema” -- lembra David.
Estacionamento
Em graus variados, praticamente todos os pólos comerciais foram beneficiados. Mas o exemplo mais completo é o do Parque das Nações, bairro de 18 mil habitantes que sedia o segundo núcleo comercial mais forte de Santo André após o Centro. O núcleo comercial do Parque das Nações foi renovado com intervenções que incluem reforma da Praça Nosso Senhor do Bonfim, da Biblioteca Cecília Meirelles e de uma Unidade Básica de Saúde, além de adequação das calçadas para acesso de deficientes físicos.
Além disso, a escassez de espaços para estacionamento na movimentada Rua Oratório e proximidades foi contornada com criação de baias e implantação de estacionamento rotativo do tipo zona azul. A comodidade da zona azul é particularmente importante aos comerciantes, obrigados a duelar com shoppings e supermercados mais bem estruturados.
“Existe até uma expressão comum nos Estados Unidos para dimensionar a importância do estacionamento no mix de atrativos: no park, no business (sem estacionamento, sem negócios)” — comenta David de Souza, que cita a instalação de uma unidade das Casas Bahia como resultado das reformas.
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