Mesmo com o cenário econômico nacional nem um pouco a favor e com uma agenda regional fragmentada por municípios, empresas do Grande ABC fazem andar os investimentos, até pela necessidade de olhar para a frente. Três empreendimentos anunciados em abril último pela Bridgestone Firestone, Gerdau e Cookson, entretanto, autorizam apenas um otimismo contido, pois são finalizações de aportes já divulgados e deixam incerta a agenda para o futuro.
A Bridgestone Firestone arrendou 28 mil metros quadrados ao lado da fábrica de Santo André a fim de otimizar o estacionamento de visitantes e funcionários e os armazéns de matéria-prima. Com a melhoria na distribuição dos espaços, o presidente Eugênio Deliberato tem esperanças de estar lançando a semente de uma necessária ampliação da produção, hoje no limite.
Considerada a segunda mais importante unidade de negócios do grupo japonês, só atrás dos Estados Unidos, a BF em Santo André opera em ritmo de três turnos para dar conta de 32 mil pneus/dia. Desde 1998 a empresa investe US$ 50 milhões ao ano para aumentar a produtividade e deixar a fábrica próxima da necessidade de 33 mil a 34 mil pneus/dia, o que deve ser atingido até início de 2005.
A partir daí, só uma grande ampliação física ou outra planta fabril daria conta do crescimento de 5% ao ano que a marca vem exibindo. “Em setembro ou outubro vamos definir o que será de 2005. Mas espero obter mais US$ 25 milhões” — suspira Deliberato, que conseguiu aprovar junto à matriz nos EUA projeto para agregar 600 mil pneus de carga por dia a partir de julho próximo, o que foi saudado pelo prefeito João Avamileno e pelo presidente do sindicato trabalhista, Terezinho Martins.
Aperfeiçoando logística
Além de ônibus e caminhões, a BF produz no Brasil pneus para automóveis e utilitários esportivos e 50% de seus negócios estão no mercado de reposição. No endereço onde funcionava a Vigoritto e arrendado por 10 anos para se somar aos 249 mil metros quadrados existentes, a empresa também planeja transferir os departamentos de vendas e áreas técnicas, além de instalar auditório para reuniões e uma loja-modelo para treinamento de revendedores.
Depois de um caso único em Ribeirão Pires, em São Bernardo finalmente ocorreu a primeira adesão à Lei de Incentivos Seletivos, datada de 2001 por acordo regional e pela qual são concedidas isenções fiscais se a empresa cumprir promessas de expansão. A Cookson Eletronics do Brasil acaba de sair de uma reestruturação que consumiu R$ 3 milhões no ano passado e que acrescentou à fábrica a linha de produtos eletrônicos Enthone.
Até então a Cookson atuava com a razão social e a linha Alpha Metals. Além do início da comercialização e industrialização da Enthone, a fábrica se propõe a passar por ampliação e capacitação tecnológica, pelo que pode receber até 10 anos de isenção de ISS e das taxas de funcionamento e de fiscalização de obras e de publicidade.
Sucata processada
Já a Comercial Gerdau Américas, instalada há um ano e meio onde funcionava a Confab, encerra o ciclo de R$ 37 milhões aplicados na planta de São Caetano concentrando no mesmo endereço beneficiamento de aço, processamento de sucata (insumo para a indústria siderúrgica) e filial de vendas de aços longos e planos, estes vindos das demais siderúrgicas do País. “Pretendemos comercializar perto de cinco mil toneladas de aço este ano e atender principalmente o Grande ABC” — sublinha o vice-presidente Domingos Somma.
A unidade é uma das 73 filiais no País e já operava com um centro de serviços que atende o Sul e o Sudeste. Nesse segmento, a empresa, em parceria com a White Martins, estende o sistema de oxicorte, plasma e laser, realizado por tecnologias como a Versagraf Millenium 5000, que corta o aço com velocidade 30% maior.
Com a operação plena das atividades, a planta de São Caetano salta de 20 para 120 funcionários diretos e calcula gerar mil empregos indiretos. Maior reciclador de sucata da América Latina, o Grupo Gerdau anuncia capacidade para processar 240 mil toneladas do material por ano no Centro de Reciclagem de Sucata aberto em 2003 na cidade.
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