Uma boa e outra má notícia para o Grande ABC, divulgadas com exclusividade em 13 de abril pela newsletter Capital Social Online: os sete municípios locais deixaram de perder participação relativa no IPC (Índice de Potencial de Consumo) e retomaram o terceiro lugar na classificação nacional; entretanto, a queda regional ao longo de 13 anos de pesquisas se aproxima do que a população de São Bernardo deverá desembolsar este ano. Isso significa que o Grande ABC perdeu praticamente a capacidade de consumo de seu principal Município durante o período pesquisado, já que o IPC é o acumulado de renda que será disponibilizado nesta temporada.
Preparado pela Target Marketing e Pesquisas, empresa paulistana com experiência de 23 anos em abrir veredas de investimentos, o IPC é espécie de PIB do consumo nacional. O Grande ABC deverá ficar com 2,1882% de tudo o que os brasileiros gastarão neste ano. Traduzido em dinheiro, são R$ 21,2 bilhões do total nacional de R$ 969,5 bilhões, que correspondem a US$ 328,6 bilhões. Em 1991, ponto de partida dos estudos, a participação do Grande ABC atingia 2,904%. Ou seja, houve perda de R$ 6,9 bilhões entre as duas pontas do estudo.
Marcos Pazzini, diretor-executivo da Target e morador em São Bernardo, não deixa escapar a surpresa de ver o conjunto de municípios da região retomar o terceiro lugar no ranking nacional, perdido no ano passado para Belo Horizonte.
Mas reconhece que o sucesso é relativo, principalmente porque o avanço na classificação se deve à queda de Belo Horizonte, cujo IPC de 2003 (2,2499%) acabou não se sustentando neste ano e caiu para 2,1594%. Confrontados com o IPC de 2003 (2,1745%), os municípios do Grande ABC apresentaram avanço relativo de apenas 0,63%.
Um quarto de perda
Ao longo de 13 anos de pesquisa, o Grande ABC perdeu 24,65% de participação relativa no Índice de Potencial de Consumo do Brasil. Traduzindo em participação relativa, a queda é de 0,716 ponto percentual. A redução de 2,904% para 2,188% significa que sumiram pelo ralo do esvaziamento econômico US$ 2,3 bilhões. Como a previsão de consumo para este ano estabelece o valor do dólar a R$ 2,95, chega-se à perda ponta a ponta de invejáveis R$ 6,9 bilhões.
Exceto a pequena Rio Grande da Serra, que apresentou aumento de 3,63% de participação no IPC entre 1991 e 2004, os demais municípios do Grande ABC desabaram no ranking nacional: São Caetano perdeu 26,45%, Diadema 20,37%, Santo André 26,75%, Ribeirão Pires 21,20%, Mauá 18,41% e São Bernardo 26,74%. O resultado decorre do forte esvaziamento industrial, setor sobre o qual se assentou o equilíbrio socioeconômico do Grande ABC a partir da segunda metade do século passado.
A gravidade de perdas do Grande ABC no IPC só não é maior porque o indicador retroalimenta-se do crescimento demográfico. Entretanto, se for levado em conta o IPC médio por morador da região, a queda entre 1991 e 2004 alcança 37,94%. Em 1991 o Grande ABC contava com 2,042 milhões de habitantes e IPC atualizado de R$ 28,1 bilhões. Já neste 2004 a projeção é de que a população da região registrará 2,479 milhões de habitantes e o IPC atingirá R$ 21,1 bilhões. O IPC per capita e atualizado de R$ 13,787 mil em 1991 caiu para R$ 8,556 mil por morador.
Classe média
O Índice de Potencial de Consumo é uma tecnologia da Target ancorada em pesquisas em fontes de dados secundários. O conjunto de informações é disponibilizado ao mercado através do estudo Brasil Em Foco, que reúne dados demográficos e estatísticos com a quantidade de empresas por ramo de atividade e o potencial de consumo detalhado para 21 categorias de produtos, por classe econômica, definida segundo o poder de compra dos domicílios de cada Município brasileiro.
O potencial de consumo do Grande ABC apresenta quatro universos específicos envolvendo os sete municípios. São Caetano e Rio Grande da Serra são casos extremos de prevalecimento de riqueza e de pobreza, Santo André e São Bernardo se assemelham pelo poderio da classe média, Mauá e Diadema identificam-se pelo predomínio de classes mais populares. Ribeirão Pires flutua no meio termo entre Santo André-São Bernardo e Diadema-Mauá.
O conjunto do Grande ABC apresenta perfil de potencial de consumo mais próximo da média do Estado de São Paulo do que do Brasil. Em relação aos paulistas, o Grande ABC tem menor participação das classes populares, um pouco menos dos chamados ricos e maior volume dos remediados. Já na comparação com o Brasil, o Grande ABC tem menos pobres, menos ricos e muito mais classe média.
Das famílias consumidoras urbanas do Grande ABC, 39,31% estão na classes populares C, D e E, cujo rendimento mensal vai até 10 salários mínimos, ou R$ 2,4 mil. Já os remediados, das classes B1 e B2, são 40,58%, cujas famílias recebem mensalmente entre 10 e 25 salários mínimos, ou seja, de R$ 2,4 mil a R$ 6 mil. Os chamados ricos detêm 20,11% do potencial de consumo da região como integrantes das classes A1 e A2 que recebem mais de 25 salários mínimos por mês, ou acima de R$ 6 mil.
Ricos em São Caetano
São Caetano detém maior participação relativa dos chamados ricos, com 37,09% de participação das classes A1 e A2. Em contraste, Rio Grande da Serra conta com apenas 3,67% desse estrato de consumidores. Diadema com 6,77% e Mauá com 5,80% se assemelham no volume de ricos, assim como São Bernardo com 25,20% e Santo André com 22,30%. Ribeirão Pires é caso à parte, com 11,83% de domicílios da classe A. A média de consumidores considerados ricos no Estado de São Paulo é de 23,45%, contra 22,01% do Brasil.
Entre as famílias de classe média (CDE) que recebem entre R$ 2,4 mil e R$ 6 mil por mês, há fortes semelhanças nos municípios do Grande ABC, segundo os estudos da Target. Não por outra razão a região tem nesse estrato social maior média (40,58%) que o Estado de São Paulo (35,32%) e o Brasil (32%). O menor contingente de classe média da região está em Rio Grande da Serra, com 27,83%. Os demais municípios: Santo André com 43,02%, São Bernardo com 42,14%, São Caetano com 40,34%, Diadema com 34,30%, Mauá com 37,41% e Ribeirão Pires com 41,43%.
As famílias mais populares do Grande ABC formam universo relativamente menor do que no Estado de São Paulo: enquanto a média das sete cidades locais é de 39,31% de participação, o Estado de São Paulo alcança 41,23%, contra 45,99% da média nacional. Proporcionalmente, a menor população de classes populares do Grande ABC está em São Caetano, com 22,57% de participação. Santo André (34,68%) e São Bernardo (32,66%) se assemelham. A mesma situação envolve Diadema (58,93%) e Mauá (56,79%). Ribeirão Pires (46,74%) ocupa posição intermediária. Rio Grande da Serra conta com 68,50% de famílias que recebem até R$ 2,4 mil por mês.
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