Na esteira das perdas econômicas que assolam a região, São Caetano se mexe na tentativa de fomentar negócios com a aproximação de empresas multissetoriais num mesmo espaço durante quatro dias. É a 1ª Feira Empresarial do Grande ABC, organizada pela Prefeitura com suporte do Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa), entre 17 e 20 de agosto. A estratégia se resume em reunir empreendimentos de comércio, indústria e serviços na antiga Cerâmica São Caetano. São seis mil metros quadrados divididos em dois pavilhões e expectativa de atrair 80 expositores e 20 mil visitantes.
O espaço abandonado que aguarda o Pólo Tecnológico Cerâmica recebe toques finais neste mês. A idéia é avizinhar interessados em comprar e famintos por vender e produzir. “Abrimos espaço para gerar oportunidades de negócio e facilitar a atuação dos empresários para que alavanquem a economia da região” — define o diretor de Desenvolvimento Econômico, Jerson Ourives.
A preocupação com o aquecimento da economia regional é justificável. Apenas na área industrial, o Grande ABC perdeu 1.665 unidades entre dezembro de 1998 e dezembro do ano passado, conforme dados do Ministério da Fazenda analisados pela newsletter Capital Social Online. Junto foram para a rua 7.212 empregos do setor, segundo o Ministério do Trabalho, enquanto outras regiões do Estado comemoram geração de vagas. Já quando o assunto são investimentos, os sete municípios do ABC registram queda de 38,5% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2002 e ficaram com apenas 4,6% de tudo o que foi anunciado para o Estado de São Paulo, segundo a Fundação Seade.
Fuga de empresas
De São Caetano saíram ao longo dos anos pesos-pesados como Confab, Grupo ZF e Mannesmann. No lugar emergiram Gerdau, Extra e Wal Mart, num exemplo clássico de troca de geradores de riqueza industrial e mão-de-obra treinada por atividades de comércio e serviços, para onde a cidade vem se vocacionando na forma de pequenos negócios.
O pretendido pólo tecnológico de terciário avançado concluiu a fase de regularização da área no mês passado, com doação de parte do terreno da Magnesita à Prefeitura para prolongamento da Avenida Guido Aliberti.
Inicialmente idealizada para concentrar apenas empreendedores de São Caetano, a 1ª Feira Empresarial foi ampliada para os vizinhos, o que retira do evento o caráter municipal. Mas a falta de integração regional repete-se na ausência de contato com as secretarias das demais cidades. Ou mesmo com unidades dos Ciesps e associações comerciais locais.
O esforço de atração está na divulgação pela organizadora Cien (Centro Internacional de Eventos e Negócios). A empresa da Capital cuida da infra-estrutura de estandes, que variam de nove a 200 metros, e praça de alimentação, além da divulgação e das inscrições, que continuam neste mês. A aposta é alta. “A feira vai abrir um corredor para que empresas locais e mesmo de outras cidades e Estados conheçam os negócios que a região oferece” — confia o diretor do Cien, Cassio Branco de Araújo.
Rodada de Negócios
Como os desdobramentos da feira dependem unicamente do resultado da troca de olhares entre expositores, a aposta está na 2ª Rodada de Negócios agendada para 19 de agosto no estande do Sebrae. Serão colocados 10 compradores do setor metalmecânico à disposição de interessados em oferecer serviços. Seis mil empresas dos cadastros do Sebrae estão sendo contatadas para mostrar preços e produtos. No ano passado, 38 vendedores ofereceram propostas a sete compradores, com agendamento de 90 negociações.
Os dois primeiros dias de evento, 17 e 18, vão contemplar palestras, também no espaço do Sebrae. “Cada parceiro levará um especialista para movimentar a feira em torno de discussões econômicas. Pretendemos privilegiar temas voltados à exportação” — planeja Jerson Ourives.
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