Economia

Representatividade
é o xis da questão

VERA GUAZZELLI - 05/07/2004

Diante do quadro histórico de baixa representatividade das entidades de classe do Grande ABC, a Aciarp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Pires) planeja cronograma de atividades para tirar do papel ações que caminhem na contramão da pouca dinâmica. A entidade comemora este ano o cinquentenário com crescimento de 50% no número de 300 associados nos últimos 12 meses e formulou planejamento estratégico direcionado à potencialização dos pequenos negócios. 


Os iminentes intercâmbios de vendas entre a rede de comerciantes locais e do Projeto Empreender querem mostrar que a Associação Comercial pode ir além dos tradicionais sorteios de prêmios em datas festivas e dos serviços de consultas de cheque. “Não dá para ficar à espera de milagres. É preciso encarar a realidade e ir atrás de alternativas que ajudem a amenizar, pelo menos, o quadro econômico doméstico” — é enfático o presidente Marcelo Menato. 


Projeto Empreender


A Aciarp fechou parceria com o Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) e já iniciou a implantação do Projeto Empreender de desenvolvimento setorial em quatro segmentos do comércio local. Proprietários de pequenos estabelecimentos de material de construção, confecções, bares e restaurantes, além de oficinas mecânicas, serão convidados a substituir a visão simplista da concorrência por mecanismos de associação capazes de melhorar o desempenho dos negócios. O Sebrae disponibilizou um consultor para trabalhar durante um ano na cidade, período em que a Associação Comercial oferecerá apoio operacional e de dados necessário à realização do projeto.


O grupo de material de construção já engatilhou as primeiras reuniões e detectou a compra cooperada e o treinamento de balconistas como pontos potenciais de atuação conjunta. “Esses dois quesitos ajudam a reduzir custos e a tornar o atendimento mais atraente, o que leva à manutenção e até ao aumento da clientela” — raciocina Marcelo Menato. A Aciarp estima que Ribeirão Pires abrigue cerca de 30 estabelecimentos de pequeno porte que comercializam artigos para construção civil. 


Compras na vizinhança


A cidade ainda não despertou a atenção das grandes redes, sempre temidas pelo alto poder de negociação e pelos estragos que costumam causar ao comércio familiar. As próprias características do Município, cuja população de 104 mil moradores ainda está acostumada a comprar nas vizinhas Mauá e Santo André, funcionam como barreira natural. Mas, a exemplo de todo o Grande ABC, Ribeirão Pires também não tem lei municipal que discipline a chegada das cadeias varejistas de modo a evitar a concorrência predatória. Por isso, os seis mil estabelecimentos comerciais familiares que foram varridos do mapa regional após a chegada dos grandes hipermercados soam indefinidamente como sinal de alerta.


A Aciarp também pretende testar a viabilidade de feiras sazonais diferenciadas para atrair tanto o público local quanto o visitante que costuma incluir a estância no roteiro de passeios. A primeira experiência só depende da finalização de intercâmbio com produtores de malhas e bordados de Monte Sião e Ibitinga. Diferentemente do que sempre acontece nesse tipo de feira, os produtores atuarão apenas como fornecedores e não poderão fazer vendas diretas ao público. 


A comercialização ficará exclusivamente a cargo das lojas de Ribeirão Pires e os associados da Aciarp serão os primeiros convidados a compor os espaços. “É uma forma justa de fomentar negócios para os dois lados” — entende Marcelo Menato. A Aciarp também criou o Indicador de Desempenho, uma ferramenta estatística que passa a ser utilizada para monitorar o andamento dos projetos relacionados no planejamento estratégico. A avaliação geral da entidade está prevista para outubro.


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