O Consórcio de Prefeitos do Grande ABC sonha com um final feliz para três anos de idas e vindas na regularização dos pesqueiros da região. A partir deste janeiro começa a definição de critérios para dar caráter profissional à exploração turística das áreas de mananciais da Represa Billings. O primeiro passo no horizonte é a criação do selo verde, que vai classificar os serviços e o grau de preservação ambiental.
O que poderia ser um dos vetores de desenvolvimento do turismo nas margens da represa se caracteriza até hoje pela improvisação e amadorismo. Como em vários setores de pequenos negócios, os pesqueiros viveram período de euforia e crescimento, seguido por uma época de muitas dificuldades. “Em 2000 eram cerca de 130 pesqueiros. Houve decréscimo da atividade por motivos econômicos e de falsificação” – conta Carlos Henrique Andrade de Oliveria, assistente técnico da superintendência do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que coordena subgrupo do Consórcio do Grande ABC para discutir a profissionalização dos estabelecimentos.
Espaço importante
Criada nos anos 20, a Billings ocupa importante espaço regional. Vai desde 1,2% da área de Diadema até 36,6% das terras de São Bernardo. Em fins de semana ensolarados, calcula-se que até 25 mil pessoas frequentem as margens da represa, oito mil das quais nos pesqueiros.
Há três anos um seminário para debater a regulamentação da atividade contou com quase 100 proprietários de pesqueiros. Como uma das decisões do encontro foi fazer fiscalização, os empreendedores acabaram se afastando da articulação, que reuniu as administrações municipais da região e o Consórcio.
Falta de métodos de trabalho e ausência de apoio técnico se encarregaram de completar o quadro de fragilidade do setor. “Todas as prefeituras avaliam que a atividade é compatível com a preservação dos mananciais da represa Billings, mas muitos estabelecimentos nem mesmo tinham titulo de propriedade. A grande maioria praticava a criação de peixes sem orientação técnica, comprometendo a qualidade da agua dos tanques e dos próprios animais” – lembra Carlos Henrique.
A partir de maio de 2003, com a realização de novo seminário, a idéia foi resgatar a reaproximação com os donos de pesqueiros. Do encontro também participaram representantes do Instituto da Pesca, Ibama e Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional. A primeira iniciativa foi elaborar um perfil do negócio.
Minimizar custos
Entre as decisões tomadas no seminário está a de que o trabalho com os pesqueiros ocorrerá em duas frentes. Uma é o incentivo à organização dos donos dos estabelecimentos por meio de uma associação. “Quando estiverem organizados, os proprietários poderão minimizar custos e otimizar os recursos.
Também é possível contratar técnicos para fazer análises da agua e dos peixes” – planeja Carlos Henrique, contando com parceria já firmada com o Ibama para fornecer alevinos de tilápia, peixe que até agora melhor se adaptou às condições ambientais da região.
A segunda frente de atuação prometida para ainda este mês é o inicio da discussão sobre os critérios para definição do selo que qualidade, que indicaria o grau de excelência do estabelecimento desde as condições da água e da vegetação até instalações como lanchonetes e restaurantes. Pretende-se fixar pontuação semelhante à fornecida aos hotéis pela Embratur acrescida de critérios ambientais, sugere a coordenadora do projeto Sandra Jules Gomes da Silva.
A Universidade Metodista em São Bernardo também deve participar do projeto com trabalho de campo de estudantes, que pesquisarão os tanques de peixes. “Queremos agregar outras atividades nesse processo com jovens moradores das áreas de mananciais. Os adolescentes poderão participar da criação de tilápias, o que reforçará os projetos educativos das prefeituras junto à população que vive às margens da represa” – aposta Carlos Henrique.
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