Tudo parece estar indo bem para o projeto do trecho Sul do Rodoanel, com a decisão do governo federal de assumir um terço do custo da obra, avaliada em R$ 2,1 bilhões. O cenário favorável pode até mesmo incluir a agilização da aprovação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), facilitando o início da construção da rodovia de 53,7 quilômetros até o final do ano. Mas, ainda assim, a conclusão do primeiro subtrecho, ligando Mauá à Rodovia dos Imigrantes, abre corredor que dará vantagens para pólos econômicos como a Zona Leste de São Paulo e Guarulhos, que ficarão mais próximos do porto de Santos, até agora privilégio quase exclusivo do Grande ABC.
Para o assessor executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para a área de transportes, Renato Maués, facilidade de acesso é obrigatória no mundo competitivo e os mais preparados, sejam da região ou de outros locais, é que vão vender primeiro seus produtos. “Quem tiver competência, leva. Mas acredito que a ligação Mauá-Imigrantes será relação ganha-ganha” -- aposta Renato Maués.
A mesma via que aproxima Guarulhos do porto também abre para o Grande ABC mercados promissores como o Vale do Paraíba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, se levada em conta a obra completa. Durante anos, Maués defendeu as vantagens logísticas do Rodoanel. Há dois, realiza planejamentos e acompanha o trabalho da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário SA), empresa responsável pela construção da ligação viária.
O assessor argumenta que o trecho Mauá-Imigrantes é mais curto, com 21 quilômetros, menos custoso -- a estimativa é de um gasto de R$ 820 milhões -- e seria concluído mais rapidamente.
Por onde começar?
O critério de rapidez, pode ser decisivo na hora em que o governo do Estado tiver de definir se começa o trecho Sul por Mauá ou por onde terminou o trecho Oeste, na Rodovia Régis Bittencourt, em Embu. Caso opte por iniciar o rodovia pelo trecho Oeste, vai ter que enfrentar trecho de 32,7 quilômetros, com dois grandes viadutos sobre as represas de Guarapiranga e Billings, sendo que nesta última a transposição será uma das maiores do País, com 1,8 quilômetro.
Após a garantia dada no mês passado pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, de que o governo federal vai investir R$ 700 milhões no trecho Sul, Maués não vê grandes obstáculos para que o cronograma da obra seja cumprido e máquinas e tratores comecem a se movimentar na região já no último trimestre deste ano. Mesmo a obtenção do licenciamento ambiental pelo Ibama não é vista como empecilho por Renato Maués. A forma como a Dersa fez a Avaliação Ambiental Estratégica e o Eia-Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Sobre o Meio Ambiente) vai garantir o aval do Ibama” -- acredita o assessor do Consórcio.
Ações integradas
Os relatórios de impacto ambiental feitos pelo Dersa surgiram num processo inicialmente recheado de críticas de entidades ambientalistas, o que obrigou a empresa estatal a refazer a lição de casa e elaborar estudos que envolvessem avaliações integradas. A obra seria encarada do ponto de vista ambiental mas também pelas consequências na área da habitação e tendências de desenvolvimento econômico. “O que está nesses relatórios já contempla o Ibama, que cuida do impacto nas reservas da biosfera e indígena. O Ibama não é outra esfera e o cronograma das obras não será travado por causa desse licenciamento” -- garante Renato Maués, mesmo diante das últimas notícias de que a nova intervenção do Ministério Público provocou adiamento de mais alguns meses no cronograma de obras. Mais do que tudo, o engajamento do governo federal, ainda que tardio, é fator primordial para abrir portas de departamentos e ministérios em favor do início das obras.
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