Economia

Desindustrialização aproxima
Província do perfil nacional

DANIEL LIMA - 25/01/2017

O emprego industrial com carteira assinada na Província do Grande ABC aproxima-se cada vez mais do perfil médio do Brasil. Isso significa que a desindustrialização que atingiu a região mais acentuadamente nas últimas três décadas está transformando os sete municípios locais em réplicas da ocupação do mercado de trabalho. Portanto, conseguimos perder para um País em constante degringolada industrial. Não poderia haver notícia pior quando se sabe que o emprego industrial formal é o desejo da grande parte dos trabalhadores num País de baixa tecnologia na área de serviços. 

Santo André é o Município da região que mais emagreceu no mercado formal de trabalho industrial. A enxurrada de empregos principalmente nos setores de comércio e serviços, à falta de ocupação de melhores salários, está levando a região a sistemáticas quebras de participação relativa do emprego no setor de produção. 

Uma das consequências é o que estamos cansados de alertar: nosso PIB (Produto Interno Bruto) está caindo pelas tabelas e muito dificilmente retomará o rumo de avanços sequenciais do passado distante. Mais que isso: deverá registrar mais mergulhos nos próximos anos. 

Queda de 25% em 14 anos 

A participação de trabalhadores industriais no conjunto de atividades da Província do Grande ABC foi rebaixada em 12,43 pontos percentuais (ou 25%) durante o período que começa em primeiro de janeiro de 2003 (quando Lula da Silva tomou posse em Brasília) e termina em dezembro de 2016. Já na média brasileira, que considera os resultados de todos os municípios, houve queda de participação de apenas metade da registrada na Província: 6,14 pontos percentuais, quociente da divisão da participação de 23,45% em janeiro de 2003 e de 19,02% em dezembro do ano passado. Em termos percentuais a queda foi de 18,89%. 

Sempre considerando os dados do Ministério do Trabalho, a Província do Grande ABC contava com 183.611 empregos industriais com carteira assinada em dezembro de 2002 e 511.798 quando se contam profissionais de todas as atividades. Ou seja, a participação dos trabalhadores industriais era de 35,88%. Catorze anos e dois governos petistas depois, a Província contava com participação de 25,16%, num universo de 200.794 profissionais com carteira assinada na indústria de transformação e 747.740 em todas as atividades econômicas. 

Os números nacionais são mais robustos. Em 2002 foram contabilizados 5.085.419 empregos industriais formais e 21.687.889 em todas as atividades. Catorze anos depois o estoque registrava 7.302.202 empregos industriais e 38.377.256 no conjunto dos empregados. Ou seja: enquanto o emprego industrial na Província do Grande ABC aumentou 8,55% e o emprego geral 31,57%, no âmbito nacional a evolução do emprego industrial chegou a 30,35% do emprego geral a 46,10%. 

Dois municípios bem abaixo

Santo André e Ribeirão Pires são os casos regionais de maior esqualidez do emprego industrial com carteira assinada. Antiga capital industrial da região, Santo André perdeu o trono há muito tempo, a partir da chegada da Rodovia Anchieta e, em seguida, da Rodovia dos Imigrantes e do trecho sul do Rodoanel. Há em Santo André apenas 13,97% trabalhadores industriais formalizados no conjunto de atividades. Ou seja: para cada grupo de 100 trabalhadores, apenas 13,9% estão relacionados ao setor de transformação industrial. Um pouco abaixo de Santo André, Ribeirão Pires conta com 13,42% de trabalhadores industriais. Em dezembro de 2002 Santo André registrava 11 pontos percentuais acima, com participação relativa de 24,87% dos trabalhadores industriais. Em Ribeirão Pires, naquela data, 47,61% batiam cartão nas fábricas.

Capital econômica da região, São Bernardo ainda conta com número expressivo de trabalhadores industriais no conjunto do mercado formal. São 31,02%. Entretanto, quando Lula da Silva assumiu a presidência da República,  a marca era bastante superior: 41,69%. A perda de mais de 10 pontos percentuais foi uma combinação de quebra de empregos industriais formais e explosão de empregos no comércio e em serviços, principalmente.

Diadema também já foi mais poderosa no número de trabalhadores nas fábricas. Em dezembro de 2002 apontava 63,53%, mas 14 anos depois caiu para 48,76%. Mauá era menos industrializada no mercado de trabalho que Diadema, mas também sofreu duro impacto durante o período petista na presidência da República: caiu de participação relativa de 48,91% para 35,11%. 

São Caetano e Rio Grande da Serra são exceções de rebaixamento do emprego industrial em confronto com as demais atividades no mercado de trabalho formal. A pequena Rio Grande da Serra aumentou de 36,29% para 49,21% a força do emprego no setor de transformação, enquanto São Caetano subiu de 15,08% para 22,50% no mesmo período. 

São Bernardo na liderança

Em números absolutos,  São Bernardo segue liderando o universo de empregos industriais formais na região. Em dezembro último contabilizava 76.917 carteiras assinadas ante 75.430 em dezembro de 2002. Quando se divide o total de trabalhadores industriais de São Bernardo pelo total da Província do Grande ABC chega-se à média de 38,30%. É a maior parcela regional. 

Diadema ocupa a segunda posição com estoque de 43.729 no final do ano passado, ou 21,78% da região. Santo André ocupa a terceira posição com 26.455 profissionais nas fábricas, ou 13,17% do total regional. Resultado semelhante ao de São Caetano, com 24.283 trabalhadores e participação regional de 12,09%. 

Muito próximo dos dois municípios está Mauá, com estoque de 21.161 carteiras assinadas na indústria, ou 10,54% do total da região. Ribeirão Pires conta com participação no estoque regional de apenas 6.622 empregos industriais, que significam 3,30% do total do setor na região. Já Rio Grande da Serra com seus 1.627 trabalhadores industriais representa apenas 0,08% do total da atividade na região. 



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