Economia

Cemitério vertical em
vez de shopping na região

DA REDAÇÃO - 05/02/1997

O primeiro cemitério vertical da Região Metropolitana de São Paulo está sendo erguido no Grande ABC. Trata-se do Phoenix Memorial, em construção no número 5.000 da Avenida Lauro Gomes, em Santo André, proximidades do acesso a São Caetano e São Bernardo. Quando o projeto estiver materializado, o que levará de cinco a oito anos, o Phoenix Memorial terá acumulado R$25 milhões em investimentos, oito andares e capacidade para 40 mil túmulos. 

Como segue cronograma de fases modulares, o empreendimento entrará em operação neste primeiro trimestre, com a conclusão de uma parte do primeiro andar, para mil túmulos. José do Nascimento, ex-executivo da indústria automobilística, está investindo no Memorial Phoenix com mais 14 empreendedores e um grupo de empresas formado pela Construtora Vespori, localizada no Alto de Pinheiros; Avantec, sediada em Alphaville e especializada em estruturas metálicas e Nylok, que detém tecnologia de aplicação de nylon em parafusos e porcas. 

Com os cerca de R$ 25 milhões que desembolsará, incluindo o terreno de 10 mil metros quadrados, o grupo de investidores poderia ter optado por criar um shopping center, empreendimento mais comum e aparentemente menos arriscado. Eles ficaram em dúvida entre a construção de supermercado, de conjunto de apartamentos populares, ou de armazém de cargas. Descartaram  todas essas alternativas. "O Grande ABC tem 12 cemitérios, dos quais dois particulares e 10 públicos, e quase todos ocupados. Entramos em contato com os prefeitos da região e descobrimos que não há projetos de novos cemitérios públicos. Isso nos encorajou" -- explica José do Nascimento.

Racionalizando espaço

A opção vertical foi por questão de racionalidade. "Seria necessária área de 130 mil metros quadrados para cemitério-parque com a capacidade do Phoenix Memorial, cujo prédio terá base de cinco mil metros quadrados" - explica. José do Nascimento afirma que existe cerca de uma dezena de cemitérios verticais no Brasil, a maioria no Rio Grande do Sul, e apenas um no Estado de São Paulo, em Santos. Nos países do Primeiro Mundo são largamente utilizados. "E serão cada vez mais no Brasil, como alternativa à escassez de áreas urbanas" - destaca o engenheiro civil Antonio Benedicto Pinto, gerente comercial. 

O projeto do Phoenix Memorial incorpora infra-estrutura completa de serviços para amparar a família em momento tão delicado. O pavimento térreo, ou lobby, centralizará oito velórios, cada qual com um quarto e banheiro privativo em anexo. Terá também lanchonete 24 horas, uma capela e uma sala-de-estar. Tudo em composição com jardim natural e espelhos dágua. Três velórios estarão prontos para a inauguração da primeira fase. O projeto, assinado pelo arquiteto Carlos Bratke, muito conhecido pelos edifícios da Avenida Luís Carlos Berrini, em São Paulo, causa ilusão de ótica. Quem vê a maquete pensa tratar-se de shopping ou hotel de luxo.

Nos oito pavimentos superiores ficarão os lóculos, ou jazigos, como são chamados os espaços para túmulos nos cemitérios convencionais. Cada pavimento terá quatro metros de altura e seis níveis de lóculos, num total de cinco mil por pavimento. Benê explica que cada lóculo será alimentado por moderno sistema de aeração e extração de ar. A aeração permite a entrada de oxigênio e é necessária à decomposição do corpo. Já a extração funciona com um exaustor, que trata os gases decorrentes da decomposição antes de liberá-los ao meio ambiente. 

Nascimento e Benê listam série de vantagens do cemitério vertical sobre o modelo convencional. Umas das mais importantes é de apelo ecológico. Pelo fato de os corpos ficarem acima e não abaixo do nível da terra, elimina-se o risco de contaminação dos lençóis freáticos. "Nos Estados Unidos, os cemitérios convencionais que existem são obrigados a envolver caixões em ataúdes de fibra de vidro para evitar a contaminação do meio ambiente" - destaca Nascimento. 

Há outras vantagens, como a possibilidade de sepultamentos em dias de chuva  e a qualquer horário, já que o Phoenix Memorial funcionará ininterruptamente. "O prédio será resguardado por seguranças, o que evitará violação de túmulos e assaltos a velórios. Também é importante o aspecto de higiene e limpeza. Os visitantes não terão contato algum com terra" - acrescenta.

A forma de comercialização também é diferente. Nos cemitérios-parques, não se pode comprar apenas um jazigo, mas sim o conjunto. No Phoenix Memorial será possível adquirir unidades avulsas e ainda utilizar o recurso da locação, mínima de três anos, conforme legislação. As vendas só terão início quando parte da primeira fase estiver pronta.



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