Economia

Turismo começa
com chocolate

WALTER VENTURINI - 13/09/2005

Sete anos após ter se transformado em estância turística, Ribeirão Pires dá sinais de que identificou um caminho para consolidar a vocação garantida por lei. A iniciativa de transformar o Festival do Chocolate em vitrine da produção caseira de doces artesanais mostrou que é possível movimentar a economia local com receita que requer mais atitude do que recursos. 


Ao optar pela valorização dos empreendedores locais, Ribeirão Pires criou característica importante para ter o nome associado a um dos produtos mais apreciados do Planeta e para formar núcleo de produção gastronômica com potencial de ultrapassar as fronteiras municipais. 


Mesmo que o R$ 1 milhão gasto por 135 mil visitantes em nove dias de festa seja a prova de que santo de casa também pode fazer milagre, o desafio é bem maior do que simplesmente aumentar essa cifra. 


Calendário turismo 


A festa já entrou para o calendário turístico, mas até que chegue o inverno do próximo ano a Prefeitura terá de manter mobilizado o grupo de 30 empreendedores entre chocolateiras, comerciantes e artesãos que abraçaram a idéia inicial. “Somente o incentivo à produção local pode criar comprometimento para que o Festival seja perene, independente da vontade de quem esteja no poder. Por isso, temos de criar ações para eliminar sazonalidade, aquela sensação do que fazer e para quem vender até a próxima festa” — explica o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Marcelo Menato. 


A Prefeitura planeja atuar em duas frentes. Uma está relacionada à profissionalização dos empreendedores. Dois cursos com 20 horas-aula cada do “Aprender a Empreender” já foram programados para este mês. As aulas serão ministradas pelo Sebrae no auditório da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Pires, uma das principais parceiras da Prefeitura no projeto de desenvolvimento do turismo.


Os cursos funcionam como preparação à implantação de incubadora ou de núcleo de produção de doces caseiros. A Prefeitura planeja oferecer espaço para as empresas trabalharem durante período pré-determinado e está em contato com a Agência de Desenvolvimento Econômico e contabilistas, entre outras instituições, para buscar apoio, principalmente de consultores especializados. 


Cronograma de obras


Também está em andamento cronograma de obras financiadas pelo Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias) formatado para criar roteiro permanente de visitação gastronômica. A idéia é criar a Rua do Doce e espaços qualificados para a venda de comida na Praça Central, além de souvenirs variados — todos identificados com a marca de Ribeirão Pires. “Tudo para valorizar e dar oportunidade a quem está estabelecido no Município” — reafirma Marcelo Menato. 


A chocolateira Maria Helena di Luca espera pela oportunidade de frequentar o curso. Ela começou a produzir biscoitos há oito anos e convive diariamente com os altos e baixos de comandar uma pequena empresa. Tem de cuidar da produção, das vendas e da administração e não tem tempo para buscar qualificação fora da cidade. “Estar atualizada com a legislação, principalmente a de alimentos, é fundamental para o meu negócio” — considera a empreendedora que dividiu a barraca com duas doceiras e, mesmo assim, comercializou cerca de 300 quilos de biscoitos durante os nove dias do Festival do Chocolate. 


Medição


A disposição da Prefeitura de utilizar a produção artesanal para impulsionar o turismo está em sintonia com o perfil do visitante que Ribeirão Pires pode acolher com segurança. Como a estrutura de hospedagem é tímida, ainda não é possível sonhar com roteiros que ultrapassem um final de semana nem com turistas de cidades mais distantes. 


Pesquisa de origem e destino realizada pelo MP/BR durante o Festival do Chocolate mostrou que maioria veio do Grande ABC, da Capital e cidades próximas da Grande São Paulo. “São pessoas que procuram opções diferentes para um dia de lazer em companhia de família e amigos” — acredita o presidente da Associação Comercial, Ricardo Nardeli Júnior. 


O estudo também mediu o nível de satisfação. O questionamento teve perguntas fechadas com avaliação de zero a 10. O Festival do Chocolate conseguiu média acima de oito nos quesitos localização, infra-estrutura, decoração, variedade de pratos e de bebidas, além de atendimento, organização e programação de shows. 


Estacionamento e tempo de espera nas filas das barracas de alimentação obtiveram notas mais baixas. Os entrevistados também foram convidados a falar sobre os pontos positivos da festa. Elogiaram a iniciativa e a segurança do evento, nessa ordem. Não foram registradas ocorrências policiais. A festa teve entrada franca, mas os visitantes passaram pelo detector de metais para ter acesso.  


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