Durante 12 dos 14 anos já apurados da gestão petista no governo federal (ainda faltam 2015 e 2016, que serão conhecidos em dezembro deste ano e em dezembro do ano que vem) a atividade que mais produz riqueza não perdeu apenas para o setor de serviços, que agrega pouco valor à sociedade por conta do perfil de baixa inserção econômica. Também a máquina do Estado, como poderia ser definido o PIB da Administração Pública com os impostos genuinamente locais, casos de IPVA, ITBI, IPTU e ISS, superou o PIB Industrial. Em termos relativos, a evolução de arrecadação de impostos municipais foi muito maior que o crescimento do valor adicionado industrial.
Nos governos de Lula da Silva (a partir de janeiro de 2003) e de Dilma Rousseff (até dezembro de 2014) o PIB da Administração Pública dos sete municípios da região cresceu em termos nominais, sem considerar a inflação, 230,58%, enquanto o PIB Industrial registrou 129,92%, como mostramos em análise publicada na edição de ontem. A inflação do período medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 194,04%, superando em muito o PIB Industrial e se aproximando do PIB da Administração Pública.
Tomando-se como exemplo para confronto com a Província do Grande ABC o PIB da Administração Pública e o PIB Industrial do Estado de São Paulo, tem-se clara assimetria. Os mais de 600 municípios paulistas apresentaram no mesmo período de governo petista crescimento nominal de 257,95% no PIB da Administração Pública e de 189.09%% no PIB Industrial. Houve, como se observa, significa vantagem de crescimento relativo do PIB da Administração Pública no período. E mesmo assim, abaixo da pronunciadíssima queda comparativa do PIB Industrial da região. Vivemos o que poderia ser chamado de descompasso em relação ao perfil do Estado de São Paulo.
Poderio administrativo
Se é possível um diagnóstico simples, embora não simplificado, da diferença que separa as duas atividades ao longo de quase uma década e meia, talvez o melhor mesmo seja afirmar que o poderio bélico de impostos dos municípios da região superou em larga escala o frágil crescimento do PIB Industrial. Nada que não tenha no horizonte uma perspectiva ainda mais inquietante, porque não estão contabilizados os desastrosos PIBs de 2015 e 2016. Provavelmente perderemos quase o dobro da média do PIB Geral do País. Nossa Doença Holandesa Automotiva não pode ser minimizada.
Já se os cálculos envolvendo a região forem feitos em cima do PIB Geral, que reúne todas as atividades econômicas mensuradas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a diferença a favor do PIB da Administração Pública é menos ostensiva: contra os 230,58% calculados entre a largada dos estudos e a fita de chegada estão os 206,25% do PIB Geral. A redução da diferença serve de consolo, mas também de alerta. O tônus industrial da região reflui irrefreavelmente.
Estado equilibrado
No caso do Estado de São Paulo, o PIB Geral (de todas as atividades econômicas) cresceu nominalmente durante o período 258,12%, praticamente empatado com o PIB da Administração Pública de 257,95%. Ou seja, bem diferente do desequilíbrio dos sete municípios da região. Os paulistas, portanto, não conheceram na média geral a gangorra da região que até o começo dos anos 2000 era o segundo polo econômico mais importante do Estado de São Paulo. Nestes meados da segunda década dos anos 2000 a Província do Grande ABC perde para a chamada Grande Osasco (Osasco, Barueri e outros municípios beneficiados com o trecho oeste do Rodoanel Mário Covas) na Região Metropolitana de São Paulo e também já foi superada largamente pela Grande Campinas, que reúne 19 municípios.
Não é preciso ser especialista em economia para, diante dos números do PIB da Administração Pública, do PIB Industrial, do PIB Geral e do PIB de Serviços dos municípios da Província do Grande ABC, detectar-se a fragilidade do desenvolvimento econômico.
Ultrapassando limites
Quando o PIB Industrial, carro chefe da região durante décadas, perde na média geral inclusive para o avanço das receitas das prefeituras tudo indica que a situação ultrapassou os limites do razoável e que a indolência das instituições econômicas, sindicais e de gestão pública da região é a resposta mais cruel à sociedade.
Há dupla e insidiosa operação de enfraquecimento do tecido econômico da região nas duas últimas décadas, cujos efeitos se expandem e parecem não ter limites. A conjunção de desindustrialização e de avanço da carga tributária dos municípios instala a competitividade regional longe dos patamares básicos que os especialistas consideram saudáveis à atratividade de investimentos.
A lógica é que a cada ano que passa teremos mais atividades de serviços de baixo valor agregado e consequentes salários reduzidos, mais peso de impostos municipais, menos geração de riqueza industrial em forma de valor adicionado e declínio permanente do PIB Geral. Não à toa a Província do Grande ABC experimenta a cada ano menor representação no PIB Geral do País. Os números de 2014 exibiram o menor percentual da história. Ou seja: somos cada vez menos importante no conjunto nacional.
Valores equivalentes
Não existe praticamente diferença entre o desempenho do PIB da Administração Municipal e o PIB Geral dos municípios da região nos 12 anos dos governos petistas apurados com base nos dados oficiais do IBGE, ao contrário, portanto, do que se registra com o cambaleante PIB Industrial.
Diadema cresceu nominalmente no primeiro indicador (PIB da Administração Pública) 252,57% contra 220,32% do segundo (PIB Geral). Os demais municípios: Mauá, 225,58% contra 191,51%; Ribeirão Pires, 279,42% contra 264,40%; Rio Grande da Serra, 292,06% contra 259,89%; Santo André, 252.33% contra 230,25%; São Bernardo, 187,35% contra 210,58% e São Caetano, 278,17 contra 155,08%.
Em termos de confronto de valores monetários que se desdobram em valores relativos, em 2002 o PIB da Administração Pública representava 7,09% do PIB Geral dos sete municípios da região, enquanto 12 anos depois aumentou para 7,65%. Quem registra em termos relativos o maior PIB da Administração Pública e do PIB Geral é São Bernardo, Capital Econômica da região. Dos R$ 47.551.620 bilhões do PIB Geral de São Bernardo em 2014, R$ 2.704.561 bilhões integravam o PIB da Administração Pública. Uma participação de 5,68%, abaixo da média regional de 7,65%.
O PIB da Administração Pública de São Bernardo representava 29,40% do PIB da Administração Pública dos sete municípios locais ao final de 2014, enquanto o PIB Geral era muito superior, com 39,56%, acima do PIB de Serviços, que registrou participação de 37,92%.
São Bernardo despenca
Mesmo acima dos demais PIBs setoriais, o PIB Industrial de São Bernardo despenca em números absolutos quando considerada a inflação do período e também em termos relativos ante os demais setores. Quando forem conhecidos os resultados do PIB dos Municípios Brasileiros dos dois últimos anos, os resultados de São Bernardo, movida a indústria automobilística, serão estrondosamente decepcionantes. E a participação relativa do PIB Industrial deverá sofrer forte impacto em termos locais e regionais.
Segunda economia mais importante da região, Santo André apresentou crescimento nominal do PIB da Administração Pública de 252,33% nos 12 anos petistas contados a partir de 2003, enquanto o PIB Geral avançou 230,25%, o PIB Industrial 133,48% e o PIB de Serviços 330,25%. Como se observa, os números deixam evidenciados os desequilíbrios setoriais da antiga Capital da região.
Há flutuações demais entre os resultados do PIB de Serviços e o PIB Industrial, por exemplo, na Província do Grande ABC. Já entre o PIB de Administração Pública e o PIB Geral há números relativos assemelhados. O PIB de Serviços disparou, mas o resultado não influenciou os números gerais a ponto de corrigir a rota de perdas.
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