Economia

São Caetano perde
30% em 10 anos

DANIEL LIMA - 05/11/2000

São Caetano é o Município que mais potencial de consumo perdeu nos últimos 10 anos no Grande ABC e só é superado por Sumaré em todo o Estado de São Paulo. A conclusão faz parte de nova análise da economia regional elaborada por LivreMercado, desta vez com suporte de dados da Target Pesquisas e Serviços de Marketing, empresa com sede em São Paulo que desenvolveu este ano mais uma rodada da Pesquisa Brasil Em Foco 2000, um coquetel de indicadores econômicos e sociais que instrumentaliza investimentos empresariais. São Caetano desabou no ranking estadual: está em 21º lugar na classificação estadual, com perda de 30% em relação aos dados de 1991 da Target.

O resultado negativo de São Caetano não é  exceção no Grande ABC. São Bernardo foi o Município da região que menos perdeu -- apenas 0,68% no comparativo entre 1991 e 2000. Santo André, que sofreu nos últimos 25 anos a maior baixa estadual de ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), outro indicador utilizado por LM para avaliações sobre a economia do Grande ABC, refluiu 19% nos últimos 10 anos em potencial de consumo. Mauá perdeu discretos 0,11%, mas o desempenho de Diadema é comprometedor, com baixa de 13%. Ribeirão Pires perdeu 3,8% enquanto Rio Grande da Serra cresceu 9,4%. 

Quando 2000 terminar, o Grande ABC terá emagrecido, em termos nacionais, US$ 2.652 bilhões na capacidade de gerar riqueza, segundo explica Marcos Pazzini, diretor da Target. Ele confirma reportagem de março de LM, quando se constatou que o Grande ABC perdeu 21,5% de potencial de consumo nos 10 últimos anos no mercado nacional. A participação anunciada do Grande ABC no bolo do IPC Nacional da Target é de 2,28%, contra 2,9% de 1991. Considerando os sete municípios locais, o Grande ABC está atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto, a posição seria menos nobre se forem levadas em conta as áreas metropolitanas de Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.  Já em termos estaduais, o Grande ABC caiu de 8,038% registrado em 1991 para 7,764% em 2000, uma diferença de 3,5%. 

Capital na liderança

O Índice de Potencial de Consumo da Target para o Estado de São Paulo mostra a liderança da Capital com 34,54%. Entretanto, a vantagem de São Paulo já foi muito maior, porque no início dos anos 90 contabilizava 44,87%. Com o decréscimo paralelo do Grande ABC, que forma com a Capital o principal peso econômico da Grande São Paulo, quem absorveu parte das perdas foi o Interior de São Paulo. Mesmo assim, os resultados gerais do Estado não são satisfatórios. Até Campinas caiu no ranking, embora tenha mantido o segundo lugar: de 4,08% registrados em 1991, baixou para 3,48% em 2000. De maneira geral, os municípios paulistas apresentaram queda de IPC principalmente porque o potencial de consumo do Estado de São Paulo foi rebaixado no ranking nacional. Em 1991 os paulistas contavam com IPC de 34,330%, contra 31,485% em 2000. Diferença negativa de 9%. Esse é um dos resultados mais visíveis da descentralização industrial por causa da guerra fiscal. 

O balanço da Target, explica Marcos Pazzini, tem o suporte de instituições oficiais de informações, casos do IBGE, Fundação Seade e FGV, entre outras. "No trabalho de atualização anual dos dados do Brasil em Foco, procuramos sempre agregar inovações tecnológicas e informações que julgamos ajudar os clientes" -- afirma Pazzini. "O desenvolvimento do estudo baseou-se em dados disponíveis do Censo de 1991, Contagem da População de 1996, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1996, 1997 e 1998, Pesquisa de Orçamentos Familiares 1996, Contas Consolidadas da Nação 1997 e 1998 e das pesquisas inter-censitárias, sobretudo as realizadas sobre o padrão de consumo da população brasileira e estimativas de população de cada Município em 1997, 1998 e 1999" -- detalha o diretor sobre a metodologia aplicada.



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