São Caetano já não é mais a líder brasileira de potencial de consumo per capita e o Grande ABC sofreu duro rebaixamento de 10,52% no IPC (Índice de Potencial de Consumo). As duas constatações, que comparam dados anualizados de 1997 e de 1999, fazem parte da nova rodada da pesquisa Brasil em Foco 99, Índice Target de Potencial de Consumo, estudo que apresenta informações detalhadas sobre cada um dos municípios brasileiros. A base de dados é atualizada anualmente pela Target Pesquisas e Serviços de Marketing, empresa comandada por Marcos Pazzini, com suporte em coletas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) e de outras instituições.
Considerada a capital da qualidade de vida do Grande ABC, São Caetano está acusando as dores das perdas industriais (o consumo de energia elétrica no setor caiu 45% entre 1990 e 1998) e também de falta de alternativas mais consistentes nas áreas de comércio e serviços (as receitas do ICMS sofreram queda de 32% entre 1982 e 1998). Em 1997, segundo a Target, o Município apresentou potencial de consumo per capita anual de US$ 7.202, contra US$ 5.041,68 projetados para este ano. Uma queda de 30%. Os novos números colocam São Caetano em quarto lugar no ranking nacional, atrás de Porto Alegre (US$ 5.540,78 por morador), de Florianópolis (US$ 5.310,07) e de Niterói (US$ 5.075,39) e um pouco acima da quinta colocada, Santos, com US$ 5.031,01 por habitante.
Perdas relevantes
Nos estudos relativos a 1997, os sete municípios do Grande ABC acumulavam 2,52% de participação no potencial de consumo total do País, o que correspondia a US$ 12,122 bilhões do total de US$ 481 bilhões dos gastos dos brasileiros. Já para este ano a previsão do potencial de consumo atinge US$ 391 bilhões e a participação relativa do Grande ABC alcança 2,28%, o que corresponde a US$ 8,93 bilhões. A diferença significa menos US$ 3,1 bilhões em relação a 1997. Traduzindo os números em termos práticos, o Grande ABC vai consumir este ano US$ 1,3 mil per capita a menos em relação a dois anos, resultado da divisão do diferencial para baixo em dólar pela população estimada de 2,323 milhões.
Tanta diferença em valores não se explica apenas em razão das efetivas perdas econômicas da região ao longo dos últimos anos por causa do esvaziamento industrial de que tem sido vítima pela intensificação da guerra fiscal, e também dos rombos provocados pela abertura dos portos no início da década. Pesa também a desvalorização do real frente ao dólar no início deste ano. Marcos Pazzini explica que os estudos de 1997 obedeceram à paridade de R$ 1 para cada US$ 1, enquanto que as bases de 1999 consideram a proporção R$ 1,55 para cada US$ 1.
Rastro da Capital
As perdas conjuntas dos municípios do Grande ABC estão sincronizadas com o processo de queda relativa do potencial de consumo da Capital de São Paulo no ranking nacional. Em 1997, São Paulo liderava o ranking com 13,26% de participação, o que correspondia a um potencial de consumo total de US$ 63,03 bilhões. Já os dados anualizados de 1999 apontam participação de 10,9% no consumo total do País, traduzido em US$ 42,6 bilhões. Uma diferença de US$ 20,43 bilhões.
Os estudos da Target comprovam a redução das perdas da economia do Rio de Janeiro, principalmente por força de investimentos na área de infra-estrutura industrial. Os cariocas estão sofrendo menos que os paulistanos na descentralização da produção, principalmente em direção aos Estados do Sul e Nordeste. Em 1997, a Capital fluminense ocupava o segundo lugar no ranking nacional com IPC de 6,76%, contra 5,97% de 1999. A queda de 13,23% no período é bem inferior à de São Paulo (21,6%). A Capital que apresentou maior crescimento no período é Curitiba, que subiu do IPC de 1,75% em 1997 para 1,92% em 1999, principalmente por força dos desdobramentos da consolidação do pólo automotivo em seu entorno. A ascensão de Curitiba não foi acompanhada pelo crescimento relativo de Belo Horizonte, cujo IPC caiu de 2,15% em 1997 para 1,97% em 1999. Com isso, apesar da queda, o Grande ABC continua a ocupar a terceira posição no campeonato de potencial de consumo, atrás das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Dois entre 35 maiores
Dois municípios do Grande ABC constam da lista dos 35 maiores IPCs do País, segundo os dados da Target. São Bernardo está em 13º lugar e Santo André em 15º. Na tabela de 1997, São Bernardo ocupava o 12º posto e Santo André o 16º. Embora tenha registrado queda no IPC, Santo André trocou de posto na classificação com Belém do Pará, mais atingida por perdas. Já no ranking do Estado de São Paulo, apenas Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, da região, não constam da relação dos 35 maiores IPCs paulistas. São Bernardo é quarta colocada no Estado, Santo André quinta, Mauá 15ª, Diadema 18ª e São Caetano 25ª. Depois da líder São Paulo, vêm Campinas e em seguida Guarulhos. A lista das 10 maiores se completa, a partir do sexto lugar, com Osasco, Santos, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Sorocaba.
O estudo Brasil em Foco 99 contempla o potencial de consumo das populações urbanas e rurais e traz dados demográficos de todos os municípios, Estados e total Brasil. A atualização do estudo levou em consideração a classificação dos domicílios segundo o novo Critério de Classificação Econômica desenvolvido pela ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), Anep (Associação Nacional das Empresas de Pesquisa) e Abipeme (Associação Brasileira dos Institutos de Pesquisa de Mercado), em vigor desde agosto de 1997 e que já incorpora a nova realidade econômica criada pelo Plano Real.
Marcos Pazzini, morador de São Bernardo, explica que os estudos são instrumento de marketing para empresas que pretendem dispor de meio rápido e seguro para embasar planejamentos estratégicos. O desenvolvimento do estudo baseia-se nos dados disponíveis do Censo de 1991, Contagem da População de 1996, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 1996, Pesquisa de Orçamentos Familiares 1996, Contas Consolidadas da Nação 1997 e 1998 e das pesquisas intercensitárias, sobretudo as realizadas sobre o padrão de consumo da população brasileira e estimativas de população de cada Município em 1997 e 1998.
A atualização da população foi elaborada com base na taxa de crescimento demográfico verificada em cada Município brasileiro no período de 1991 a 1996. O resultado da projeção da população de cada cidade para 1999 foi confrontado com a projeção oficial do IBGE para 1997 e 1998, a fim de corrigir eventuais distorções de taxas de crescimento demográfico exageradas.
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