Os números ainda estão sendo tabulados e analisados, mas tudo indica, com base em novos índices de São Caetano e de São Bernardo, que o Grande ABC deverá recuperar parte das perdas cumulativas registradas a partir de 1989 pelo Índice Nacional de Potencial de Consumo da Alpha Assessoria e Pesquisa, a mais tradicional empresa do setor no Estado. Depois de apresentar desempenhos diferentes em três etapas do trabalho, com ganhos discretos entre 1982 e 1986, perdas profundas entre 1989 e 1993 e empate entre 1994 e 1995, o Índice de Potencial de Consumo da região deverá beneficiar-se da inclusão de novas variáveis sócio-econômicas do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Os dados preliminares anunciados por Gerson Danelli, diretor da Alpha, envolvem apenas São Caetano e São Bernardo. O resultado é reconfortante para São Caetano, cujos indicadores desabavam desde 1982, quando alcançou índice nacional de 0,350%. Nos períodos seguintes de pesquisa, São Caetano foi perdendo terreno. Caiu para 0,310% em 1986, para 0,296% em 1989, para 0,188% em 1993 e para 0,157% em 1995. Agora, segundo Danelli, São Caetano deu salto de 17% de crescimento, atingindo participação relativa de 0,184% no Índice de Potencial de Consumo, número semelhante ao de 1993. Já São Bernardo, cuja performance mesclou crescimento e queda no período da pesquisa iniciada em 82, aumentou participação relativa em 2,4% e atinge 0,581% contra 0,567% de 1995.
Gerson Danelli acredita que até o final deste mês terá todos os dados relativos aos mais de cinco mil Municípios do País. Ele reclama dos desmembramentos territoriais incentivados pela Constituição promulgada em 1988. "Foram criados mais de 600 novos Municípios e isso tem atrapalhado os estudos do IBGE, principal fonte de informações para processamento da nossa metodologia"-- explica.
Perdas de São Caetano
Cuidadoso, Danelli prefere não extrapolar para os demais Municípios do Grande ABC os resultados positivos de São Caetano e de São Bernardo. Também por isso não arrisca eventual lista de razões que teriam determinado a perda de participação relativa de São Caetano no potencial de consumo nacional desde 1982. Sem contar o anunciado crescimento entre 1996 e 1997, São Caetano sofreu baque de 129% no período de 15 anos. Danelli, que divulgou aqueles dados com exclusivamente para LivreMercado da edição de outubro, concorda que uma das possíveis justificativas para a queda é o fato de São Caetano reunir proporcionalmente a segunda população mais idosa do Estado, atrás apenas de Santos. Aposentados e pensionistas perderam muito do poder de consumo diante do processo de emagrecimento dos valores atuariais.
Sem arriscar eventual confirmação da tendência de recuperação de posições do Grande ABC, cuja explicação principal pode ser o avanço da oferta de produtos e serviços e a inclusão de novos medidores sócio-econômicos, o diretor da Alpha Assessoria e Pesquisa explica que o acréscimo de variáveis de análise torna os estudos ainda mais confiáveis. Nos estudos que estão sendo desenvolvidos, a Alpha conta com novos indicadores do IBGE. Em vez de 10 quesitos sócio-econômicos, agora são 15. Além dos tradicionais aspectos como geladeiras, televisores, telefones, energia elétrica, água, esgoto, coleta de lixo, número de banheiros, grau de instrução do chefe de família e renda mensal em cada um dos domicílios pesquisados pelo IBGE, acrescentam-se televisores a cores, geladeira, freezer, eletricidade e telefone.
Os indicadores econômicos do IBGE são um dos vetores que dão suporte técnico-científico à pesquisa da Alpha. Também são consideradas a população e as vendas a varejo em cada Município.
O desempenho de Santo André é aguardado com expectativa. Depois de São Caetano, foi o Município da região que mais perdas sofreu no Índice de Potencial de Consumo da Alpha. No período entre 1982 e 1995, Santo André caiu 47,7% na participação relativa nacional.
O Grande ABC apresentou na última pesquisa da Alpha participação conjunta de 1,773% no Índice Nacional de Potencial de Consumo, atrás de São Paulo (9,448%), Rio de Janeiro (5,606%) e Belo Horizonte (2,012%). O ranking difere do produzido pela Target Pesquisas que, recentemente, classificou o Grande ABC em terceiro lugar, com participação de 2,52%. Esses 42% de diferença podem se estreitar com a nova metodologia da Alpha, possível apenas, segundo Danelli, porque o IBGE oferece novos indicadores.
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