Economia

Uma dívida impagável
do Estado e da região

DANIEL LIMA - 01/12/2008

Uma dívida impagável que deve ser atribuída tanto aos prefeitos atuais do Grande ABC quanto, principalmente, ao governo do Estado coloca o trecho sul do Rodoanel como centro de limitações econômicas. Tanto os governadores Mário Covas como Geraldo Alckmin e agora, com menor intensidade e responsabilidade, José Serra, praticamente nada fizeram para acrescentar aos aspectos logísticos e ambientais estratégia desenvolvimentista compatível com implicações do traçado. 

Prefeitos do Grande ABC, sempre de olho no próprio umbigo municipal, nenhuma ação moveram para lembrar o governo do Estado que a maior obra viária dos últimos 30 anos no País não poderia se esgotar na concepção viária, de remanejamento do trânsito caótico da Grande São Paulo engarrafada e ensandecida. Era preciso planejar e executar medidas de influência econômica, definindo-se áreas para atividades que pudessem reduzir o ainda recorrente êxodo produtivo em direção a outras regiões do Estado. 

Ao contrário, tanto as administrações municipais quanto o governo do Estado permitiram, pela ausência de interesse de enxergar o bolo inteiro, que a especulação imobiliária alcançasse proporções pantagruélicas. O mercado imobiliário metropolitano viveu período de completo desvario nos últimos anos, a ponto de, à escassez de áreas, promoverem-se verdadeiros leilões na substituição de plantas industriais por projetos residenciais. A situação só comprova a baixa capacitação técnica de instâncias do Estado para irem além do feijão com arroz nestes tempos em que a competitividade mundial das metrópoles exige receituário muito mais amplo. 

Festejos políticos 

Apesar desse buraco imprevidente que se abre na geografia metropolitana, o que frequentará com maior intensidade a mídia nos próximos tempos serão os festejos de abertura do trecho sul, que abrangerá o Grande ABC. Com dois terços da obra concluídos, o governo do Estado já anunciou que pretende encurtar ainda mais o prazo de inauguração: em vez de março de 2010, a previsão agora é dezembro de 2009. Mais que isso: o tramo Leste, com 40,6 quilômetros que ligarão os trechos oeste e sul às rodovias Dutra, Ayrton Senna e Carvalho Pinto, deverá ter obras iniciadas no primeiro trimestre de 2009. 



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