O início das obras do trecho sul do Rodoanel está previsto para começo de 2004 e até agora não há qualquer planejamento estratégico para a ocupação econômica do entorno. A constatação da newsletter CapitalSocial Online é reconhecida agora pelo Consórcio Intermunicipal de Prefeitos e Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, que pretendem correr atrás do tempo perdido e iniciar discussões sobre um Plano Econômico Regional que contemple as alterações a serem provocadas pela obra. Para uma região que sempre se desenvolveu aos trancos e barrancos, o planejamento do impacto do Rodoanel pode ser a forma de redimir o descaso de décadas que caracterizou as administrações públicas locais.
“O aspecto econômico do Rodoanel ainda não foi devidamente avaliado” -- reconhece Paulo Eugênio Pereira, novo secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico de Mauá. “Nunca foi feito estudo mais aperfeiçoado sobre o tema” -- admite Renato Maués, assessor executivo do Consórcio de Prefeitos, um dos maiores entusiastas do projeto. Uma única discussão envolveu até agora Consórcio e Agência sobre o tema Rodoanel. Foi quando Maués apresentou estudo de ligação logística interoceânica entre os portos de Santos, no Brasil, e Antofagasta, no Chile.
O Planejamento Econômico Regional seria um estudo estratégico para todo o Grande ABC, mas os efeitos econômicos do Rodoanel devem ter capítulo central no documento. Tanto Paulo Eugênio como Renato Maués avaliam que ainda há tempo para que a região faça um mapeamento das áreas que podem concentrar investimentos, empregos e dinamismo para a economia da região. Governo do Estado, prefeituras, Consórcio e Agência sabem que o Rodoanel, além de maior empreendimento rodoviário da década em todo o País, pode causar grande impacto à economia brasileira a partir da circulação mais ágil de mercadorias pela Grande São Paulo, maior mercado consumidor do Brasil. Não é difícil imaginar o que a obra representa para o Grande ABC.
Falta amarração
“Falta um documento amarrando tudo” -- afirma Renato Maués. O que deve ser amarrado é nada mais, nada menos que questões como localização do principal centro logístico intermodal -- rodoviário e ferroviário -- do Rodoanel, definição dos tipos de empresas que interessam ser atraídas, áreas onde os empreendimentos podem se instalar, política de criação de empregos e outros pontos fundamentais ao desenvolvimento do Grande ABC.
Paulo Eugênio Pereira acredita que pelo fato de o trecho sul ter apenas dois acessos, pela Via Anchieta e Rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo, e uma conexão com a Avenida Papa João XXIII, serão poucas as variáveis a serem discutidas no planejamento econômico. A rigor, seriam essas as três portas de entrada na região para o desenvolvimento que circularia pelo Rodoanel. A localização da obra entre a área de proteção aos mananciais da Represa Billings e a zona urbana é outro fator que limita a ocupação. “No trecho oeste houve inicialmente intensa especulação imobiliária ao longo da rodovia, mas que depois terminou em função do pequeno número de acessos” -- avalia Paulo Eugênio.
Em 30 quilômetros de extensão, o trecho oeste tem oito acessos. O trecho sul terá 54 quilômetros e apenas dois acessos além da interligação com a Avenida João XXIII, em Mauá. Renato Maués, do Consórcio Intermunicipal, ressalta como de fundamental importância agregar ao projeto do Rodoanel os planos para a passagem do Ferroanel pela região. “Devemos acrescentar uma rubrica sobre o projeto no Plano Plurianual que o governo do Estado está discutindo agora. O Rodoanel já é um fato, mas o Ferroanel ainda é projeto e o Grande ABC precisa dessa obra” -- insiste o assessor do Consórcio de Prefeitos.
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