Não foi por falta de avisos reiterados, enquanto os demais veículos de comunicação se calaram: o PIB (Produto Interno Bruto) do conjunto de sete municípios da região caiu 16,02% em 2015, frente ao ano anterior. A análise foi metabolizada dos dados anunciados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O PIB dos Municípios Brasileiros é divulgado sempre em dezembro e se refere a duas temporadas anteriores. Bem diferente do PIB Nacional, anunciado a cada primeiro trimestre do ano subsequente.
São Bernardo e São Caetano, extremamente dependentes do setor automotivo, desabaram em 2015. E não será diferente no ano que vem, quando for anunciado o PIB dos Municípios de 2016. Sofremos da Doença Holandesa Automotiva, mal que afeta o conjunto da sociedade. A galinha dos ovos de ouro das montadoras e autopeças da região se transformou em transtorno.
Cansamos de alertar, mas as autoridades públicas vivem em berço esplêndido. Dá muito trabalho planejar e executar políticas que pretendam impedir que a nau vá a pique. É mais fácil fazer demagogia com quinquilharias administrativas. Está aí o Clube dos Prefeitos a me consagrar.
Muito mais análises
Como não existe na mídia impressa e digital brasileira uma publicação que reiteradamente analisa o PIB dos Municípios voltaremos nos próximos dias a analisar os resultados anunciados ontem. De imediato, o desastre de 2015 era mais que esperado. A produção automotiva naquela temporada sofreu abalo sísmico, com queda de 22,8%. E as vendas caíram 26,55%. No ano seguinte, que será apurado em dezembro do ano que vem, os estragos serão semelhantes.
Certo mesmo e isso é muito importante para que não se compre gato por lebre é que a economia da Província dos Sete Anões está em frangalhos. Por isso mesmo é inconcebível, por exemplo, que a Administração de Paulinho Serra aumente em valores reais, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) em mais de 50% num período de inflação que não ultrapassa 3% ao ano. Ou que o Clube dos Prefeitos insista em produzir marolas que viram manchetes vazias, ao invés de agir rápido em busca de uma estrutura de valores que permitam o estancamento de uma crise que vai muito além dos números frios do IBGE.
Crise automotiva
A queda de 16,02% do PIB da Província em 2015 foi fortemente influenciada pelos desempenhos de São Bernardo e São Caetano, que vivem do setor automotivo. Mesmo Santo André, beneficiada pelo Polo Petroquímico de Capuava, não escapou aos estragos. São Bernardo perdeu entre 2014 e 2015 nada menos que 16,02% do Produto Interno Bruto. São Caetano caiu um pouco mais, 22,62%. Santo André perdeu 11,33% no mesmo período.
Os demais municípios da região também acusaram golpes, mas muito mais discretos. Quanto menor a dependência automotiva, menos complicações orçamentárias. Sim, complicações orçamentárias, porque PIB é a soma de produção de riquezas.
Os dados que apresentamos já incorporam os valores reais de cada PIB. Ou seja: atualizamos os números do IBGE de 2014 com o índice de 10,67% da inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2015. Em seguida, comparamos o resultado virtual decorrente dos números de 2014 inflacionados pelo IPCA e os comparamos com os números registrados pelo IBGE no PIB de 2015. Assim chegamos aos números reais.
O IBGE corrigiu os números gerais do PIB dos Municípios da região. Em 2014 o resultado geral da região passou a R$ 118.248.024.615 bilhões. Para que a Província mantivesse esse montante sem depreciação alguma, teria de alcançar em 2015 o total de R$ 130.865.089 bilhões. Entretanto, como foi corroída pela crise econômica, que começou no primeiro trimestre de 2014, a Província somou em 2015 um PIB de R$ 111.919.471 bilhões. Uma diferença de 16,02%.
Peso maior e preocupante
São Bernardo continua com o maior peso individual na Província dos Sete Anões. Dos R$ 111.919.471 bilhões do PIB registrado em 2015, participou com R$ 42.745.533 bilhões, ou 38,19%. Fosse o Município o que já desfilou no passado, a liderança econômica na região deveria ser festejada. Mas a história é bem diferente. Quando se afere que só na temporada de 2015, anunciada hoje pelo IBGE em relação ao ano anterior, São Bernardo sofreu um desfalque de quase R$ 10 bilhões no volume do Produto Interno Bruto, o melhor mesmo é se preparar para notícias sempre negativas quando o assunto for economia.
São Bernardo é um caso de degringolada estrutural. Mesmo quando o setor automotivo brasileiro cresce bastante, São Bernardo não acompanha o ritmo. Há camadas sobressalentes de improdutividades nas fábricas de custos mais elevados que a concorrência de outras regiões do Estado e do País.
Voltamos ao PIB dos Municípios na edição desta sexta-feira.
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