Dei oportunidade para os leitores me vencerem numa aposta que apresentei nesta revista digital em março deste ano. Em artigo sob o título “PIB per capital de São Bernardo pode desabar 30% com Dilma”, acreditava que seria esse o teto a desabar sobre a cabeça da economia da região. Me dei mal. Ainda falta conhecer o PIB dos Municípios de 2016, quando a recessão continuou brava na região, mas os 30% já foram superados.
Entre 2011 e 2015 São Bernardo perdeu 33,09% de geração de riqueza por habitante. Os cinco primeiros anos da presidente deposta Dilma Rousseff foram de congelamento da economia regional. Permanecemos praticamente com os mesmos números de 2010, da última temporada de Lula da Silva no Palácio do Planalto. A diferença é que a inflação aumentou 40,59% no período, conforme o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Antes de continuar a mostrar o que se passou com a Capital Econômica da região nos últimos cinco anos, cabe uma explicação que, em tempos normais, seria desnecessária. O prefeito Orlando Morando, que não tem nada a ver com o cheiro da brilhantina, porque só assumiu o cargo em janeiro último, teria de estar bem informado para, nos primeiros meses de mandato, substituir a lengalenga de políticas públicas que não cheiram nem fede para transformar São Bernardo em algo mais palatável ao vir a público, com o auxílio de técnicos especializados, para mostrar os estragos que o contemplaram. Morando perdeu uma ótima oportunidade de situar os moradores de São Bernardo longe de discursos que mais diziam a hostilidades partidárias do que a comprometimento dos cofres públicos.
Questão de preparo
Um prefeito bem preparado para dirigir a economia de um Município jamais deixaria passar entre as pernas o frango de desprezar a herança maldita que recebeu. Está certo que o antecessor petista Luiz Marinho não tem toda a culpa do mundo nas frustrações, mas colaborou intensamente para tanto. Quem foi que prometeu o mundo e os fundos com programas de potencialização econômica na cadeia de gás e petróleo, por exemplo, ou da indústria de defesa? Marinho, claro. Quem garantiu a fábrica do Gripem, que viria com cinco mil empregos logo restritos a mil postos de trabalho? Quem prometeu um Aeroportozão Internacional senão Luiz Marinho?
A reticente administração de Orlando Morando no campo econômico só não é inteiramente decepcionante porque o tucano está em primeiro mandato e, pelo andar da carruagem, vai acrescentar muitas camadas de frustrações nos próximos anos. E sabem por que? Porque se já é difícil partir para execução quando se tem um plano estratégico concebido com arte e responsabilidade, porque assim se tornará factível, o que esperar quando não se conhece absolutamente nada que o retire da improvisação e do marketing rastaquera?
Desastre após Lula
Quando Lula da Silva deixou a presidência da República com crescimento de 7,5% do PIB em 2010, São Bernardo registrava R$ 42. 557.432 bilhões. O PIB de São Bernardo de 2015, o mais recente anunciado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) chegou a R$ 42. 745. 533 bilhões. Os ignorantes dirão que não houve prejuízo algum, que há empate técnico. Nada mais impreciso. Para se conhecer o PIB de São Bernardo de 2010 é indispensável aplicar a inflação do período, de 40,59%. Com isso, o PIB que São Bernardo deveria ter apresentado em 2015 para não sofrer qualquer prejuízo, R$ 59.828,68 bilhões. Nada menos que redondos R$ 19 bilhões de diferença. Uma queda de 28,55% no período de cinco anos, portanto.
Agora vamos ao PIB per capita do mesmo período. PIB per capita leva em consideração o PIB geral do Município dividido pelo total de habitantes. Em 2010 São Bernardo contava com765. 203 mil moradores. Dividindo o PIB de então pelo conjunto de habitantes, chega-se ao valor nominal de R$ 55.615,87 mil por habitante. Já em 2015 o PIB de R$ 42.745.533 bilhões dividido por 816.925 mil habitantes representaria PIB per capita de 52.324,92 mil. A conta, entretanto, não está fechada. A atualização do PIB per capita pela inflação de janeiro de 2011 a dezembro de 2015 significaria R$ 78.190 mil. Ou seja? Uma queda de 33,09% no período.
Para completar, uma breve comparação entre o desastre do PIB per capita de São Bernardo e o desempenho no mesmo critério de Campinas e de Sorocaba, sedes de regiões metropolitanas que mais crescem no Interior de São Paulo.
Campinas apresentou crescimento de 3,27% no período, enquanto Sorocaba avançou 0,65%. Os números parecem desprezíveis, mas se tornam gigantescos quando contrapostos a São Bernardo, com queda já mencionada de 33,09%. A centralidade da indústria automotiva é um desastre regional.
Os mesmos dois municípios, quando medidos pelo PIB geral, também dão surra em São Bernardo: Campinas avançou 4,79% entre janeiro de 2011 e dezembro de 2015, enquanto Sorocaba cresceu 9,29%. São Bernardo, repetindo resultado já esmiuçado, perdeu 28,55%.
Quem ainda tem dúvidas de que, embora sem culpa no cartório, exceto porque como deputado não desenvolveu qualquer ação no sentido de potencializar a economia de São Bernardo (o Rodoanel, obra que liderou junto ao governo do Estado, se comprovou um tiro no próprio pé regional) o prefeito Orlando Morando já perdeu tempo demais com quinquilharias administrativas?
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21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?