Economia

Salário médio industrial sofre
revés e setor público encosta

DANIEL LIMA - 03/05/2018

A recessão mais profunda no País, contratada pelo governo Dilma Rousseff, entre 2015 e 2016, provocou mudanças substanciais nos rendimentos salariais na região. A situação chegou a tal ponto que a média de vencimentos de pouco mais de 47 mil servidores públicos municipais tornou-se praticamente semelhante à média de pouco mais de 195 mil trabalhadores do setor industrial, carro-chefe da economia regional. Os servidores públicos passaram praticamente incólumes no período e, com isso, aumentaram o peso relativo na grade de atividades econômicas mais suscetíveis aos sacolejos do mercado de trabalho. 

Antes da crise econômica mais aguda, em dezembro de 2014, base dos cálculos, a Administração Pública representava 14,84% da massa salarial dos trabalhadores em geral. Dois anos depois, subiu para 24,04%. Tudo porque perdeu apenas R$ 16,7 milhões do total regional de R$ 384.042 milhões. 

O setor industrial perdeu R$ 228.280.651 milhões no mesmo mês, valor correspondente a 59,44% da massa salarial geral que foi para o esgoto do empobrecimento econômico regional. Foram decepados 47.986 postos de trabalho do setor industrial daqueles dois anos. Eram 238.722 trabalhadores em dezembro de 2014 e passou para 190.736 mil 24 meses depois. Nesse período, o PIB Nacional caiu 3,8% em 2015 e 3,6% em 2016. A queda do PIB na região é muito maior que a média nacional. E quem sofre mais é o setor industrial, dependente em excesso da indústria automotiva. 

Distância que se dilui

A média salarial nominal do setor industrial e dos servidores públicos municipais da região guardava distância considerável antes da recessão. Em dezembro de 2014, conforme dados do Ministério do Trabalho, a vantagem da indústria chegava a 31,35% sobre os servidores. Eram R$ 4.917,61 contra R$ 3.375,80. Vinte e quatro meses depois, a média salarial industrial registrou R$ 4.096,19 ante R$ 3.918,38 dos servidores. Nada além de 4,35% de vantagem. Essa diferença possivelmente foi eliminada no ano seguinte, em 2017. Os dados do Ministério do Trabalho só serão conhecidos nos próximos meses. 

Os sete municípios da região contabilizavam em dezembro de 2014 o total de 51.628 funcionários públicos, entre ativos e inativos. Já em dezembro de 2016 o estoque foi reduzido em 2.680 postos, registrando 47.948 servidores. A massa salarial de dezembro de 2014, alcançava em termos nominais R$ 174.285.966.30 milhões. Corrigido pelo IPCA do período, aquele valor saltaria para R$ 205.657.440,23 milhões em 2016. Exatamente R$ 17.778.542,14 milhões a mais do que o registrado no mundo real, de R$ 187.878.898,09. 

Baixas em São Bernardo

Praticamente um terço dos servidores que deixaram de constar da folha de pagamento da Administração Pública na região tinha São Bernardo como endereço. Foram 1.118 desfalques em 24 meses. Uma perda líquida de 13,57% de trabalhadores. A massa salarial do setor público em São Bernardo em dezembro de 2014 registrava R$ 51.723.660,48 milhões em valores nominais. Corrigidos pelo IPCA, o volume chegaria a R$ 61.033.919 milhões. Uma diferença de R$ 2.285 milhões em relação ao assalariamento real de R$ 58.749 milhões registrados em dezembro de 2016.  São Bernardo registrava 15.667 servidores em dezembro de 2014, ante 14.549 após 24 meses. 

Santo André perdeu 919 funcionários públicos no período. De um total de 11.414 registrados em dezembro de 2014 passou para 10.495 24 meses depois. A massa salarial nominal de R$ 43.640.287,60 passou para R$ 43.470.080,10 nos dois extremos da pesquisa. Quando se considera a inflação na massa salarial de dezembro de 2014 até dezembro de 2016, o volume de Santo André sobe para $ 51.495.539 milhões. Isso significa que houve queda real de R$ 8.025.459 milhões em assalariamento. Bem mais que São Bernardo em termos absolutos e proporcionais.  

A recessão também impactou a Administração Pública de São Caetano no período 2014-2016. Foram eliminados 419 servidores. O estoque de 6.070 caiu para 5.651. O assalariamento geral de R$ 19.356.987 milhões em dezembro de 2014 praticamente não sofreu alteração quando comparado a dezembro de 2016, de R$ 19.280.646 milhões. O que faz a diferença é a correção salarial pelo IPCA, que elevaria o valor geral de São Caetano em dezembro de 2016 a R$ 48.353.437 milhões. Uma diferença de R$ 4.713.150 milhões naquele mês.  

Diadema inalterada 

Em Diadema o quadro permaneceu praticamente inalterado em estoque de servidores públicos. Eram 7.842 em dezembro de 2014 e caiu para 7.649 em dezembro de 2016. Uma diferença de 193 postos de trabalho -- e de apenas 2,46%, menos da metade do resultado regional no setor. A massa salarial nominal de Diadema de R$ 34.658.513 milhões na ponta da pesquisa saltou para R$ 40.911.282 milhões em dezembro de 2016. Conclusão? Embora tenha diminuído o estoque de servidores nos 24 meses, o valor dos assalariamentos manteve-se afinado com a inflação do IBGE. Caso único na região.  

Em Mauá também houve discreta redução do quadro de servidores públicos no período analisado. A gestão do então prefeito Donisete Braga contava em dezembro de 2014 com 5.885 servidores e 24 meses depois o estoque passou para 5.484. Ou seja, menos 401, ou 2,79% do total. Em termos salariais, os R$ 15.658.513 milhões de 2014 seriam R$ 18.477.047 milhões em dezembro de 2016 com a aplicação do IPCA de 18%. Entretanto, com a baixa de servidores, o total de salários pagos naquele mês foi de R$ 16.095.265 milhões.

Completando a lista 

Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra completam a lista de assalariamentos de servidores públicos na região nos 24 últimos meses antes da chegada de novos prefeitos, em janeiro de 2017. Ribeirão Pires cortou 687 servidores de um total de 4.071 de dezembro de 2014. Ficaram, portanto, 3.384. A massa salarial de 2014 chegou a R$ 8.067.622, contra R$ 7.737.076 de 2016. Atualizado o valor de 2014, o montante subiria para R$ 9.519.793 milhões. Ou seja: Ribeirão Pires fez uma economia de R$ 1.782.717 naquele mês. 

Rio Grande da Serra de 679 servidores em 2014 passou a contar com 736 após 24 meses, em dezembro de 2016. É o único caso regional de saldo positivo. O custo de assalariamento, sempre em dezembro de 2014 contraposto ao de dezembro de 2016, passou de R$ 1.168.314 milhão nominal para R$ 1.516.677 milhão. Como o valor nominal de 2014 corrigido pela inflação de 24 meses seria elevado a R$ 1.317.861 milhão, os servidores de Rio Grande da Serra apropriaram-se de ganho líquido conjunto de R$ R$ 1.988,06 milhão. 



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