Que os leitores se preparem para quando o fim do ano chegar. Com o fim do ano chegam os números do PIB dos Municípios Brasileiros, sempre com dois anos de atraso. Em dezembro teremos o PIB dos Municípios de 2016, quando o PIB Geral do Brasil caiu 3,8%, encerrando-se duríssimo ciclo de recessão, a pior da história do País.
E quando dezembro chegar vamos saber quanto o PIB Industrial de São Bernardo (e da região como um todo) terá caído desde que Lula da Silva deixou a presidência da República, em 31 de dezembro de 2010. Naquele ano, o PIB Geral do Brasil cresceu 7,5%. A indústria de transformação avançou 9,7%. Um quarto do PIB Geral da região depende da indústria de transformação. Com Lula da Silva, era praticamente um terço.
Querem uma prévia do que teremos em dezembro? Se São Bernardo já perdeu 52,46% de PIB Industrial, certamente ultrapassará 60%. Uma catástrofe que aumenta o inconformismo de quem vê a economia da região desmoronar sem que nada retire os mandachuvas e mandachuvinhas do bem-bom.
Perda gigantesca
O PIB Industrial da região caiu menos em relação ao desmoronamento de São Bernardo quando se comparam os números do último governo de Lula da Silva, 2010, com dezembro de 2015, ou seja, cinco anos depois, quando Michel Temer ocupava a presidência desde maio por conta do impeachment de Dilma Rousseff. A região como um todo perdeu 38,66% de geração de riqueza industrial entre janeiro de 2011 e dezembro de 2015. Em valores monetários, são mais de R$ 16 bilhões. Mais que um PIB Industrial e meio de São Bernardo de 2015. Entendeu? Perdemos mais que uma São Bernardo e meia de PIB Industrial no pós-Lula da Silva.
Dependente demais do setor automotivo, São Bernardo chegou a 52,46% de queda no período de cinco anos e, com isso, comprometeu ainda mais o equilíbrio da região. Afinal, trata-se da Capital Econômica.
Nenhum dos municípios que integram o G-22 teve comportamento tão dilacerante como São Bernardo no PIB dos Municípios Brasileiros. G-22 é o grupo selecionado por CapitalSocial por representar os maiores municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital. Na realidade, são as 20 maiores, mas Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra foram inseridas porque completam o quadro regional.
Vai ultrapassar 60%
Estou apostando o que quiserem que a derrocada do PIB Industrial de São Bernardo -- quando dezembro chegar e se compararem os números com dezembro de 2010 -- teremos alcançado mais de 60% de perdas na comparação ponta a ponta. É inexorável que assim o seja. Em 2015, quando São Bernardo chegou à queda acumulada de 52,46% no período, o PIB do Brasil caiu 3,6% e a indústria automotiva voltou a registrar números negativos.
Embora não se tenham dados estatisticamente sólidos sobre a participação do setor automotivo sediado na região, há informações que remetem a no máximo 20% do total nacional. Seja qual for o percentual, os dados nacionais do setor sempre abarcam a atuação das montadoras e autopeças locais.
Em 2016 – cujo PIB dos Municípios, repetimos, será conhecido em dezembro – a indústria automotiva nacional teve queda de 11,2% em relação ao ano anterior, ou seja, a 2015. No total, foram 2,16 milhões de veículos produzidos, ante 2,42 milhões de 2014.
Queda maior que G-15
Quando Lula da Silva deixou a presidência do Brasil, o setor de transformação industrial representava 31,35% do Produto Interno Bruto da região. No caso de São Bernardo eram 33,34%. Cinco anos e quase 40% de queda da atividade quando se consideram os sete municípios, a participação da indústria caiu para 23,22% -- 22,18% em São Bernardo. Uma redução regional de 8,13 pontos percentuais. Os demais 15 municípios listados no G-22 sofreram perdas industriais menos impactantes: a participação média de 25,55% caiu para 19,19%, ou 6,36 pontos percentuais.
Em números originais, ou seja, sem considerar a inflação do período analisado, o G-7 (ou seja, os sete municípios da região) somavam R$ 30.144.133 bilhões de PIB Industrial. Aplicando-se a inflação do período de cinco anos (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA), o valor nominal salta a R$ 42.379.636 bilhões. No mundo real, o setor industrial da região obteve resultado final de R$ 25.993.400 bilhões em dezembro de 2015. Uma perda de R$ 16.386.236 milhões. O resultado explica a redução da participação relativa da indústria na grade do PIB Geral da região.
Os demais 15 integrantes do G-22 somaram em valores nominais R$ 75.377.581 bilhões de PIB Industrial ao final do governo Lula da Silva. Em 2015, foram registrados R$ 92.476.910 bilhões. Quando se deflaciona o valor monetário de dezembro de 2010 e se compara com o valor monetário de 2015, a diferença negativa é de perda de 12,73%. A participação relativa da indústria dos 15 municípios que completam o G-22 caiu no período de 25,55% para 19,19%.
Do primeiro para o quinto
São Bernardo liderou a derrocada do PIB Industrial da região desde que Lula da Silva deixou a presidência carregando como ativo histórico uma febre de consumismo mantida sobremodo pela farra das commodities, valorizadíssimas no mercado internacional francamente exportar ao Brasil. No G-22 de 2010, São Bernardo ocupava a primeira posição geral com vantagem de quase (nominais) R$ 4 bilhões sobre a segunda colocada, São José dos Campos. Guarulhos, Campinas, Jundiaí, Paulínia, Sorocaba, Taubaté, Santo André e Piracicaba, nessa ordem, ocupavam os 10 primeiros postos.
Cinco anos e um pedaço da recessão história do País (ainda faltam os números de 2016), São Bernardo caiu à quinta posição no ranking do PIB Industrial do G-22. São José dos Campos, da indústria aeroespacial, passou à liderança com vantagem superior a R$ 4 bilhões sobre São Bernardo. A segunda posição passou a ser ocupada por Paulínia, seguida de Guarulhos e Campinas. Depois de São Bernardo vieram, pela ordem, Jundiaí, Sorocaba, Piracicaba, Santo André e Taubaté.
Quem mais perdeu na região depois de São Bernardo foi a também automotiva São Caetano, sede da mais antiga unidade da General Motors no Brasil. A queda do PIB Industrial chegou a 42,09% quando se aplica o mesmo critério adotado para São Bernardo: pega-se o valor de dezembro de 2010, aplica-se o IPCA de 40,59% do período de janeiro de 2011 a dezembro de 2015 e se compara com o resultado da temporada.
Diadema, vizinha de São Bernardo e também dependente do setor automotivo, caiu 27,56% no período, ante 19,82% de Mauá mais químico-petroquímica, 20,03% de Santo André menos dependente de uma única atividade, 15,89% de Ribeirão Pires e 19,61% de Rio Grande da Serra.
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