Se a Província do Grande ABC mantiver o ritmo de contratações no setor industrial do primeiro semestre deste ano, serão necessários 17 anos para que o estoque deixado pelo presidente Lula da Silva em dezembro de 2010 seja reposto. Desapareceram depois de Lula da Silva encerrar o segundo mandato quase 60 mil empregos com carteira assinada no setor industrial, entre janeiro de 2011 e junho deste ano. O déficit significa quebra de 23,58% no estoque do setor.
São 660,92 postos de trabalho suprimidos em média por mês no período de 90 meses (ou sete anos e meio). De janeiro a junho deste ano a região contratou em média 286,83 trabalhadores do setor a cada 30 dias. O ritmo está muito aquém do necessário para minimizar os estragos da recessão econômica que começou no primeiro trimestre de 2014. Foram três anos seguidos de sangria. E de crescimento pífio no ano passado.
2010 seria imbatível?
Conforme dados do Ministério do Trabalho, o saldo de empregos industriais na região nesta temporada, até junho, totaliza 1.721 carteiras assinadas e 6.082 no conjunto das atividades econômicas. O resultado acumulado de metade de um ano é ínfimo perto do que Lula da Silva registrou em 12 meses de 2010, último ano do segundo mandato: foram 15.712 novas carteiras assinadas no setor industrial e 51.511 no geral, nas atividades de comércio, serviços, construção civil, as mais importantes.
Quando Lula deixou a presidência a região contava com estoque de 252.210 carteiras assinadas no setor industrial e 706.199 em todas as atividades. Em junho último, eram 700.851 empregos gerais, dos quais 192.727 no setor industrial. Uma perda líquida de 59.483 postos de trabalho na indústria de transformação – média mensal de 660,92.
O resultado é uma catástrofe com efeitos multifacetados na geografia regional. Afinal, a indústria paga os melhores salários na região, além de gerar mais riqueza. É uma atividade que segura as pontas da economia regional, mesmo com distorções salariais profundas que criaram trabalhadores de primeira, segunda e também de terceira classe.
A projeção do tempo necessário para a região recuperar o estoque deixado pelo ex-presidente petista é um exercício matemático com baixíssima probabilidade de se consumar. Até prova em contrário (e bote contrário nisso), não há a menor possibilidade macroeconômica de a região repetir o sucesso de Lula da Silva num período em que a economia brasileira crescia movida a exportações de matérias-primas minerais, principalmente, enquanto o comprometimento fiscal já se armava para estourar no governo também petista de Dilma Rousseff.
Recuperação insuficiente
O mais provável mesmo é que a indústria automotiva contribuirá maciçamente para razoável recuperação da região nos próximos tempos, mesmo com o refluxo de exportações nos últimos meses e com a demanda interna abaixo das previsões do começo do ano. São Bernardo lidera a reação regional nesta temporada com a contratação líquida de 1.326 trabalhadores industriais nos seis meses, 77% do saldo de 1.721.
As contratações em São Bernardo significam média mensal nos primeiros seis meses de 221 profissionais. Com buraco de 21.871 demissões líquidas desde a saída de Lula da Silva do governo federal, São Bernardo precisaria de 8,246 anos para, no ritmo do primeiro semestre, zerar o estoque perdido. Bem menos que os 27,54 anos de Santo André, que empilhou perda de 6.391 postos de trabalho pós-Lula e recuperou no primeiro semestre deste ano média mensal de 19,33 trabalhadores industriais (total de 116).
A situação de São Caetano é ainda pior, sempre considerando a associação de postos perdidos pós-Lula e a criação de empregos industriais neste primeiro semestre: perdeu 9.373 (média mensal de 104,14) empregos industriais no período e tem saldo positivo de apenas 102 nesta temporada, média de 17 ao mês.
Em Diadema, a situação também é bastante desconfortável: serão necessários 25,27 anos para zerar o buraco deixado por Lula da Silva. Foram decepados 15.718 postos de trabalho no período (174,74 por mês), enquanto nos primeiros seis meses deste ano Diadema contratou média de 51,83 trabalhadores industriais por mês (311 no total). Ribeirão Pires perdeu 1.211 postos de trabalho pós-Lula (13,45 ao mês) e precisa de 2,15 anos para recuperar se o ritmo do primeiro trimestre de 47 contratações por mês (282 no total). Mauá e Rio Grande da Serra registraram saldo negativo no primeiro semestre de ano, de 182 e de 234 carteiras assinadas na indústria. Mauá perdeu 3.943 postos de trabalho pós-Lula (43,81 ao mês) e Rio Grande da Serra 229, ou 2,54 ao mês.
Situação detalhada
Veja os números da situação de cada um dos municípios da região entre dezembro de 2010 e junho deste ano:
1. São Bernardo contava em 2010 com 94.728 trabalhadores industriais de um total de 252.888 postos de trabalho. Em junho deste ano passou a contar com 72. 857 trabalhadores industriais de um total geral de 241.379.
2. Santo André contava em 2010 com 34.010 trabalhadores industriais e 165.821 no geral. Em junho deste ano são 27.619 na indústria e 185.833 no geral.
3. São Caetano contava em 2010 com 32.294 trabalhadores industriais e 112.477 no geral. Em junho deste ano eram 22.174 trabalhadores industriais e 106.318 no geral.
4. Diadema contava em 2010 com 56.639 trabalhadores industriais de um total geral de 97.125. Em junho deste ano contava com 40.921 trabalhadores industriais e 85.753 no geral.
5. Mauá contava em 2010 com 24.862 trabalhadores industriais de um total geral de 55.303. Em junho deste ano eram 20.919 trabalhadores industriais e 59.533 no geral.
6. Ribeirão Pires contava em 2010 com 8.022 trabalhadores industriais de um total de 19.773. Em junho deste ano eram 6.811 trabalhadores industriais e 19.166 no total.
7. Rio Grande da Serra contava em 2010 com 1.655 trabalhadores industriais e 2.812 no geral. Em junho deste ano eram 1.462 trabalhadores industriais e 2.869 no geral.
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