Os dois parques temáticos projetados para o Grande ABC vão agregar, de forma direta e indireta, 20 mil pessoas -- contingente de mão-de-obra semelhante ao da planta industrial da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo. A projeção é dos próprios empreendedores envolvidos nos dois negócios. O parque temático previsto para a Avenida dos Estados, em Santo André, ao lado da Balas Juquinha, envolverá investimento de US$ 80 milhões e representará a criação de sete mil empregos, 1,1 mil dos quais diretos. O parque temático programado para São Bernardo custará perto de US$ 130 milhões e deverá contar com 13 mil empregos diretos e indiretos.
O empreendimento em São Bernardo não ocupará mais os quase 300 mil metros quadrados da desativada fábrica da Volks Caminhões. Os investidores, que continuam a manter identidade pessoal a salvo de curiosidade, realizaram em março série de reuniões com o alto escalão da Prefeitura de São Bernardo, especialmente com o prefeito Maurício Soares e o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Fernando Longo. Eles representam os interesses da Arrows, organização de capital britânico que soma algumas dezenas de empreendimentos em parques de diversões espalhados pelos Estados Unidos e Europa. Os representantes da Arrows, acionistas da Seaco, já aprovaram nova área: são perto de um milhão de metros quadrados às margens da Represa Billings, nas proximidades do Clube dos Bancários. Parte desse espaço foi ocupado, em décadas passadas, pela Fábrica de Automóveis Presidente, cujas instalações estão deterioradas pelo tempo.
O grupo internacional desistiu do terreno da Volks Caminhões, segundo fontes da própria montadora, por causa de declarações à imprensa do vice-presidente de Relações Corporativas e Recursos Humanos da Volkswagen do Brasil, Miguel Jorge. Ao colocar em dúvida o real interesse de aquisição do terreno e a capacidade financeira do grupo interessado em construir o parque temático, Miguel Jorge teria irritado a direção da Seaco, que decidiu por novo espaço e se pôs à procura com o acompanhamento do prefeito e secretários.
Também ecológico -- A opção pela área na Represa Billings, nas proximidades do Riacho Grande, satisfaz os representantes da Arrows porque aquela região já tem vocação natural para entretenimento e, mesmo sem estrutura e organização, atrai milhares de visitantes nos finais de semana. O secretário Fernando Longo demonstra entusiasmo com a possibilidade do investimento da Arrows e vai mais longe: "A área é extensa o suficiente para comportar um parque temático e ecológico" -- afirma.
Provavelmente essa seja a formatação do empreendimento, segundo admite o próprio prefeito Maurício Soares, que no ano passado esteve nos Estados Unidos acompanhado por diretores da Seaco. Há preocupação em superar eventuais barreiras ecológicas junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Teme-se por empecilhos que desestimulem o grupo internacional a investir na área. Mas o prefeito de São Bernardo acredita mesmo é que dentro de no máximo dois meses o investimento deverá ser anunciado oficialmente.
O secretário Fernando Longo também acredita nisso. Ele afirma que a duplicação da Rodovia Índio Tibiriçá, que liga o Grande ABC à Grande Mogi das Cruzes, antiga reivindicação baseada em dotar a estrada de maior segurança já foi encaminhada ao Governo do Estado. Com as obras, o parque temático de São Bernardo será ainda mais interessante aos investidores internacionais, além de provavelmente despertar novos negócios de entretenimento em áreas vizinhas. Fernando Longo aposta que o desenvolvimento da indústria do entretenimento em São Bernardo será dinamizado com o parque temático e ecológico.
O secretário municipal garante que as atrações que já existem no trecho da Via Anchieta que envolve a Rota do Frango com Polenta, a Rota dos Motéis e as casas noturnas do Riacho Grande, além do Parque Estoril, estão sendo objeto de planejamento estratégico para série de ações em conjunto com os empreendedores já instalados, entre as quais campanha de marketing. "Temos oito quilômetros de praias na Billings, prontas para ser exploradas de forma responsável"-- afirma o secretário.
Privatização -- A proposta do prefeito Maurício Soares de privatização das operações da Cidade da Criança, no Jardim do Mar, e do Parque Estoril, na Represa Billings, também está tendo desdobramento. Juscelino Cecel, presidente da Adibra (Associação das Empresas de Parques de Diversão do Brasil) manteve contatos com Fernando Longo e um novo encontro, marcado para o início deste mês, deverá detalhar aspectos que poderão culminar com a concessão dos dois espaços públicos cujos equipamentos estão defasados tecnologicamente e atraem pouco usuários.
O prefeito Maurício Soares só faz uma exigência para privatizar a Cidade da Criança, numa esperada negociação com aquele líder de empreendedores no setor: quer uma cota permanente de ingressos para distribuição junto à camada mais pobre da população infantil. Soares é um dos críticos mais duros do obsoletismo da Cidade da Criança, defende investimentos da livre iniciativa na área mas entende que não pode permitir a exclusão de camadas mais sofridas. Ele defende também que transparência e critérios na distribuição de carteirinhas que darão direito a ingresso à Cidade da Criança privatizada. Sem qualquer vínculo político: "Como estamos promovendo hoje"-- completou.
A chegada de grandes empreendimentos na área de entretenimento no Grande ABC preocupa o presidente de Volkswagen Clube de São Bernardo, Lauro Gilmar Teixeira. Incentivador da formação de uma espécie de associação de clubes sócio-esportivos da região, movimento que afirma estar ganhando corpo e que deverá se consolidar em pouco tempo, inclusive com a formação de um sindicato numa etapa seguinte, Lauro Teixeira quer mudar a realidade das agremiações. "Precisamos nos organizar para o que vem aí"-- afirma. Ele já se reuniu com Juscelino Cecel, da Adibra, e estão em estudos eventuais investimentos da livre iniciativa também nos clubes, através da implantação de equipamentos em regime de convênio operacional.
Planeta Azul -- O lançamento oficial do Planeta Azul, o parque temático programado para a Avenida dos Estados, em Santo André, depende de um anúncio oficial de liberação de financiamento de um fundo de pensão nacional. "E isso está prestes a acontecer"-- garantia no final do mês o empresário Guilherme Alves da Cunha, diretor da DPK, uma das empresas envolvidas no projeto. O investimento vai exigir R$ 80 milhões, a maior parte de fundo de pensão. A DPK comandará o empreendimento juntamente com a DM9, quarto maior agência de publicidade do País, e o Grupo Fionda, líder na América Latina na fabricação, operação, venda, importação e exportação de equipamentos para parques de diversão.
Guilherme Alves da Cunha afirma que a cronologia de investimentos do fundo de pensão com o qual os empreendedores formalizaram o investimento permite dizer que no mais tardar ainda este mês estarão liberados os recursos. Dos R$ 80 milhões previstos para o Planeta Azul, R$ 16 milhões foram capitalizados pelas três empresas cooperadas e o restante virá do fundo. A expectativa é de conclusão das obras em 20 meses, exatamente na virada do século. São 100 mil metros quadrados de área e previsão de 1,5 milhão de visitantes no primeiro ano de atividades.
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