Economia

Comerciantes e
Prefeitura juntos

DANIEL LIMA - 05/10/1998

A sonhada revitalização estrutural e econômica do Centro de Santo André começa a ganhar contornos de realidade  com o encerramento da primeira etapa das obras antienchentes, problema antigo encarado como um dos principais desafios da administração do prefeito Celso Daniel. Porém, o Projeto Centro, que vai consumir investimentos acima de R$ 22 milhões da Prefeitura Municipal, não se limita à primeira etapa das obras de drenagem dos córregos centrais Carapetuba e Cemitério, além da ampliação da capacidade de retenção de águas dos lagos do Parque Central, o  que reduz a vazão e a possibilidade de alagamentos na Avenida Ramiro Colleoni. A partir de agora, o próximo passo é sempre o mais importante para que o comércio de rua volte a crescer. É o que demonstram os representantes  do Poder Público e dos lojistas da SOL (Sociedade Oliveira Lima e Região).


Reurbanização da área, mudança do sistema viário, criação de pelo menos mais 650 vagas de estacionamento, além  de cuidados especiais com segurança, iluminação, limpeza e implemento de projetos culturais e sociais fazem parte da sequência de passos do projeto que prega a modernização da tradicional Oliveira Lima e ruas adjacentes. No ato de entrega oficial da primeira etapa das obras de drenagem, iniciada em 2 de fevereiro e encerrada no final de setembro, o Habibs da Oliveira Lima recebeu quase todo o secretariado municipal, além de lojistas e dirigentes da SOL e do presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Saul Gelman. 


Para Flávio Martins, presidente da SOL, a parceria com a Prefeitura é relevante. "As obras de infra-estrutura da Administração Municipal são importantíssimas. Mas não basta a Prefeitura realizar obras. O lojista precisa participar ativamente para transformar o Centro, para que a Oliveira Lima mantenha a tradição aliada à modernidade, num ambiente agradável e seguro para o consumidor" -- afirma Flávio Martins. 


Recente pesquisa da  SOL detectou que é de 81 mil/dia o público médio circulante no Calçadão da Oliveira Lima, o que dá 6.780 pessoas por hora ou 113 por minuto. Em relação a 1997 o total, composto por 63% de mulheres, representa redução de 12,6%. "Queremos um Centro bonito, limpo e atraente e uma Oliveira Lima que volte a receber perto de 150 mil pessoas por dia, como há alguns anos. Temos potencial para isso e não adianta lamentar ou querer definir a real vocação da rua. A globalização mudou tudo e temos de  buscar soluções. É esse o primeiro passo para receber o consumidor de volta com a fluidez que o espaço comporta, já que é um dos mais importantes do Grande ABC" -- sublinha.


O item segurança também foi enfatizado pelo presidente da SOL e pelo presidente da Acisa e reconhecido como calcanhar de Aquiles pelo secretário de Serviços Municipais, Klinger Luiz de Oliveira Sousa: "A segurança é problema antigo, de difícil solução. Há muita troca no comando policial e não estamos conseguindo acertar o passo. A Prefeitura tem pouca governabilidade sobre o assunto, mas há necessidade de interferir. Não podemos nos esconder" -- justifica Klinger de Oliveira, deixando transparecer a possibilidade de parceria entre Prefeitura e lojistas para que ocorra policiamento mais ostensivo da Guarda Municipal.


Novos empreendedores -- O secretário vê outro problema crucial, de natureza postural e econômica. "Não é só urbanizar. Precisamos de atitudes e movimentos vigorosos para buscar novos empreendedores. Temos o que oferecer. O Projeto Centro  é  muito mais do que isso. Depende da participação de todos e vai representar requalificação do Centro. Além do sistema de drenagem operacionalizado pelo Semasa, teremos remodelação do sistema viário. Vamos modernizar piso, iluminação e mobiliário do Centro, incluindo o entorno da Praça do Carmo. Também construiremos passarelas em frente ao Américo Brasiliense e na Perimetral e vamos reurbanizar a Bernardino de Campos, que ganhará nova iluminação" --  enumera.


Do Projeto Centro consta ainda para este ano a criação de estacionamento rotativo para 650 vagas no sistema de parquímetro eletrônico com tarifa  de R$ 0,80, a menor da região. "O mais importante é que a Prefeitura vai reverter os recursos para a qualificação dos serviços e para o Fundo Social. Vamos tirar as pessoas das ruas, principalmente as crianças" -- garante o secretário. 


Segundo o diretor-superintendente do Semasa, Maurício Mindrisz, a  segunda etapa das obras de drenagem  vai até dezembro. O conjunto de intervenções vai  representar gastos de R$ 7 milhões.  


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