Já tem gente com pouca responsabilidade social e muito menos com a verdade dos fatos que comemora a contratação de 11.945 trabalhadores com carteira assinada nesta temporada na região. Devagar com o andor dos balanços mensais do Ministério do Trabalho que serão sempre positivos nesta e provavelmente na próxima temporada porque o santo da realidade recente é de barro.
No ritmo desta temporada de recuperação, vamos levar cinco anos para voltar a contar com o estoque de empregos com carteira assinada que tínhamos ao final de 2014, quando se iniciou o processo de recessão petista, contratado pelo consumismo de Lula da Silva e consolidado nas extravagâncias de políticas macroeconômicas e microeconômicas de Dilma Rousseff.
O cálculo de cinco anos de prazo para reconquistar os empregos perdidos em 2015, 2016 e 2017 não é chutometria. É contabilidade séria mesmo. Como sempre nestas páginas despoluídas de interesses partidários.
89.871 empregos perdidos
Durante os anos mencionados, a região perdeu exatamente 89.871 trabalhadores formais em todas as atividades pesquisadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Média de 2.496 por mês. Sabem lá o que significa perder quase 2.500 trabalhadores a cada mês? É praticamente uma fábrica inteira da Bridgestone Firestone, com sede em Santo André.
Pois é esse buraco que precisamos tapar o quanto antes, mas o quanto antes indica que seriam cinco anos, ou 60 meses. Nesta temporada de crescimento tímido do PIB (Produto Interno Bruto), e que segundo as previsões de especialistas no ramo mal passará de 1%, a região contratou a cada mês 1.493 trabalhadores. Ou 40% abaixo da média dos dois piores anos da economia brasileira em toda a história (queda de 3,77%% em 2015 e queda de 3,59% em 2016) seguidos de crescimento pífio de 0,98% no ano passado, já sob a gestão de Michel Temer.
Para chegar aos 60 meses de prazo para zerar o déficit de empregos perdidos no período, basta dividir a média mensal de contratações líquidas desta temporada pelos 89.871 desempregados no período.
Emprego industrial
Na edição de 17 de maio escrevi nesta revista digital o seguinte título para descrever a situação do emprego no setor industrial da região: “Precisamos de nove anos para recuperar empregos de Lula”. Vejam os leitores que o tempo necessário para a região resgatar os melhores momentos da trajetória econômica desde 1994 é muito maior que o limite de três anos dos novos cálculos que fiz, a partir de janeiro de 2015 em relação ao que foi entregue no mercado de trabalho regional em dezembro de 2014.
Expliquei naquele texto que nos sete anos pós presidência de Lula da Silva (de janeiro de 2011 a dezembro de 2017), a região perdeu em termos líquidos (diferença entre contratações e demissões) de 63.674 empregos formais no setor industrial.
Quando Lula da Silva deixou a presidência em 2010, após oito anos de governo a bordo de um PIB que cresceu 7,5% naquela temporada, a região contabilizava saldo positivo de 55.638 empregos do setor industrial, contando-se a partir de janeiro de 2003, em substituição a Fernando Henrique Cardoso. Perdemos desde então em média a cada mês 758 trabalhadores industriais. A reação do emprego nas indústrias da região nesta temporada segue tímida. E não há sinais vigorosos de mudança. Foram 1.791 contratações líquidas em nove meses. Média mensal de 199 carteiras assinadas.
Perda de força
O que a quase totalidade dos agentes econômicos e acadêmicos da região não observa – sem contar os agentes públicos sempre à espera de um milagre da volta aos bons tempos – é que a quebra histórica do emprego industrial na região está longe do ponto final. A participação relativa do trabalho industrial no conjunto de atividades será cada vez menor. E isso significa que ainda temos muito a perder em forma de PIB dos Municípios. Quando os dados de 2016 forem revelados neste final de ano, contabilizaremos mais complicações.
Uma viagem no tempo mostra o tamanho da encrenca que nos abate. Em 1994, primeiro ano do Plano Real, contávamos com 276.650 empregos do setor. E mesmo com os anos breves e dourados de Lula da Silva, ao final de 2010 a região contabilizava 249.472 trabalhadores. Com Dilma Rousseff entramos num buraco sem fundo.
São Caetano lidera
Voltando ao emprego geral na região, que vai muito além do emprego industrial, São Caetano segue na liderança do ranking de contratações nesta temporada. Conta com crescimento de 3,59% em relação à base de dezembro do ano passado. Foram 3.816 contratações líquidas. São Bernardo ganha em números absolutos com 4.572 novos trabalhadores, mas perde quando se relativiza o estoque de dezembro do ano passado, com crescimento de 1,89%.
A situação do emprego formal em Santo André nesta temporada é bastante frágil, com crescimento de 0,38% sobre dezembro do ano passado. Foram 728 contratações líquidas, apenas sete das quais do setor industrial, grande calcanhar de Aquiles das três últimas décadas. Santo André perde no cômputo geral para Diadema, com saldo de 1,67% no estoque, resultado de 1.339 contratações líquidas. Desse total, 382 foram registradas nas indústrias.
Também Mauá supera os números de Santo André. Nesta temporada, o crescimento do estoque registrado em dezembro do ano passado é de 1,30%, mas a perda de 305 trabalhadores industriais sinaliza mais que alerta para o futuro próximo. Ribeirão Pires também aponta avanço no estoque nesta temporada: 1,74% com 330 contratações líquidas, 282 das quais no setor industrial. A pequena Rio Grande da Serra é exceção neste ano, com perda líquida de 7,35%, ou 211 baixas nas carteiras de trabalho. A indústria de Rio Grande demitiu em termos líquidos 240 trabalhadores.
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