Economia

Uma borracha que
apaga o passado

DA REDAÇÃO - 05/01/1999

O lançamento do Global Shopping não sinaliza apenas a retomada de um shopping center cujas obras ficaram paralisadas por anos. Indica, em vez disso, a implementação de um centro de compras completamente distinto do projetado inicialmente. Entre o Grand Shopping, propagado como a oitava maravilha do mundo mas convertido em surpreendente dor de cabeça para dezenas de empreendedores que apostaram num projeto ambicioso que nunca saiu do papel, e o Global Shopping, encampado pelo Funcef (Fundo de Pensão dos Empregados da Caixa Econômica Federal), há um abismo conceitual que pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso do empreendimento no longo prazo. 

O malfadado Grand Shopping e o promissor Global Shopping só têm a mega-área da Avenida dos Estados em comum. A configuração do centro de compras passou por alteração de 180 graus. "O projeto mudou substancialmente para se adequar aos novos parâmetros da economia brasileira pós-Real e para melhor se encaixar no perfil socioeconômico da região no qual está inserido" -- afirma Antonio Paulo Pierotti, diretor-presidente da Conshopping Consultoria e Participações, empresa responsável pelo planejamento, comercialização e marketing do empreendimento. 

Quatro em um -- Enquanto o projeto do Grand Shopping previa nove shoppings em um, cada qual em pontos distintos e com arquitetura diferenciada, o Global Shopping prevê quatro shoppings integrados. "O Global Shopping será compacto, com as quatro alas situadas no mesmo mall. Essa diferença aparentemente simples propicia considerável economia nas taxas de condomínio. A proximidade torna mais fácil a administração e manutenção" -- afirma Pierotti. 

A incorporação de um shopping de Automóveis é a inovação mais significativa do Global Shopping em relação ao anterior. O autocenter, com 104 lojas em área de 25 mil metros quadrados, será o primeiro bloco a entrar em operações, em novembro de 1999. Não por acaso. O Shopping do Carro é conceito inédito na região e relativamente pouco explorado no Brasil, com opções para compra de veículos novos e seminovos, peças, acessórios e serviços como financiamentos, seguros e despachantes. É um setor no qual o Global Shopping não terá concorrentes e cujo provável sucesso impulsionará o fluxo das três outras alas -- Shopping das Lojas, Shopping da Casa e Shopping do Lazer -- programadas para entrar em operações em novembro de 2000. "Vamos aproveitar uma demanda reprimida para fidelizar os consumidores também em setores onde existe concorrência" -- explica o diretor-presidente da Conshopping. O shopping automotivo mais próximo do Grande ABC está no Shopping Aricanduva, na Zona Leste de São Paulo, com pouco mais de 20 lojas.

Mais âncoras -- O autocenter é a principal isca para materializar planos de abocanhar R$ 190 milhões anuais de uma região de influência com potencial de consumo estimado em R$ 800 milhões, formada por Santo André, Mauá, São Caetano e parte de São Paulo. Mas há outros atrativos capazes de desequilibrar o jogo em favor do Global Shopping, acredita Pierotti. Ele cita como exemplo as duas lojas âncoras do shopping da casa, uma com 14 mil metros quadrados destinada ao setor de materiais para construção e outra com três mil metros quadrados reservada para um grande comércio de móveis.

Menina dos olhos de shopping centers em todo o mundo, o segmento de lazer e entretenimento também foi sublinhado no Global Shopping. O Shopping do Lazer terá 12 cinemas, dois parques de diversões eletrônicas, pista de patinação e praça de alimentação com três restaurantes, uma casa de shows e 22 fast-foods. 

A hipótese de saturação do mercado regional, respaldada nas visíveis dificuldades por que passam alguns centros de compras, não soa como obstáculo para a inserção do Global Shopping nem como irrefutável enfrentamento da concorrência para o presidente da Conshopping. Segundo Antonio Paulo Pierotti, o crescimento da renda e o implemento demográfico nos próximos dois anos -- até o empreendimento entrar em operações -- serão suficientes para oxigenar os negócios instalados no Grande ABC. "A lógica será a mesma que prevalece em todos os mercados, na qual os mais competentes sempre sobreviverão. Os consumidores serão ainda mais beneficiados" -- completa.  



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