Economia

Quando galpões
significam soluções

DA REDAÇÃO - 05/02/1999

Situada na Grande Milão, a cidade-irmã de Santo André, Sesto San Giovanni, já foi rotulada de Cidade do Trabalho. Na região da Lombardia, que representa 40% do PIB (Produto Interno Bruto) da Itália, os 85 mil habitantes de Sesto San Giovanni já não ouvem os apitos das antigas fábricas, com predominância de siderurgia e metalurgia. Só nos últimos 10 anos foram desativados 10 mil postos de trabalho. Já não há tantas bicicletas e um rio de 50 mil macacões azuis, como lembrou o prefeito Filipo Penati no seminário envolvendo políticos, empresários e sindicalistas promovido pela Prefeitura de Santo André e pela Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC no final de janeiro.

Hoje, são 20 mil sem-macacões e três milhões de metros quadrados de galpões abandonados que começam a ser subdivididos estrategicamente para dar lugar a pequenos empreendedores capazes de enterrar a decadência da grande indústria. Já não se respira no ritmo de fábricas que chegavam a ter 10 mil funcionários. Hoje, 85% das empresas de Sesto San Giovanni não têm mais do que 20 funcionários. O perfil é de prestação de serviços e pequenas indústrias de alta tecnologia, especialmente nos segmentos de informática e telecomunicações, com mão-de-obra qualificada.

Diferente do Grande ABC, os irmãos italianos não mais permitem a instalação de grandes empreendimentos. Valorizam, incentivam e orientam micros e pequenos empresários com apoio da ASNM (Agência de Desenvolvimento Sustentado e Promoção do Norte de Milão) e do BIC (Centro de Inovação Empresarial), entidades sem fins lucrativos e não-atreladas a investimentos do Poder Público. O objetivo principal, nos moldes da recém-criada Agência do Grande ABC, é favorecer e divulgar o crescimento econômico principalmente em áreas de crise industrial, com respaldo da Comunidade Européia. Operam como animadores da economia.

Quinto pólo industrial da Itália, onde a taxa média de desemprego é de 12%, Sesto San Giovanni é referência por causa das semelhanças com o Grande ABC. A começar pelo sem-número de galpões industriais desativados como consequência da recessão econômica e do êxodo para outros eixos. Daí a necessidade de a comunidade do Grande ABC estar pronta para o que o prefeito Celso Daniel define como reconversão econômica, que consiste em compensar as perdas industriais com investimentos e conquistas no setor de serviços, sem abdicar do fortalecimento das indústrias. "É preciso garantir a manutenção da cadeia produtiva e da qualidade de vida. Precisamos buscar alternativas trabalhando coletivamente em busca de alta tecnologia e centros regionais para requalificação da mão-de-obra. Temos carências nos setores de lazer e entretenimento, serviços e cultura" -- afirma Celso Daniel, também coordenador da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. 


Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000