Economia

O que mudou na região após
14 anos do PT em Brasília (4)

DANIEL LIMA - 05/09/2022

No último ano do segundo mandato do presidente Lula da Silva o Grande ABC (e o Brasil também) cresceu como nunca em geração de produtos e serviços.  Como nunca neste século, claro.  

Mas mesmo assim, como mostra a análise logo abaixo, que preparei para a edição de setembro de 2011, o resultado não aparou as muitas arestas da região, quando se faz um balanço mais apropriado. 

Verão os leitores neste quarto capítulo desta série que resgata os efeitos dos 16 anos do PT em Brasília, e também o período anterior, de oito anos de Fernando Henrique Cardoso, que o definhamento da economia da região é um mal que não cessa.  

Essa situação histórica só não é reconhecida por quem faz de tudo para enfeitar o pavão ideológico, partidário ou, pior que isso, pratica um esporte detestável para quem lida com informação: engana o distinto público.  

Vamos esgotar todas as questões relevantes do Grande ABC no período dos dois primeiros mandatos do PT em Brasília, com Lula da Silva na presidência. E também o desempenho da sucessora petista, Dilma Rousseff.  

O contraste demarcará mais de uma década e meia de uma administração que deu elasticidade aos problemas da região.  

A primeira análise que se segue neste novo capítulo trata do Valor Adicionado, utilizado em 2011 por conta do intervalo de dois anos que o IBGE impõe para divulgar os dados do PIB, sempre semelhantes aos dados do Valor Adicionado. A diferença, repetindo, é a carga tributária que se acrescenta. 

A segunda análise, publicada em dezembro de 2012, explora os números oficiais do PIB de 2010 com informações adicionais, inclusive ao apresentar o ranking do então G-20, o grupo dos 20 maiores municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital.  

O mesmo G-20 que virou, mais tarde, G-22, com a inclusão de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, fechando os participantes do Grande ABC.   

 

Província reage e cresce bem mais

que média paulista no ano passado 

 DANIEL LIMA - 14/09/2011 

 

Uma boa notícia para a Província do Grande ABC. Uma notícia exclusiva, aliás: no ano passado, quando o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu 7,5%, movido principalmente pelo consumo, que encontrou na recordista indústria automotiva campo mais que fértil, a região cresceu 50% acima da média do Estado de São Paulo.  

A métrica é o Valor Adicionado, que acompanhamos atentamente ao longo dos tempos. Valor Adicionado é espécie de PIB sem impostos. É a produção de riqueza gerada em cada Município. 

O avanço econômico da Província do Grande ABC no último ano do governo Lula da Silva representou o corolário da reação do Valor Adicionado seriamente comprometido durante os anos 1990.  

MENOS UM TERÇO 

A abertura econômica combinada com tropeços de políticas econômicas internas colocou a Província na marca do pênalti. 

Perdemos um terço do Valor Adicionado durante a gestão de FHC. Não é pouca coisa. A recuperação é lenta, estatisticamente geradora de certo otimismo, mas está longe das necessidades regionais. Mas isso é outro assunto. 

No ano passado, o Valor Adicionado da Província do Grande ABC cresceu 18,69% em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação de 11,32%.  

MÉDIA DO G-3 

A média do Valor Adicionado no Estado de São Paulo foi de 12,07%. O G3, formado por Campinas, Sorocaba e São José dos Campos, avançou 8,09%. 

Com os resultados, a Província aumentou participação no bolo estadual: passou de 8,61% para 9,12%. Parece pouco, mas não é. Qualquer que seja o movimento ascendente, deve-se comemorar. Principalmente porque vive-se corrida contra o tempo perdido. 

Se tudo isso sobre a temporada do ano passado são boas notícias, e as boas notícias merecem ser destacadas, há contrapontos igualmente importantes.  

REAÇÃO OCASIONAL 

No curto prazo, entre 2009 e 2010, mostramos poder de reação. Aliás, isso vem desde um pouco antes da saída de FHC da presidência. 

O problema foi o que houve antes. Mais precisamente a partir de janeiro de 1995, tendo como base de comparação os números de 1994, quando da implantação do Plano Real.  

A manutenção da moeda nacional sem remelexos heterodoxos torna os estudos menos complexos.  

No período de inflação incontrolável as estatísticas viravam pó, porque se perdiam referências. Quando a moeda é a mesma, tudo fica mais fácil para orquestrar números e explicações. 

RODA PEGA  

Deixemos de lado o desgaste da moeda verde e amarela. Fiquemos apenas com números nominais.  

A roda pega para a Província quando os números passam pelo torniquete de uma temporalidade mais elástica. Exatamente entre janeiro de 1995 e dezembro de 2010.  

Avançamos nominalmente apenas 302%. Perdemos feio para o G3, de Campinas, Sorocaba e São José dos Campos, que acumulou crescimento de 429,02%.  

Se acrescentarmos a esses municípios, sedes de regiões metropolitanas interioranas, Guarulhos e Osasco, também fortes endereços econômicos paulistas, a desvantagem aumenta um pouco: o G5 avançou 431,83% naquele mesmo período. 

EQUAÇÃO SIMPLES  

Para saber o quanto o conjunto formado por Campinas, Sorocaba, São José dos Campos, Guarulhos e Osasco cresceu proporcionalmente mais que os sete municípios da Província do Grande ABC basta uma simples equação: pegue o crescimento nominal do G5 no período, de 431,83%, confronte-a com o crescimento nominal do G7, de 302,00% e, então, chega-se à diferença de 43%. 

Traduzindo ainda mais a situação: quando da implantação do Plano Real, o Valor Adicionado da Província do Grande ABC (R$ 16,032 bilhões nominais) e do G5 (R$ 16,556 bilhões) apresentava empate técnico. Situação que, 16 anos depois, ainda em números não inflacionados, alterou-se completamente: o G7 (Província) contabiliza R$ 64,449 bilhões, enquanto o G5 chega a R$ 88,050 bilhões). Enquanto marcamos passo, eles rompem as dificuldades impostas pela macroeconomia. 

CAPITAL DO ESTADO  

Deixamos a Capital do Estado propositalmente fora de comparações.  

É covardia qualquer tipo de embate tendo aqueles mais de 11 milhões de habitantes como referência.  

O poder de fogo da cidade de São Paulo é imenso, mesmo com as dores da desindustrialização.  

Nos 16 anos pesquisados, São Paulo avançou nominalmente 448,63% em Valor Adicionado. Bem mais que a média da maioria das grandes cidades paulistas.  

É a força do dinamismo econômico versátil que vai de um centro financeiro imbatível em território nacional até megacorporações de marketing, de publicidade, de consultoria, enfim, de atividades de serviços de Valor Agregado que a Província do Grande ABC está longe de atrair. 

A Província do Grande ABC também registra passivo enorme no indicador de participação estadual no Valor Adicionado. Em 1994, quando da implantação do Plano Real, contava com 13,89% no Estado de São Paulo. Regredimos no período 34,34%, já que em 2010, apesar da melhoria em relação ao ano anterior, chegamos a 9,12%.  

 

Só São Caetano ganha posição

no PIB 2010 do G-20 Paulista 

 DANIEL LIMA - 13/12/2012 

 

A dependência do setor automotivo, coração e músculos da economia da Província do Grande ABC, manifestou-se mais uma vez nos novos números do PIB (Produto Interno Bruto), divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): todos os cinco municípios da região que integram o G-20, o grupo dos 20 maiores endereços econômicos do Estado de São Paulo, apresentaram crescimento acima da inflação em 2010 e, nos casos de Santo André, São Bernardo e São Caetano, acima da marca nacional de 7,5% no período.   

UMA POSIÇÃO  

Os resultados apresentados ontem pelo governo federal foram metabolizados por CapitalSocial. São Caetano apresentou o maior crescimento entre os 20 integrantes do agrupamento, um pouco acima de São Bernardo, e com isso subiu uma posição no ranking que não leva em consideração o ponto fora da curva chamado São Paulo, a capital do Estado.   

O resultado de São Caetano em 2010, favorecida principalmente pelos números recordes da indústria automobilística ao sediar uma das unidades mais importantes da General Motors do Brasil, significou a subida de um degrau no ranking do G-20: trocou de posição com Piracicaba, que caiu para o 14º lugar, e subiu para o 13º. Mesmo com crescimento nominal (sem considerar a inflação) semelhante ao de São Caetano, São Bernardo não conseguiu deixar o quarto lugar no G-20, atrás de Guarulhos, Campinas e Osasco.   

RECORDE AUTOMOTIVO   

O setor automotivo bateu recorde histórico de venda de veículos em 2010, com 3,515 milhões de unidades, marca 3,4% superior ao ano anterior. Tudo na esteira do PIB, que avançou 7,5%, movido sobretudo pela febre que consumo, que, ano passado e neste ano deu sinais de arrefecimento.   

Quando os números municipais e estaduais do PIB Geral do País em 2011 forem divulgados, no final do ano que vem, a perspectiva é de refluxo do desempenho da Província do Grande ABC, como tem sido uma constante mesmo após passar por esvaziamento econômico na última década do século passado, sob efeitos da desindustrialização.   

CRESCENDO MENOS   

No ano passado o PIB brasileiro cresceu apenas 2,7% e neste ano, segundo novas projeções, terá dificuldades para avançar 1%.   

Os cinco municípios da Província do Grande ABC que integram o G-20 registraram em 2010 o PIB de R$ 82,462. 976 bilhões, equivalente a 21,70% do total de R$ 379.886.509 bilhões do G-20 Paulista.   

Os resultados individuais de São Caetano e São Bernardo, principalmente, foram bastante satisfatórios. Os 18,97% de crescimento nominal de São Caetano significam avanço de 13,06% em termos reais, descontando-se a inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) medida pelo IBGE. São Bernardo veio logo a seguir no G-20 ao registrar, sempre em 2010, 18,67% de crescimento nominal. Santo André cresceu 14,77% (ou 8,86% quando aplicado o desgaste da moeda nacional, segundo o IPCA). Diadema e Mauá cresceram mais discretamente (11,41% e 10,69% em termos nominais e 5,50% e 4,78% quando os números são deflacionados. 

FATOR DEFLATOR   

Se CapitalSocial aplicasse como deflator um medidor utilizado durante as duas últimas décadas de análises econômicas da região produzidas por este jornalista, o crescimento do PIB de vários municípios da Província do Grande ABC estaria mais uma vez comprometido. Em vez do IPCA, seria usado o IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado), da Fundação Getúlio Vargas.   

Em 2010, segundo esse indicador, a inflação atingiu 11,32% no Brasil. Isso significa que apenas Santo André, São Bernardo e São Caetano teriam avançado de fato em geração de riqueza.   

Agora o ranking do G-20, já contabilizados os dados do PIB de 2010:   

1. Guarulhos com 37.139,404 bilhões. 

2. Campinas com 36.688,629 bilhões. 

3. Osasco com 36.389,080 bilhões. 

4. São Bernardo com 35.578,586 bilhões. 

5. Barueri com 27.752,428 bilhões. 

6. Santos com 27.616,035 bilhões. 

7. São José dos Campos com 24.117,146 bilhões. 

8. Jundiaí com 20.124,600 bilhões. 

9. Santo André com 17.256,418 bilhões. 

10. Ribeirão Preto com 17.004,019. 

11. Sorocaba com 16.127,236. 

12. Diadema com 11.254,523. 

13. São Caetano com 11.009,306. 

14. Piracicaba com 10.931,268. 

15. Taubaté com 9.778,529. 

16. São José do Rio Preto com 8.981,999. 

17. Mogi das Cruzes com 8.810,329. 

18. Paulínia com 8.114,787. 

19. Sumaré com 7.848,044. 

20. Mauá com 7.362,093. 



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