Não será hoje, mas garanto para os próximos dias breve análise do documento que me chega às mãos graças à atenção da gerência do Ciesp de Santo André. Trata-se da agenda do movimento Reage ABC entregue segunda-feira à direção da Agência de Desenvolvimento Econômico e, também, por tabela, ao Clube dos Prefeitos.
O Reage ABC é um movimento inédito que saiu às ruas de Santo André para protestar contra muita coisa que está aí. Embora tenha se perdido na sequência, ainda acredita que possa se recuperar. A deficiência das lideranças do movimento foi o baixo preparo para apresentar, de pronto, uma lista de reinvindicações do setor produtivo aos dirigentes políticos que comandam os sete paços municipais.
A distância entre o entusiasmo nas ruas e a falta de planejamento às ações precisa ser superada em nome de uma competitividade econômica regional que já foi para o espaço há muito tempo. Tanto tempo que vários entre os líderes do movimento do empresariado teimaram em admitir um buraco enorme entre o que propagavam aos quatro cantos e o que se via em formas bem nítidas tanto nos indicadores econômicos como no empobrecimento social.
Mais objetividade
Passei os olhos no documento do Reage ABC, fiz algumas anotações, codifiquei alguns pontos (é assim que sempre faço quando me meto a ler qualquer coisa) mas confesso que ainda não estou preparado para emitir um juízo de valor definitivo e, tampouco, escarafunchar cada proposta. Por isso o que vou dizer é temporário, mas sem risco de quebrar a cara: a maioria das propostas tem justeza, mas são poucas que atacam para valer e de forma objetiva, de imediato, os problemas estruturais e conjunturais da economia da região.
Fico feliz com o fato de que, incrivelmente, o documento seguiu parte da trilha que sugeri neste espaço na semana passada: a separação de propostas em níveis municipal, regional, estadual e federal. Faltaram propostas de interesse municipal. Também não se deu a devida importância à sugestão de equalizar as demandas à temporalidade do hoje, do médio prazo e do longo prazo. Não se preocuparam os dirigentes do Reage ABC com a separação do tempo em três níveis, de modo a facilitar o aquecimento das turbinas de eventuais ações. Creio que foi apenas por conta da pressa.
Peço aos leitores, portanto, que esperem um pouco, por alguns dias. Minha agenda está sobrecarregada e preciso de um respiro, mas vou dar conta desse recado de destrinchar o documento do Reage ABC. Se há algo que me estimula é o desafio de buscar saídas para esta Província. Faço isso há 300 anos mas, infelizmente, não conto com um número razoavelmente satisfatório de voluntários.
A região tem muitos profissionais de enrolação, de procrastinação, de marginalização da cidadania. Gente incrustrada em organizações empresariais, sindicais e sociais. Por isso estamos no brejo. E vamos ficar piores na fita, podem anotar, porque a galinha dos ovos de ouro da indústria automotiva vai conhecer anos rebeldíssimos. Acabou a farra lulista.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)