A maioria das alterações propostas pelo Grande ABC ao traçado do trecho sul do Rodoanel deverá ser contemplada pela Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) na execução do projeto, segundo avaliação do coordenador de Gestão Ambiental dessa megarrodovia, Rubens Mazon, que participou das primeiras duas audiências públicas realizadas na região. A análise otimista de Mazon não se aplica, entretanto, à posição de Santo André, considerada muito genérica pelo coordenador. A previsão da Dersa é que as obras do trecho sul comecem no início de 2004, com a aprovação do projeto executivo e o traçado da obra definidos ainda em 2003.
Nas audiências realizadas em 13 e 17 de fevereiro a Dersa recebeu documentos e relatórios das cidades da região. “As prefeituras de São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires fizeram análises muito profundas e pertinentes. Vamos atender sem transtorno nenhum porque são ajustes pequenos” — considera Rubens Mazon. O coordenador da Dersa destaca a alteração no cruzamento do Rodoanel com a Rodovia dos Imigrantes, onde São Bernardo quer uma ligação com a Estrada Galvão Bueno. Mazon revela que na área é possível fazer uma pista marginal da estrada paralela ao Rodoanel até a Imigrantes. No cruzamento com a Via Anchieta, ele entende que a Dersa pode manter o traçado proposto e ajudar São Bernardo na retirada da favela do Areião que ocupa área de proteção aos mananciais.
Rubens Mazon também não vê problemas nas propostas de alteração feitas pelas prefeituras de Mauá e Ribeirão Pires. Em Mauá, as mudanças se referem à extensão da Avenida dos Estados e à ligação da Avenida Papa João XXIII com o Rodoanel, além de compensações ambientais nas proximidades do Parque da Gruta Santa Luzia, já no trecho leste. A Prefeitura de Ribeirão Pires quer atenuar o impacto da obra sobre o Rio Guaió, que tem capacidade para produzir água potável e cuja bacia compreende 15% do Município “Vamos adaptar sem transtornos porque são ajustes pequenos” — garante Mazon.
Discordância de Santo André
A única discordância significativa do projeto original do Rodoanel fica por conta de Santo André. “A Prefeitura continua no terreno do genérico. É o não gosto porque não me agrada”. Sobre a proposta de contornar o traçado do Rodoanel contornar o Parque do Pedroso pelo lado norte, Rubens Mazon é taxativo: “Não faço, a não ser que o Daia (Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental, que emite parecer técnico sobre a obra) me obrigue”. A diretora do Departamento de Gestão Ambiental do Semasa e secretária executiva do Comugesan (Conselho Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental de Santo André), Gabriela Priolli de Oliveira, rejeita a avaliação do representante da Dersa. “Ele está desqualificando um trabalho da Prefeitura que criou grupo com técnicos de cinco secretarias. Será que isso é inconsistente?” — questiona Gabriela.
Fica claro que está em Santo André o maior questionamento ao traçado do trecho sul do Rodoanel, que soma 53,8 quilômetros, a maior extensão da rodovia de 170 quilômetros que circundará a Grande São Paulo unindo 10 rodovias do Estado. A polêmica é quanto à passagem do anel pelo Parque do Pedroso, uma das últimas reservas de Mata Atlântica próximas à mancha urbana do Grande ABC. O traçado proposto pela Dersa passa pelo sul do parque, próximo às margens da Represa Billings.
Representantes de Santo André levantam dúvidas não só ao dano aos mananciais de água da represa como ao fracionamento das favelas locais. Preferem que o Rodoanel contorne o Pedroso pelo norte, o que envolveria custo maior de desapropriações. Gabriela Priolli também não aceita a simples rejeição da opção pelo norte no traçado e exige que a Dersa coloque no papel as razões para descartar a alternativa. “A Dersa tem de apresentar um trabalho com o impacto negativo do traçado pelo lado norte do parque” — exige a secretária-executiva do Comugesan, ao interpretar que também o projeto da Dersa causa impacto no sistema viário de Santo André. “São impactos que não condizem com a política do Município” — critica ela.
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