A Província do Grande ABC vai mal das pernas no Campeonato Brasileiro de Qualidade de Vida, como pode ser chamado o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, anunciado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro com base em dados oficiais do Ministério do Trabalho, do Ministério da Saúde e do Ministério da Educação. A média regional, quando se cruzam os dados dos sete municípios locais, é comprometida pelo baixo desempenho do mercado de trabalho. Como são informações consolidadas de 2013, tudo indica que, ao emergirem os números do ano passado e deste ano, a região vai desabar no quesito.
O Campeonato Brasileiro de Qualidade de Vida acompanha o desenvolvimento socioeconômico dos mais de cinco mil municípios brasileiros, com base em três áreas fundamentais ao desenvolvimento humano: Educação. Saúde e Emprego& Renda. A média regional em Educação é 0,9107 ponto, em Saúde 0,9092 ponto e em Emprego&Renda 0,6547 ponto. O resultado é mais próximo do ideal quanto mais se avizinha de 1,0.
Classificação discretíssima
A média geral – 0,8249 ponto - que leva em contas as três dimensões do Índice Firjan, colocaria a Província do Grande ABC em posição discretíssima no ranking nacional: ocuparia a 238ª posição. O destaque de São Caetano, quarta colocada na classificação nacional, mascara a realidade regional que vai muito além dos 150 mil moradores do Município. Ou seja: a individualidade sempre enaltecida de São Caetano encobre quadro regional bastante preocupante, sobretudo por causa do mercado de trabalho. Saúde, Educação e Emprego& Renda têm o mesmo peso relativo na composição de notas finais do Campeonato Brasileiro de Qualidade de Vida.
O mercado de trabalho é o calcanhar de Aquiles dos municípios brasileiros. No boletim oficial da Firjan, que analisa o ambiente nacional e também a realidade dos Estados, destaca-se que o mercado de trabalho nacional possui a menor quantidade de municípios com alto desenvolvimento (Série A do Brasileiro): apenas seis (0,9%) estão nessa classificação. “Além disso, 269 (41,8%) cidades ficaram com desenvolvimento moderado (Série B), 306 (47,6%) com regular (Série C) e 62 (9,6%) apresentaram baixo desenvolvimento (Série D)”.
Dos sete municípios da Província do Grande ABC, cinco estão na Série B no mercado de trabalho, com viés de baixa: Diadema registrou 0,7276 ponto, Ribeirão Pires 0,6596 ponto, Santo André 0,7740 ponto, São Bernardo 0,6553 ponto e São Caetano 0,7562 ponto. Rio Grande da Serra (0,4894 ponto) e Mauá (0,5206 ponto) estão na Série C no quesito do mercado de trabalho. Na média regional, de 0,6547 ponto, sustenta-se a Série B.
Estudos consolidados
Segundo o estudo da Firjan, o objetivo da vertente Emprego&Renda é captar tanto a conjuntura econômica como características estruturais do mercado de trabalho do Município. Com a revisão metodológica, foram introduzidos dois novos conceitos: formalização do mercado de trabalho local, incorporado na dimensão Emprego; e desigualdade, incluído na dimensão Renda. Para isso, foram adotados parâmetros internacionais de desempenho no mercado de trabalho, tendo como referência o ano de 2010.
Dessa forma, na dimensão Emprego, a conjuntura é retratada pelas taxas de crescimento do emprego formal no ano base e no último triênio, enquanto a parte estrutural fica a cargo do grau de formalização do mercado de trabalho local, medido através da relação entre o estoque de trabalhadores com carteira assinada e a população em idade ativa no Município.
A dimensão Renda, segundo o estudo da Firjan, é composta pelas taxas de crescimento da renda média no ano base e no último triênio, representando os componentes conjunturais, bem como por dois indicadores estruturais: Gini da renda, que ilustra a concentração da renda no mercado formal de trabalho, e massa salarial, que mede a relevância econômica do Município e, portanto, seu potencial de servir como vetor de desenvolvimento para outros municípios.
Santo André é o Município da região que apresentou melhor desempenho no mercado de trabalho, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal: classificou-se em 130º lugar no ranking nacional. São Caetano veio depois com o 191º posicionamento. Seguiram-se: Diadema (319º), Ribeirão Pires (664º) São Bernardo (698º), Mauá (1.971º) e Rio Grande da Serra (2.409º).
Confrontos preocupantes
Quando se colocam os números gerais dos sete municípios da região em confronto com os 15 municípios que detêm as maiores economias do Estado de São Paulo, exceto a Capital, a situação da Província do Grande ABC é preocupante. O G-22, ou seja, os sete municípios locais e os 15 maiores do Estado, é referencial importantíssimo criado por CapitalSocial para medir de forma mais precisa a temperatura econômica e social da região.
Se os sete municípios da região fossem consolidados como espécie de megacidade, porque é assim que os investidores observam esta Província, estaria formado o G-16. Ou seja: a região e os 15 municípios mais poderosos do Estado. O ranking do G-16 em qualidade de vida medida pelo Índice Firjan colocaria a Província acima apenas de Sumaré, Paulínia, Taubaté e São José dos Campos, que têm números gerais inferiores à média regional de 0,8249 ponto. Ribeirão Preto, Campinas, Sorocaba, São José do Rio Preto, Osasco, Guarulhos, Santos, Piracicaba, Mogi das Cruzes, Barueri e Jundiaí têm médias mais elevadas no índice geral.
Quando o confronto leva em conta a média de pontuação da Província do Grande ABC no quesito Emprego&Renda, de 0,6547 ponto, apenas dois municípios ficam abaixo: Taubaté e Paulínia.
Perder a corrida por qualidade de vida no mercado de trabalho, que é a síntese de Emprego&Renda, é péssima notícia. Na medida em que se fragilizam as relações trabalhistas, mais a Província do Grande ABC tende a sofrer percalços em Educação e Saúde. Afinal, os cofres públicos perderão recursos orçamentários para aplicar em políticas sociais.
Espaços a estudos
O G-22 que se transforma em G-16 quando os municípios da região viram apenas um megamunicípio é, portanto, um espaço de territórios que devem ser monitorados pelos agentes públicos locais interessados em impedir que a competitividade regional sofra mais desarranjos. Mas ainda não houve por parte das autoridades publicas e entidade privadas qualquer movimento à introdução de iniciativas de integração regional que fortaleçam o tecido econômico e as relações trabalhistas. O chamado Custo ABC não sofre qualquer revés, enquanto os municípios principalmente do Interior aperfeiçoam modelos de incentivo à produção.
Estamos flertando fortemente com a possibilidade de ingressar na Série C do Campeonato Brasileiro de Qualidade de Vida no quesito mercado de trabalho. A média regional de 0,6547 ponto está levemente acima de 0,6000, limite da categoria. Como os estragos do ano passado e principalmente deste ano no mercado de trabalho são profundos, é melhor não duvidar de más notícias quando o Índice Firjan de 2015 vier a público em dois anos.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!