Sociedade

Média de sumiço de veículos é três
vezes maior do que em Taubaté

DANIEL LIMA - 02/02/2016

A média de casos de roubo e furto de veículos na Província do Grande ABC no ano passado foi três vezes superior a de Taubaté, no Vale do Paraíba. O risco de algum motorista ter de recorrer a taxi ou a carona para voltar para casa é muito maior na região do que naquela cidade do Vale do Paraíba. Taubaté lidera o ranking positivo de furto e roubo de veículos do G-22, grupo formado pelos sete municípios da região e os 15 mais importantes do Estado de São Paulo, exceto a Capital. A média regional só é inferior à registrada por Osasco, na Grande São Paulo, além de vários dos próprios municípios da Província. Ou seja: estamos carregando uma quase lanterninha.


 


O resumo dessa ópera é que é impossível sensibilizar companhias de seguros que cobram mais dos proprietários de veículos da região em comparação principalmente aos grandes municípios do Estado de São Paulo.


 


O confronto com o desempenho geral de Taubaté é emblemático do quanto a região precisa evoluir para atingir números mais satisfatórios nesse tipo de criminalidade. Taubaté acumulou no ano passado  751 casos de roubo e furto de veículos. Como conta com frota de 199.951 veículos, o resultado final é que se consumaram 375,59 casos para cada grupo de 100 mil veículos. A Província do Grande ABC conta com frota de 1.685.446 veículos. Como registrou 19.666 casos de furtos e roubos, a média geral de 1.166,81 está muito acima da apontada em Taubaté.


 


São Caetano em nono


 


Individualmente, o melhor desempenho nesse tipo de criminalidade no ano passado foi constatado na pequena Rio Grande da Serra, com 417,49 casos de furtos e roubos por 100 mil veículos. Se forem considerados apenas os municípios acima de 100 mil habitantes que integram o G-22, quem obteve os melhores resultados da região foi São Caetano, com média de 668,76 casos de furtos e roubos. São Caetano registrou 930 caos desses dois delitos criminais para uma frota de 139.063 veículos.


 


São Caetano foi superada por nove concorrentes do G-22. Além de Rio Grande da Serra, que ficaria em segundo lugar na classificação geral, e de Taubaté, em primeiro, ocuparam as demais posições até o nono lugar os seguintes municípios, pela ordem classificatória: São José do Rio Preto (779,22), Barueri (500,87), Paulínia (505,26), Mogi das Cruzes (573,82), Ribeirão Preto (588,80), Jundiaí (589,88) e Santos (633,77).


 


Virando a tabela classificatória de cabeça para baixo, quem ocupa a liderança absoluta em matéria de precariedade policial no desbaratamento de casos de furtos e roubos de veículos é Diadema, com 1.931,97 casos para cada grupo de 100 mil veículos. Em ordem decrescente seguem Mauá (1.618,67), Santo André (1.251,54), Osasco (1.200,14), Guarulhos (1.071,77), Sumaré (938,01), São Bernardo (863,04), Sorocaba (804,42), Campinas (795,42), Ribeirão Pires (759,53), Piracicaba (754,19) e São José dos Campos (700,92).


 


Rio Preto é exceção 


 


Os números da temporada de 2015 do ranking de furtos e roubos de veículos são sensivelmente melhores que os da temporada de 2014. Tanto que dos 22 integrantes do agrupamento que reúne os 15 maiores municípios do Estado e os sete municípios da região somente São José do Rio Preto selou resultado negativo, com aumento de 9,09%. Rio Preto passou de 420,63 para 487,21 casos. Um crescimento que custou a liderança do ranking, atrás de Taubaté, que reduziu os registros em 15,27% no mesmo período.


 


São Caetano deu grande salto ao deixar o 13º lugar, com média de 1.083,47 ocorrências para cada grupo de 100 mil veículos. Passou a ocupar a nona posição, com 668,76. Nada menos que 38,27% de redução. Quem mais se aproximou do desempenho recuperador de São Caetano foi Barueri, também na Grande São Paulo, com queda de 34,01%. Ribeirão Preto também reagiu aos bandidos com queda de 33,03%. São Bernardo apresentou recuperação bastante intensa, com queda de 25,02% dos casos. Um pouco mais que os 20,08% de Santo André, os 19,45% de Diadema e os 15,08% de Mauá.


 


A Região Metropolitana de São Paulo é mesmo um convite à bandidagem que faz de furtos e roubos de veículos atividade bastante lucrativa. Apenas três dos 10 representantes dessa área geografia no G-22 estão na primeira página, dos 10 melhores classificados, casos de Rio Grande da Serra, São Caetano e Barueri. Os demais se distribuem na segunda página. Se fosse adotado critério de rebaixamento dos seis últimos colocados na média de roubos e furtos de veículos, a Grande São Paulo teria todos os postos ocupados com Diadema, Mauá, Santo André, Osasco, Guarulhos e São Bernardo.


 


Ambiente não ajuda


 


É por conta de estar numa área geoeconômica complexa como a Grande São Paulo que tanto São Caetano quanto Barueri não desfrutam de vantagem de redução do preço das apólices de seguro de veículos semelhante a dos grandes municípios do Interior e do Litoral do Estado. O ambiente metropolitano não é propício a individualidades territoriais. Proprietários de veículos de São Caetano não se limitam a trafegar pelo território local. Há universo gigantesco de proprietários regionalizados nas atividades profissionais e pessoais que exercem.


 


Quem sai de São Caetano, onde os índices de furto e roubo de veículos são bastante discretos, e passa por Santo André, muito mais agressivo na atuação dos bandidos, está sujeito a ataques potenciais mais agudos. Santo André tem, em relação a São Caetano, quase o dobro da média de casos para cada grupo de 100 mil veículos.


 


Já a situação de Taubaté, líder do ranking de combate ao crime de furto e roubo de veículos, é bastante diferente. A região do Vale do Paraíba, da qual Taubaté faz parte, não conta com o mesmo grau de conurbação urbana da Província do Grande ABC. Há menos inter-relações pessoais e econômicas entre os municípios daquela região do Estado de São Paulo. Os demais municípios locais também sofrem menos influência regional por não estarem tão próximas da Capital do Estado e da Região Metropolitana de São Paulo. Situação, portanto, bem diferente da Província do Grande ABC.


 


A praticamente inexistente divisão territorial entre os sete municípios e também a vizinhança com a Capital oferecem vantagens e desvantagens sistêmicas à Província do Grande ABC. No caso dos indicadores de criminalidade, os reveses são irreversíveis. Nem os proprietários de veículos de São Caetano escapam à ação dos marginais. Eles são menos roubados e furtados nos 15 quilômetros quadrados de São Caetano, mas não escapam à ação dos bandidos em outros municípios próximos.


 


Por isso, o custo do seguro de veículos é mesmo mais caro aos quase 1,7 milhão de proprietários de veículos registrados na região e também aos quase oito milhões de motoristas da Capital e alguns milhões a mais na Grande São Paulo. 


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