Os leitores seriam capazes de definir a personalidade de terceiros que julgam conhecer suficientemente bem sem o risco de cometerem barbaridades de injustiças? Vou tentar ajudar a construir um arrazoado que contribuiria para esculpir um quadro relativamente próximo a cada interlocutor conhecido dos leitores. Isso não impede que o leitor também possa meter o bedelho e atribuir juízo de valor à imagem de terceiros que mal conhecem, ou conhecem por ouvir falar, ou por conta dos múltiplos sistemas de comunicação.
Esse Teste de Personalidade Alheia é uma brincadeirazinha séria. É espécie de Candinha com metodologia prosaica. Como se sabe, não sou psicólogo e tampouco psiquiatra. Sou apenas um jornalista que detesta a rotina de mesmices do mercado de informação. Não mais que isso.
Atenção, portanto, porque vou listar alguns nomes conhecidos de muita gente. Em seguida, vou desfilar o conjunto de personalidades alternativas. Basta compatibilizarem os valores de acordo com a subjetividade própria do conhecimento proporcionado por relacionamentos de verdade ou virtuais. Vamos aos nomes:
1. Lula da Silva
2. Luiz Marinho
3. Geraldo Alckmin
4. Carlos Grana
5. Paulo Pinheiro
6. Donisete Braga
7. Luiz Fernando Teixeira
8. Orlando Morando
9. Alex Manente
10. Aidan Ravin
11. Raimundo Salles
Agora vamos às opções do Teste de Personalidade Alheia:
1. Autoritário oculto
2. Autoritário explícito
3. Autoritário conciliador
4. Conciliador oculto
5. Conciliador explícito
6. Conciliador autoritário
Como se observa, é uma enrascada interpretativa e tanto. Sugiro aos leitores que se desgarrem de sentimento simplificador. Geralmente nem tudo que reluz no reino da personalidade alheia é ouro de verdade absoluta. Há no conjunto da sociedade regras invisíveis que alinhavam comportamentos nem sempre decifráveis, porque muitas vezes permeados de simbolismos despistadores.
Para tentar facilitar a vida dos leitores decididos a associar os nomes sugeridos acima com uma, apenas uma, definição de personalidade, vou ser breve. Vamos lá então?
1. Autoritário oculto – É um artista talentoso na arte da dissimulação, porque faz parecer o que não é. Raramente levanta o tom de voz, é desmesurado em gentilezas, transforma elogios em torrente verborrágica -- mas faz tudo isso para preparar o encalacramento de interlocutores. Não arreda pé, portanto, dos objetivos previamente definidos.
2. Autoritário explícito – Não faz a menor questão de parecer diferente do que é de fato. Transforma a meta traçada em questão de honra que não se dobra a eventuais barreiras. São tratores nos relacionamentos interpessoais.
3. Autoritário conciliador – O que o diferencia dos anteriores é que geralmente os interlocutores não se sentem usurpados com os resultados finais porque prevalece um jogo de cintura de especialista em obter o que se quer sem causar danos colaterais perturbáveis. O autoritário conciliador é rigorosamente a impetuosidade com freios providenciais, dotado de mecanismos psicológicos que ajustam intensidade e adequação a cada situação.
4. Conciliador oculto – Como um bom árbitro de futebol, pouco aparece para o distinto público do entorno em que atua, mas tem capacidade de gerenciamento de informações e decisões que o colocam em discreta posição de consulta obrigatória. Não oferece riscos a personalidades mais abrasivas com as quais convive porque age com a sabedoria que aproxima conteúdo e forma em permanente processo de aperfeiçoamento.
5. Conciliador explícito – Esse modelo faz questão de se destacar. Jacta-se da influência que exerce sobre o entorno corporativo, familiar ou social. É habilidoso na condução de medidas coletivas que resultem em benefícios coletivos e, por isso mesmo, é sempre requisitado em operações complexas. A fama de conciliador explícito exige autocontrole que minimize o potencial predomínio do ego sobre a inteligência.
6. Conciliador autoritário – A conciliação de interesses difusos pode ser exercida com autoritarismo de quem tem habilidade para impulsionar o movimento das pedras de soluções aparentemente impossíveis. O conciliador autoritário não é um profissional qualquer, porque existe uma linha muito tênue a diferenciá-lo do autoritário conciliador. O que os separa é que o conciliador autoritário está sempre pronto a ser requisitado por terceiros impotentes ante problemas coletivos, enquanto o autoritário conciliador não passa socorrista ao qual terceiros se dirigem certos de que as medidas serão resolutivas, mas podem ter prazo de validade mais curto.
Inspiração explicada
Só espero que os leitores não exijam demais deste artigo porque o fiz em menos de 15 minutos, inspirado na definição do ex-deputado petista Paulo Delgado, hoje crítico do partido que, numa entrevista ao suplemento de final de semana do jornal Valor Econômico, definiu Lula da Silva como “autoritário oculto”. Gostei da definição e, hoje de manhã, rapidamente, listei outros tipos com as quais convivemos no dia a dia, quer no corpo a corpo, quer como agentes midiáticos.
Será que o leitor terá coragem de definir a que tipo de personalidade pertence cada um dos personagens sugeridos neste texto? Como não sou de fugir da raia, não tenho receio de responder. Mas o faço com um cuidado especial, que precisa ser explicado. Não seria o fato de determinadas definições se encaixarem igualmente a várias personalidades listadas que o resultado final é exatamente o mesmo.
Vou explicar. O Teste de Personalidade Alheia é um retrato do comportamento que detectamos em terceiros. Tem estreita relação com o temperamento de cada um deles. Temperamento, como se sabe, é uma coisa. Caráter é outra. Ou seja: personalidades agrupadas num determinado segmento do Teste de Personalidade Alheia não são necessariamente semelhantes no conjunto da obra, porque podem se diferenciar em termos de caráter que, como se sabe, só reúne duas tipificações – ou é bom ou é mau, não tem conversa.
Também não se deve considerar o resultado do Teste de Personalidade Alheia medidor inquestionável de aprovação ou reprovação. Não existe apenas uma fórmula do que se convencionou chamar de competência. Em muitas situações os resultados obtidos passam a léguas de distância do que aparentemente seria o caminho comportamental mais adequado. Sucesso e fracasso não se consumam com base num eventual manual de bom comportamento. Aliás, neste País, quanto mais a ética e a moralidade seguirem no acostamento da civilidade, mais dificuldades seus detentores terão de chegar aonde pretendem.
Vou responder ao desafio a que me impus. Eis a lista dos nomes sugeridos acima e as respectivas avaliações no Teste de Personalidade Alheia.
1. Lula da Silva – Autoritário oculto
2. Luiz Marinho – Autoritário explícito
3. Geraldo Alckmin – Conciliador explícito
4. Carlos Grana – Conciliador explícito
5. Paulo Pinheiro – Conciliador explícito
6. Donisete Braga – Conciliador oculto
7. Luiz Fernando Teixeira – Autoritário explícito
8. Orlando Morando – Autoritário explícito
9. Alex Manente – Autoritário oculto
10. Aidan Ravin – Autoritário oculto
11. Raimundo Salles -- Autoritário explícito
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!