A notícia de que a Polícia Federal desbaratou em Alagoas uma quadrilha especializada em enriquecimento ilícito com o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, causou inquietação na Província do Grande ABC. Ainda não há informação segura sobre o espalhamento da operação da PF, mas tudo indicaria que a Província faz parte do roteiro. Há uma máfia regional a ser desmascarada. O modelo de atuação na região transformaria os delinquentes de Alagoas em batedores de carteira.
Há nomes frequentes no colunismo social da região que estariam em situação delicada se os federais chegarem para valer. Faltam números oficiais da Caixa Econômica Federal, mas não foram poucas as unidades de Minha Casa Minha Vida construídas na região. Sabe-se de fontes que se calam porque têm receio de represálias que não faltaram sabidões a mexer os pauzinhos para fabricar brechas que os levaram à farra do boi do dinheiro fácil.
Um construtor muito conhecido na região estaria metido na enrascada. Ele teria formado um grupo ligado diretamente a administradores municipais para colocar todo o conhecimento de mercado imobiliário a serviço da causa. Ele teria uma queda pelos pobres e miseráveis que evocaria canonização.
Os integrantes da Máfia do Minha Casa Minha Vida não região já estão inquietos com o noticiário que vem das alagoas, ficarão ainda mais agora que estou a revelar o quanto também são prestativos aos anseios dos marginalizados sociais. Esses dignos representantes do que há de mais articulado em matéria de produção de fortuna na região são almas generosas – com o dinheiro dos outros, claro.
Gente fina é outra coisa
Diria sem medo de parecer ostensivamente ingênuo que todos os integrantes dessa quadrilha em prol da sociedade anônima e da sociedade limitada -- não da sociedade que o leitor imaginou -- todos eles mereciam receber títulos de cidadãos honorários em suas respectivas áreas geográficas de atuação – se já não o receberam, claro.
Aliás, acho que um e outro já foram condecorados por vereadores igualmente sensíveis às causas populares. Nada mais lógico. Quem imagina que apenas as grandes empreiteiras contam com gente sempre disposta a colaborar com os políticos deveria fazer um curso vapt vupt de engenharia política. A prática é muito antiga, como se sabe, mas ganha sofisticação porque brasileiro tem mente fértil e bolsos ambiciosos.
Tenho informações para, mais que suspeitar, apostar que a máfia regional do Minha Casa Minha Vida não é uma abstração. Fiz incursões poucos profundas mas suficientes para chegar a um ponto de inflexão que assegura a existência de um manancial de irregularidades. Não levei as investigações adiante porque estou sobrecarregado e, principalmente, não vejo nas instâncias locais, incluindo o Ministério Público Estadual, sinais consolidados de que aprofundaria uma iniciativa que é obrigatoriamente do Estado, não de um jornalista isoladamente.
Decepções seguidas
Coleciono decepções com o Ministério Público Estadual alocado na Província do Grande ABC. Tanto que praticamente joguei a toalha. O caso Marco Zero da Vergonha, do conglomerado MBigucci, é o mais clamoroso descaso já cometido pelo MP. Há provas contundentes à espera de penalidades. Aquela roubalheira se configurou tão escandalosa que nem o ímpeto ditatorial de Milton Bigucci reagiu com a impetração de ação judicial para tentar me colocar atrás das grades, como tanto ele anseia utilizando-se de sofismas. Ir à Justiça contra este jornalista que denunciou a roubalheira poderia abrir brechas a uma investigação completa do caso. Uma investigação que fiz e entreguei ao Ministério Público Estadual. Uma investigação respaldada por especialistas.
Por essas e por outras torço mesmo é pela chegada (se já não chegou) da Polícia Federal. Quem sabe os desdobramentos da Operação Lava Jato não tenham detectado irregularidades no programa Minha Casa Minha Vida na região?
No fundo, no fundo, não há grandes diferenças entre uma coisa, a Petrobras, e outra coisa, o MCMV. Tudo pode ser colocado no mesmo balaio de gatos de falcatruas com a finalidade de enriquecimento de agentes públicos e privados, com ramificações políticas e partidárias.
Não faltam movimentos sociais a lubrificar essa engrenagem. Alagoas é fichinha perto do que ocorre na Província. Polícia Federal nesses bandidos sociais.
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21/01/2025 PAULINHO, PAULINHO, ESQUEÇA ESSE LIVRO!