Com queda na classificação do G-22 Paulista (grupo dos sete municípios da região e os 15 maiores do Estado de São Paulo) da terceira para a 12ª posição em 21 anos, São Bernardo sofre duramente com a desindustrialização -- seguida de empobrecimento da população -- medida pela Consultoria IPC Marketing, especializada em potencial de consumo. Nenhum outro Município entre os mais desenvolvimentos do Estado acusou baixa tão comprometedora.
O potencial de consumo é indicador mais valioso que o PIB (Produto Interno Bruto), porque mede com precisão de dados oficiais o quanto cada morador de um determinado Município tem acumulado para consumir a cada temporada. No caso do potencial de consumo, a riqueza é medida de acordo com os rendimentos dos moradores locais, não importando o local em que mantêm atividades econômicas. O PIB contabiliza geração de riqueza em cada Município, geralmente distribuída em larga escala a outras localidades em forma de consumo.
Mais de um quarto da população economicamente ativa da região trabalha na Capital. Mais da metade da população economicamente ativa de Santo André atua fora dos limites territoriais do Município. Por isso que há descasamento entre o PIB e o Potencial de Consumo em Santo André e em tantas outras localidades.
São Bernardo vem despencando anualmente no ranking porque reúne perversa associação de desindustrialização e aumento populacional. Potencial de consumo por habitante é uma medição que coloca a riqueza acumulada de cada Município num compartimento de atenção máxima em relação ao desenvolvimento econômico.
Descentralização frustrante
A gravidade da situação econômica e social de São Bernardo, maior que a do restante da Província do Grande ABC, ainda não mereceu a devida atenção dos agentes públicos. Iniciativas do prefeito Luiz Marinho para descentralizar a economia local, retirando-a das garras muito sensíveis da indústria automotiva, seguem sem solução. Houve apenas alguns ensaios com a indústria de defesa, de gás e de petróleo. Tudo não passou de marketing associado à proximidade de forças petistas junto à Petrobras.
Os números não deixam dúvida de que São Bernardo é um caso especial na configuração do G-22 e especialmente da Província do Grande ABC. Basta comparar dados relativos a 1995, quando a Consultoria IPC produziu os primeiros estudos sobre potencial de consumo no País, e os projetados para esta temporada.
Em 1995 São Bernardo só perdia em potencial de consumo por habitante para São Caetano e Santos, e mesmo assim por diferença mínima. Cada morador de São Bernardo contava com R$ 6.490,67 em valores não deflacionados (ou seja, sem correção inflacionária) na temporada de 1995, ano seguinte à implantação do Plano Real. Os habitantes de São Caetano contavam em média com R$ 6.920,90 e os de Santos, em segundo lugar, R$ 6.577,93.
Na outra ponta do estudo de CapitalSocial, sempre com base nos dados da Consultoria IPC, em 2016, cada morador de São Bernardo contará com R$ 23.634,66 para consumir, ante R$ 34.938,31 de São Caetano, que segue na liderança, e R$ 33.051,26 de Santos, segundo colocada. A diferença passou a ser enorme: 32,90% favorável a cada morador de São Caetano e R$ 29,07% a Santos. Mais que isso: São Bernardo foi ultrapassado seguidamente durante as duas décadas pela média de potencial de consumo dos moradores de Ribeirão Preto, Campinas, Santo André, São José do Rio Preto, Jundiaí, São José dos Campos, Sumaré, Paulínia e Mauá. Dessa forma, está à frente apenas de Osasco, Piracicaba, Barueri, Taubaté, Diadema, Mogi das Cruzes, Sorocaba, Ribeirão Pires, Guarulhos e Rio Grande da Serra no G-22.
Dos sete municípios da região que integram o ranking do G-22 no acumulado de riqueza por habitante, somente São Bernardo e Rio Grande da Serra sofreram reveses na classificação geral entre 1995 e 2016. Diadema subiu do 20º para o 17º lugar, Mauá do 19º para o 11º posto e Rio Grande da Serra caiu do 21º para a 22º lugar.
No tabuleiro comportamento da economia dos integrantes do G-22, oito municípios mantiveram posição no critério per capita nos 21 anos pesquisados por CapitalSocial com assessoria da Consultoria IPC. São Caetano (1º), Santos (2º), Campinas (4º), Santo André (5º), Jundiaí (7º), São José dos Campos (8º), Paulínia (décimo) e Osasco (13º) nem ultrapassaram nem foram ultrapassados pelos demais competidores. Taubaté (do 17º para o 16º), Barueri (do 18º para o 15º), Mauá (do 19º para o 11º), Diadema (do 20º para o 17º) e Ribeirão Preto (do sexto para o terceiro) registraram avanços. Mas quem mais cresceu mesmo em potencial de consumo por habitante no período foi Sumaré, na região de Campinas, ao passar do 22º para o nono lugar. Caíram, além de São Bernardo e Rio Grande da Serra, Sorocaba (do 11º para o 19º lugar) e Guarulhos (do 15º para o 21º).
Números absolutos
Quando se colhem os números absolutos do potencial de consumo, que envolvem em valores monetários de todos os moradores de cada Município – ou seja, dispensando-se o fator per capita – a Província do Grande ABC acusa perdas ao longo dos 21 anos. A participação da região no bolo geral do G-22 em 1996 alcançava em valores nominais R$ 11.560.456 bilhões. Já em 2016 o total atingiu R$ 66.854.323 bilhões. A variação nominal de 478,30% no período é inferior à média dos demais 15 municípios do agrupamento, que registrou 567,16%, ou seja, 15,66% acima dos números da região. O peso da decadência econômica de São Bernardo interfere diretamente na diferença.
Tanto interfere que, quando se mede o tamanho da participação dos sete municípios da região no potencial de consumo do G-22, sempre dispensando os valores por habitante, constata-se a queda do índice de 27,94% registrado em 1995 para 25,15% em 2016. Uma diferença de mais de dois pontos percentuais e de 6,62%. Cada ponto percentual equivale a R$ 265,760 milhões, já que a previsão para esta temporada é de que o potencial de consumo do G-22 registrará R$ 262.760 bilhões. São Bernardo teve participação reduzida no G-22 nos 21 anos de estudos: era de 9,49% em 1995 e caiu para 7,20%.
Acompanhe o ranking do G-22 com números do potencial de consumo per capita da Consultoria IPC em 1995. O ranking de 2016 está em texto no link abaixo:
1. São Caetano, R$ R$ 6.920,90.
2. Santos, R$ 6.577,93.
3. São Bernardo, R$ 6.490,67.
4. Campinas, R$ 6.369,32.
5. Santo André, R$ 5.530,64.
6. Ribeirão Preto, R$ 5.489,50.
7. Jundiaí, R$ 5.430,29.
8. São José dos Campos, R$ 5.251,41.
9. São José do Rio Preto, R$ 5.161,84.
10. Paulínia, R$ 4.969,29.
11. Sorocaba, R$ 4.835,98.
12. Piracicaba, R$ 4.820,16.
13. Osasco, R$ 4.582,73.
14. Ribeirão Pires, R$ 4.554,02
15. Guarulhos, R$ 4.476,19.
16. Mogi das Cruzes, R$ 4.447,30.
17. Taubaté, R$ 4.352,90.
18. Barueri, R$ 4.262,96.
19. Mauá, R$ 3.956,89.
20. Diadema, R$ 3.928,25.
21. Rio Grande da Serra, R$ 2.705,64.
22. Sumaré, R$ 2.476,77.
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