Regionalidade

Cresce área
de consultoria

DANIEL LIMA E MALU MARCOCCIA - 05/03/1997

Um dos mais promissores filões do Grande ABC cada vez menos industrial e mais prestador de serviços é a área de consultoria empresarial. Há 10 anos essa atividade era praticamente ignorada na região. Há cinco anos ainda era incipiente. Agora vive momentos de efervescência. A disseminação da terceirização combinada com o caráter emergencial de atualização das estruturas administrativas e operacionais estimula o surgimento de especialistas. Há pequenas e médias consultorias e mercado para quem tem recado a dar. A Gobbi & Gaiarsa Consultores Associados provavelmente é de perfil único na região, voltada para introdução de Plano Diretor de Informática e Desenvolvimento Organizacional.


A Gobbi & Gaiarsa está atuando no mercado desde 1985. Ajuda os clientes na busca de soluções abrangentes de desenvolvimento organizacional e de tecnologia de informação ao oferecer serviços de consultoria embasada no conhecimento conceitual e metodológico de seus sócios e consultores associados. Há em comum entre os dois sócios da empresa e os quatro consultores associados o que o diretor Ângelo Gaiarsa Neto chama de senioridade, pelo fato de todos serem oriundos de bem-sucedidas carreiras executivas em empresas nacionais e internacionais.


O currículo de Gaiarsa conta sua passagem pela Volkswagen do Brasil no período de 67 a 77, numa trajetória ascendente em funções técnicas e gerenciais da área de Organizações e Métodos. Gaiarsa é graduado em Administração de Empresas com especialização nas áreas de O&M, Sistemas de Informação e Processamento de Dados. Atuou como professor universitário e foi gerente geral de informática da CTBC, Companhia Telefônica da Borda do Campo.


Roberto Gobbi é pós-graduado em Planejamento e Mudança Organizacional, graduado em Administração de Empresas, especializado em Desenvolvimento Organizacional e Informática, professor universitário e formação básica voltada para a indústria de manufatura, com foco na engenharia de produção. Ele também trabalhou na Volkswagen do Brasil, ocupando diversos cargos durante 20 anos, depois de 15 anos de experiência na Elgin Máquinas, Roberto Bosch do Brasil, São Paulo Alpargatas e Freios Vargas.


Gobbi participou do grupo que viabilizou a joint-venture Autolatina, ao representar a Volkswagen para assuntos de Organização e Sistemas de Informação. Ele ajudou a planejar a integração e a reorganização das áreas de sistemas e telecomunicações da Ford e da Volks, entre outras atividades.


Os dois sócios da Gobbi & Gaiarsa projetam grandes saltos nos próximos anos, com a contratação de novos sócios-consultores. Eles lembram que a década de 90 vem exigindo modelos de gestão mais ousados para adequar as empresas à globalização da economia, à competitividade crescente e à modernização tecnológica. “As empresas estão buscando agilidade nos processos decisórios, estruturas organizacionais leves e flexíveis e sistemas de informação eficientes e eficazes” — lembra Gaiarsa. “Antecipar ajustes em áreas fundamentais da organização, assim como ampliar a visão da gerência e dos colaboradores frente aos negócios e estabelecer o clímax organizacional de permanente competitividade ganham destaque nas decisões estratégicas das empresas” — completa Gobbi.


Uma lista cada vez mais extensa de empresas que mantêm ou já mantiveram contratos com a Gobbi & Gaiarsa, boa parte das quais sediada no Grande ABC, dá idéia da temperatura aquecida em que se transformou o mercado de consultoria. A Shellmar Embalagens, de São Bernardo, foi a primeira cliente da Gobbi & Gaiarsa e até hoje, depois de passar por processo de nacionalização e de reatualização estrutural, está ligada aos consultores. Um antigo relacionamento profissional com Paulo Setúbal coloca as empresas do Grupo Duratex e a Itautec Informática como parceiros preferenciais da consultoria.


Um dos contratos mais importantes tem a CTBC como cliente. A empresa estatal de telecomunicações do Grande ABC está sendo preparada para a privatização, assim como as demais concessionárias do Sistema Telebrás. A empresa foi repartida em três fatias interdependentes para ganhar todas as características de organização eficiente, pronta para competir no mercado concorrencial. A Gobbi & Gaiarsa cuida de um terço dessa reestruturação, enquanto a Fundação Cristhiano Ottoni, com Gestão de Qualidade Total, e a Prendex Brasil, com perfil comportamental, complementam o trabalho.


A dinâmica da banda de modernidade da economia do Grande ABC não está circunscrita a uma estatal presa ao Sistema Telebrás e tampouco a representações do setor industrial que já acordaram para a nova realidade do mercado. Na área de serviços, o contrato de seis anos com o Hospital Brasil garante atualização permanente. Até na área corporativa, no caso da Acisa, Associação Comercial e Industrial de Santo André, os dois consultores marcaram presença quando, há seis anos, implementaram completa reorganização no Serviço de Proteção ao Crédito, até então escravo do controle manual de milhares de fichinhas, num processo tão ágil quanto um cágado. Desde então, a Acisa foi entronizada no mundo de Bill Gates.


Ângelo Gaiarsa e Roberto Gobbi têm escritório praticamente no centro de Santo André. Basta dar uma espiada na janela do sexto andar para se observar um contraste típico de uma região que envelheceu enquanto incorporava novidades de forma aleatória em sua geografia. Da mesma forma que, com algum esforço, se pode ver o centro comercial e se imaginar o prolongamento de ruas que dão acesso ao Shopping ABC, ex-Shopping Mappin, marco do desabrochar dos centros de compras planejados na região, ou mesmo ao Carrefour, igualmente bandeirante no setor, os olhos repousam também em vários e antigos galpões industriais abandonados ou simplesmente inadequadamente utilizados. Esses galpões, na maioria de antigas fábricas têxteis, se misturam a lojas comerciais, a residências e também a imponentes edifícios residenciais. Ao rés do chão, essas antigas concentrações do operariado dificilmente são identificadas ou assumem as dimensões do esfacelamento industrial que ganha maior gravidade em bairros periféricos. Ironicamente, da janela de um sexto andar fronteiriço de uma empresa de consultoria de ponta, esses superados territórios de produção ao menos transmitem uma mensagem emblemática para quem quer continuar com seu negócio: já se foi o tempo da improvisação, do deixa para depois e da administração voltada ao próprio umbigo. Os diretores da Gobbi & Gaiarsa talvez possam economizar palavras nas negociações com futuros clientes que visitarem seu escritório. Basta apontar para o horizonte próximo e indicar o caminho natural de quem, desprezando Vandré, não sabe fazer a hora e espera acontecer.


Exatamente porque se dissemina o conceito de que empreendimento de sucesso é empreendimento calcado em bases científicas, e que a tecnologia da informação pode ajudar a fazer a diferença entre o azul e o vermelho do balanço, os diretores da Gobbi & Gaiarsa representam um promissor naco de negócios que tem várias dezenas de representantes voltados para as mais diversas atividades de um Grande ABC de fundas transformações. São empresas de cérebros que ocupam cada vez mais espaços para salvar e embalar empresas direcionadas para o foco de produção.


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