Regionalidade

Futuro desejado
já está no papel

DANIEL LIMA - 05/09/1999

O Grande ABC já sabe o que quer para o futuro. Para quem não acompanha os trabalhos da Câmara Regional, o documento aprovado no mês passado pelo Conselho Deliberativo pode caracterizar perda de tempo. Mas é equívoco ridicularizar os esforços de representantes dos municípios, da sociedade organizada e do governo do Estado para especificar o plano de vôo dessa que é a instituição mais importante no organograma regional. Mesmo ao se considerar certo excesso atribuir ao documento a pomposa denominação de Planejamento Regional Estratégico, porque essa etapa ainda não foi atingida, soa mesquinho desqualificar a força-tarefa que tem marcado as constantes reuniões de técnicos públicos e privados que pretendem recolocar nos trilhos da modernidade uma economia envelhecida pela globalização. 


Só o fato de os atuais governantes do Grande ABC -- que lideram o processo da Câmara Regional -- terem alçado aspectos econômicos como base do documento os diferencia dos antecessores que, feito marcianos, ignoraram os apertos da região que vêm de longa data e se agigantaram a partir da abertura econômica do País no início desta década. 


A expectativa de Maria Inês Soares, prefeita de Ribeirão Pires e coordenadora da Câmara Regional, é de que as propostas estarão concluídas até novembro. O Grande ABC que se quer para os próximos 10 anos foi subdividido em sete eixos estruturantes, expressão adotada pela Câmara Regional que, segundo define o documento, são agrupamentos temáticos de programas e ações utilizados no processo de planejamento regional estratégico. Os sete eixos são: Educação e Tecnologia; Sustentabilidade das Áreas de Mananciais; Acessibilidade e Infra-Estrutura; Diversificação e Fortalecimento das Cadeias Produtivas; Ambiente Urbano de Qualidade; Identidade Regional e Estruturas Institucionais; e Inserção Social.    


O texto introdutório do documento aprovado pelo Conselho Consultivo é sintomático do momento em que vive a região e que muitos ignoravam ou irresponsavelmente procuravam escamotear até recentemente: "Uma perspectiva de futuro para o Grande ABC deve oferecer respostas criativas e em paralelo ao duplo desafio que se põe às gerações presentes. Essa deve buscar de um lado o surgimento de novas tendências de desenvolvimento, consistentes, que requalifiquem e potencializem o ambiente econômico regional, na indústria e na expressão do setor de serviços e comércio de alto valor agregado; de outro, com importância equivalente, criar as condições para o aperfeiçoamento e renovação contínua do parque industrial já existente". 


Várias das questões abordadas de forma inédita por LivreMercado fazem parte do trabalho. Mas o mais relevante é que o quadro de inquietação que envolve as atividades econômicas, inserido de forma explícita ou implícita no documento, forma espécie de compêndio histórico das reportagens desta publicação.


Eis os pontos específicos que são objetos de estudos e propostas do grupo que trata do eixo estruturante relacionado à Diversificação e Fortalecimento das Cadeias Produtivas: 

 Geração de pequenas empresas de base tecnológica.

 Expansão e aumento de competitividade da indústria petroquímica.

 Aumento da competitividade do setor automotivo.

 Criação de distritos industriais e de serviços envolvendo o fortalecimento da pequena indústria a partir de estratégias setoriais. 

 Estímulo ao turismo regional, com exploração não predatória do patrimônio ecológico, cultural e histórico.

 Plano Diretor para o setor terciário, abrangendo pesquisa, capacitação e aumento da competitividade de pequenos e médios comerciantes e prestadores de serviços.

 Fortalecimento do comércio de rua, tornando-o competitivo relativamente aos grandes centros comerciais (shoppings).

 Formalização de acordos para compatibilizar a evolução dos níveis salariais e de emprego com o aumento da produtividade. 


Como se observa por esta amostra da área econômica, o documento é espécie de carta de intenções, como definiu o professor universitário e consultor de empresas Antônio Joaquim Andrietta, membro do Conselho Consultivo desta revista. Pode não ser, de imediato, a salvação da lavoura regional, mas, mesmo com alguns exageros, é muito melhor do que a política de avestruz que o Grande ABC adotou até recentemente.


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