Os 220 convidados que compareceram ao auditório da Telefônica em Mauá para o lançamento do Construindo o Futuro não precisaram ouvir mais que alguns depoimentos para entender o espírito do programa promovido pela revista LivreMercado e Diário do Grande ABC. Com o compromisso público de engrossar o coro da reivindicação localizada contra a suspensão do fluxo regular de trens até Paranapiacaba, a coordenação do evento traduziu em atitude o que as palavras ainda não tinham conseguido esclarecer na totalidade.
A intenção do gerente social da Subprefeitura de Paranapiacaba, Tomaz José Padovani, ao se pronunciar sobre o Construindo o Futuro era similar à da maioria que fez uso da palavra. Padovani elogiou a iniciativa, falou sobre ações pontuais na Vila, mas não imaginou que sua indignação sobre a interrupção do transporte ferroviário até Paranapiacaba nos dias úteis a partir de 13 de setembro, conforme comunicado oficial da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), pudesse se transformar no ponto de partida do projeto LM-Diário.
"Sem acesso e sem o direito de ir e vir, está se caminhando para o passado" -- comparou Padovani. A questão que envolve os 2,5 mil moradores de Paranapiacaba é exemplo emblemático de como LivreMercado e Diário do Grande ABC pretendem transformar problemas cotidianos da região em assuntos de discussão obrigatória. São questões aparentemente pequenas como uma rua sem asfalto, a lentidão na obtenção de uma certidão ou cobrança indevida de impostos que podem representar entraves para o ambiente produtivo e comunitário do Grande ABC.
No discurso de apresentação, o diretor-executivo de LivreMercado, Daniel Lima, deixou claro que nem a revista nem o Diário do Grande ABC têm a pretensão de assumir a paternidade do projeto e conclamou todos ao trabalho. "Queremos nos desvincular do monitoramento para compartilhar decisões. Planos são importantes, mas precisamos colocar a mão na massa" -- convidou. O diretor do Diário do Grande ABC, Evenson Dotto, emendou: "Nosso papel é promover a integração das entidades".
Tolerância zero e solidariedade -- Construindo o Futuro está ancorado em duas vertentes: Solidariedade Total e Tolerância Zero. A primeira vai ao encontro do crescente papel social das empresas e propõe uma rede de cooperação corporativa nas áreas assistencial, educacional e alimentar, entre outras. Uma das sugestões é criar ações complementares para que, por exemplo, uma carga de alimentos de uma empresa possa ser transportada por outra até a instituição beneficente, em ação de sinergia, sem custos adicionais.
A Tolerância Zero pode ser comparada ao programa instituído com sucesso em Nova York para combater os pequenos delitos. A versão regional procura quebrar a espinha dorsal da lentidão do Poder Público, que acrescenta estresse desnecessário à rotina do empreendedor. "O empresário não quer facilidade. Quer agilidade" -- lembrou o ex-assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Santo André e executivo da Polietilenos União, Nívio Roque.
Não por acaso, Mauá foi escolhida para o lançamento por ser a única cidade do Grande ABC a apresentar crescimento na arrecadação do ICMS e nos índices de emprego formal. Mauá criou ambiente propício de relacionamento com a iniciativa privada porque identificou as necessidades produtivas e descomplicou o acesso a informações, entre outras iniciativas que ainda contemplaram novo zoneamento do Pólo de Sertãozinho. Os resultados da ação efetiva de atração de empresas para o Município foram tema de Reportagem de Capa de LivreMercado Estadual de agosto e que pode ser lida também no site www.livremercado.com.br. "Viemos para Mauá por insistência do Poder Público local" -- lembrou o presidente da Coop, Antonio José Monte. A rede de supermercados vai inaugurar a 14ª loja na região, tem duas unidades em São José dos Campos e acaba de adquirir loja em Tatuí, Interior de São Paulo.
Mesmo assim, o politicamente correto Oswaldo Dias não demonstrou qualquer intenção de ser referência a outros municípios da região. O prefeito da cidade que atraiu 51 indústrias nos últimos quatro anos não se furtou em fazer mea culpa e reconhecer que, apesar de todos os esforços, ainda existe burocracia desnecessária na Prefeitura. "A cidade não é do partido A, B ou C. A cidade é da população" -- sentenciou.
Se o prefeito não fez questão de esconder que ainda é necessário eliminar ranços atávicos da burocracia, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mauá, Paulo Eugênio Pereira, escancarou os exemplos. Citou que empresas do Pólo de Sertãozinho não conseguiram ser atendidas pelos representantes da Telefônica quando enfrentaram problemas de comunicação e considerou sintomático o lançamento na sede da concessionária de telefonia. O secretário também se referiu a problemas de certidões de uso do solo que emperram na burocracia municipal. "Infelizmente não há visão estratégica em todos os escalões do funcionalismo" -- lamentou.
Estratégia também foi o tema da didática intervenção do representante do conglomerado Fiesp/Ciesp, Fausto Cestari. O empresário convidou à reflexão sobre o conceito que cada um tem de individualidade e o que se pode fazer para o bem comum do Grande ABC. Cestari relacionou o Construindo o Futuro à mudança de modelo mental capaz de estimular a vibração sobre aquilo que está efetivamente ao alcance das mãos. "O futuro pertence a quem tiver capacidade de propô-lo" -- encoraja. O diretor-titular da Aciban, primeiro condomínio industrial do Pólo de Sertãozinho, também foi enfático: "Acredito que acordamos" -- disse em referência à associação que dirige.
Participação -- O primeiro encontro Construindo o Futuro reuniu empresários do Pólo de Sertãozinho e do Pólo Petroquímico de Capuava, além do Poder Público e entidades de classe em café servido pelo Delicatté Alimentação para Eventos, de São Bernardo. O cerimonial foi composto pela apresentação de três vídeos institucionais -- sobre Mauá, Diário do Grande ABC e Prêmio Desempenho de LivreMercado -- e recheado com a participação da platéia. Além de empresários e políticos, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC também marcou presença. João Martins Lima, representante do presidente Luiz Marinho, fez questão de anunciar que a entidade passou a engrossar o pelotão do programa. O deputado estadual Donisete Braga, do PT de Mauá, acrescentou que mais uma vez a região inova em processos de integração.
O Construindo o Futuro é considerado inédito na área empresarial porque mostra união de forças entre os dois principais veículos de comunicação do Grande ABC na luta pela valorização de quem produz e gera empregos. O projeto soma-se às demais iniciativas institucionais da região na tentativa de acelerar os resultados almejados pelos empreendedores. Uma vez por mês, LivreMercado e Diário do Grande ABC pretendem reunir empreendedores de determinada área geográfica para detalhar as ações e intensificar o corpo a corpo das principais demandas junto aos organismos de decisão. O primeiro evento teve o patrocínio de Grupo Saúde ABC, um dos destaques do PDE 2001, e do Mauá Plaza Shopping, empreendimento comercial de R$ 50 milhões com 208 lojas e um hipermercado Extra que deve ser inaugurado até o final do ano. Radar Segurança e Memories & Lelo também colaboraram no lançamento do Construindo o Futuro.
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