O jornalista Daniel Lima, diretor-executivo de LivreMercado, encontrou uma forma original para dimensionar visualmente os estragos de oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso na economia do Grande ABC. Durante discurso de lançamento de seu mais novo livro, Meias Verdades — Como Usar a Mídia Para Vender Ilusão, Daniel Lima vestiu uma máscara de Osama Bin Laden para impactar os 580 convidados que compareceram na noite de 1º de abril, Dia da Mentira, à pré-inauguração do Quality Suites, o maior e mais moderno apart-hotel do Grande ABC.
“Infelizmente — disse o jornalista — um Bin Laden invadiu o Grande ABC nos últimos anos e a maioria não se apercebeu disso. Pior: formadores de opinião e tomadores de decisão preferiram o jogo suicida do triunfalismo irresponsável”. Mais que a administração de Fernando Henrique Cardoso, que levou o Brasil a cair do nono para o 12º lugar no PIB internacional, Daniel Lima bateu forte na mídia, razão do livro que acaba de editar: “Tenho medo da Imprensa e acho que todos deveriam ter porque há uma combinação perigosíssima de triunfalismo, ufanismo, denuncismo, sensacionalismo e irresponsabilidade no trato da informação” — afirmou.
O jornalista reafirmou o que tem publicado na newsletter Capital Social Online e na revista LivreMercado: que as instituições do Grande ABC precisam passar por sérias transformações. “Entidades governamentais, não-governamentais e privadas estão estruturalmente muito aquém da realidade que nos atinge e isso afeta diretamente a capacidade de recuperação institucional da região” — avalia.
O cerimonial de lançamento de Meias Verdades e de pré-inauguração do Quality Suites não ultrapassou 30 minutos. Comandado pelo publicitário Antonio Carlos Micheloni, o evento foi aberto com rápido discurso de José Batista Gusmão, que falou em nome dos condôminos do empreendimento. Na sequência, o prefeito de Santo André, João Avamileno, destacou a importância econômica da obra erguida na Avenida Portugal e o caráter de solidariedade do livro Meias Verdades. Toda a arrecadação com venda de exemplares será repassada ao projeto Andrezinho Cidadão, mantido pela Prefeitura de Santo André.
Meias Verdades contou com apoio cultural de várias organizações da região: Fundação Santo André, ABC Veículos, Aparecido Viana Imóveis, McNew Máquinas e Equipamentos, Primi Passi Escola de Educação Infantil, Guedes Consultoria, Memories Eventos Especiais e Stylus Decorações. Responsáveis pela decoração da festa de 13 anos de LivreMercado, as designers Adriana Fiali e Rose Corsini deram toque especial ao evento, expondo mais uma vez réplicas plastificadas das Reportagens de Capa desde o lançamento da fase revista da publicação, em novembro de 1996.
A ilustração da capa de Meias Verdades é de responsabilidade e colaboração da Fórmula Ideal, que tem Reinaldo Fairauber como diretor de arte e criação e Marcos Dáurea como introdutor do título.
A festa no Quality Suites foi atendida pelo Croissant D´or Buffet e contou também com participação do Fizz Bartenders. O som da Banda 4porquatro animou os convidados até por volta de uma hora da manhã.
Apocalipse — Os capítulos mais extensos de Meias Verdades — Como Usar a Mídia Para Vender Ilusão contemplam o que Daniel Lima chama de os três cavaleiros do apocalipse no Grande ABC: o Fórum da Cidadania, a Câmara Regional e o projeto Nova Vera Cruz. “As derrotas que sofremos nesses três pontos vitais para o desenvolvimento econômico sustentável da região não podem ser subavaliadas, sob pena de não aprendermos com nossos erros” — afirma o jornalista, que desabafa: “O Fórum da Cidadania é nosso coito interrompido de capital social indispensável, a Câmara Regional é o coice integracionista com suporte do governo estadual e a Nova Vera Cruz o chute nos fundilhos de nossa pseudo intelectualidade”.
Para o jornalista, há um fio condutor que liga o Fórum da Cidadania, a Câmara Regional e a Nova Vera Cruz: “Todos foram igualmente festejados como a salvação da lavoura, ganharam espaços na mídia, fermentaram um positivismo aparentemente inquebrantável, mas o que tivemos na sequência, por razões que podem ser sintetizadas como completa ausência de capital social, foi o desmoronamento absoluto, como se uma enxurrada nos levasse ao desfiladeiro” — compara.
Meias Verdades reúne 27 capítulos que tratam basicamente de economia. Prevalecem questões relacionadas ao Grande ABC, mas pelo menos 25% da obra alcançam outros territórios. “Os problemas que temos aqui, em matéria de utilização descarada da mídia impressa como estrada de Damasco, são os mesmos que as publicações de circulação nacional enfrentam com suas fontes de informação. Não temos o monopólio da ingenuidade, da confiança irrestrita, do despreparo técnico, do engajamento acrítico e de tantas outras mazelas que caracterizam parte do jornalismo nacional” — garante Daniel Lima.
Depois de lançar Complexo de Gata Borralheira, em abril do ano passado, o autor alerta os leitores de Meias Verdades: “O que temos desta vez é um texto relativamente árido, porque trata basicamente de economia. Fiz o possível para tornar o conteúdo acessível a estudantes de jornalismo e de economia, mas há determinados enunciados que exigem conhecimento sistêmico da cultura econômica do Grande ABC e do País como um todo, assim como da própria economia como elemento científico. De qualquer forma, procurei ser o mais didático possível. Não é, evidentemente, uma obra para os jovens de Gata Borralheira, que trata da divisão interna do Grande ABC” — explica.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)