O balanço desta temporada de vírus chinês do emprego com carteira assinada no G-22 (o Clube dos Maiores Municípios do Estado de São Paulo) é altamente negativo para o Grande ABC: Santo André e Diadema estão entre os quatro piores. Os dois municípios compõem com Guarulhos e Taubaté os mais contundentes resultados nos sete primeiros meses do ano. Mauá e São Bernardo estão entre os 10 piores.
No geral, os resultados da região são péssimos. Estamos no pior dos mundos. A economia vai de mal a pior e o Coronavírus coloca a média de mortes do Grande ABC para cada grupo de 100 mil habitantes acima de qualquer região do País e entre os piores do mundo.
Até agora contabilizamos 78,27 óbitos para cada 100 mil habitantes. Bem acima da média nacional, de 56 mortes. São Caetano lidera: mais de 1% da população virou vítima fatal do vírus. Diadema está se aproximando da marca.
Tempestade perfeita
Então estamos vivendo uma tempestade perfeita? Quando se considera que a cidadania é insumo escasso, porque o Grande ABC segue mergulhado em apatia coletiva e sob o domínio do marketing dos improdutivos, não há dúvida de que tudo parece irremediavelmente perdido.
Essa batida indecorosa vem do século passado. A região foi atropelada pela descentralização da indústria automotiva e pela guerra fiscal. Como se não bastassem antagonismos estrepitosos da relação entre capital e trabalho, matriz de todos os infortúnios econômicos. Para coroar a toada quase fúnebre, entre vários outros vetores, o Grande ABC perdeu muito da competitividade já escassa quando o trecho sul do Rodoanel virou mais obstáculo do que aliado.
As eleições municipais estão chegando com novas sessões de douração da pílula de mentiras inteiras e meias-verdades. Gestores públicos não têm compromisso com o futuro da região. Não há um plano estratégico. Eles não se dão nem mesmo ao trabalho de adaptar o legado deixado por Celso Daniel no final do século passado e que, como mostramos na série 30ANOS do melhor jornalismo regional do País, está à mão. Basta disposição e compromisso com a sociedade. Uma sociedade em farrapos de cidadania.
Realidade contextualizada
O G-22, ou Clube dos Maiores Municípios do Estado de São Paulo, é métrica criada por este jornalista para referenciar o Grande ABC em vários indicadores num contexto de confrontos e possíveis aprendizados com outras geografias.
Os sete municípios da região integram o grupamento, mas dois como convidados. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não têm porte econômico para constar da lista. Também está fora da relação a cidade de São Paulo, por motivo oposto: imporia desequilíbrio na condição de ter o tamanho econômico da soma dos 22 municípios selecionados.
A melhor maneira de medir os efeitos no emprego formal nesta temporada quase que totalmente dominada pelo vírus chinês é observar o comportamento de cada Município em relação ao estoque de trabalhadores registrados em dezembro do ano passado. A variação percentual é muito mais importante e realista do que números absolutos.
Quem mede o tamanho de ganhos ou perdas pelo comportamento numérico do emprego formal sem considerar o tamanho de cada Município constrói dados falsificadores da verdade. Não faltam prefeitos, inclusive no Grande ABC, que, recentemente, alardearam criação de empregos com base nos números absolutos. Agora que a biruta virou, não sabem o que fazer. E o que tem se ser feito é simples: o conceito deve ser sempre o mesmo. Como no caso do vírus chinês, que deve ser relativizado colocando-se na balança da racionalidade o total de mortos em confronto com a população.
Taubaté na lanterninha
A metalúrgica Taubaté é a lanterninha na perda de empregos formais do Clube dos Maiores Municípios do Estado. O total de 4.908 demissões líquidas é inferior a vários competidores, mas como o estoque de dezembro do ano passado também é numericamente menor, o resultado é que o índice de cartões vermelhos para trabalhadores atingiu 6,63%. Um pouco acima da vice-lanterninha, Diadema, que perdeu 5.249 carteiras assinadas, ou 6,31% do efetivo do ano passado. Guarulhos perdeu 18.978 trabalhadores, resultado que corresponde a 5,99% do estoque. Um pouco acima da quarta colocada Santo André, com perda líquida de 11.145 postos de trabalhou ou 5,75% do estoque.
Barueri, à Oeste da Região Metropolitana de São Paulo, é a única exceção entre os 20 maiores municípios paulistas na configuração de empregos formais nos primeiros sete meses da temporada: conta com saldo positivo de 765 carteiras assinadas, menos de meio por cento do estoque de dezembro do ano passado.
Os demais municípios amargam números negativos. Rio Grande da Serra, apenas informalmente no G-22, faz companhia a Barueri em saldo positivo, com quatro postos neste ano. Um resultado que não deve ser levado a sério porque se trata de um integrante convidado e de baixíssima representatividade econômica – menos de 0,2% do PIB (Produto Interno Bruto) do Grande ABC.
Quase 70% com Capital
No conjunto, os integrantes do G-22 acumulam perda de 116.161 empregos formais na temporada. O resultado representa 33,21% do total de 349.706 carteiras assinadas a menos no Estado. A cidade de São Paulo perdeu 126.419 empregos no ano, ou 36,15% do total paulista. Quando se somam carteiras assinadas decepadas no G-22 e na cidade de São Paulo, chega-se a 242.580 trabalhadores, ou 69,36% do universo paulista de 645 municípios.
O estoque de empregos formais no Estado de São Paulo caiu 2,89% nesta temporada, bem abaixo do registrado na maioria dos municípios do Grande ABC e um pouco acima dos 2,82% da média brasileira. A cidade de São Paulo contabiliza baixa de 2,98%. Menos da metade de Diadema e pouco menos que isso de Santo André.
Veja o ranking de letalidade do emprego formal do G-22 nesta temporada:
1. Taubaté com 4.908 demissões e queda do estoque de 6,63%.
2. Diadema com 5.249 demissões e queda do estoque de 6,31%.
3. Guarulhos com 18.978 demissões e queda do estoque de 5,99%.
4. Santo André com 11.245 demissões e queda do estoque de 5,75%.
5. Mauá com 2.937 demissões e queda do estoque de 4,83%.
6. São José dos Campos com 7.761 demissões e queda do estoque de 4,54%.
7. São Bernardo com 9.672 demissões e queda do estoque de 3,98%.
8. Sorocaba com 7.379 demissões e queda do estoque de 3,94%.
9. Mogi das Cruzes com 3.792 demissões e queda do estoque de 3,90%.
10. São José do Rio Preto com 5.333 demissões e queda do estoque de 3,89%.
11. Santos com 6.426 demissões e queda do estoque de 3,88%.
12. Ribeirão Preto com 8.224 e queda do estoque de 3,78%.
13. Jundiaí com 5.938 demissões e queda do estoque de 3,65%.
14. São Caetano com 3.844 demissões e queda do estoque de 3,63%.
15. Osasco com 5.200 demissões e queda do estoque de 3, 58%.
16. Ribeirão Pires com 644 demissões e queda do estoque de 3,56%.
17. Piracicaba com 3.037 demissões e queda do estoque de 2,64%.
18. Sumaré com 986 demissões e queda do estoque de 1,84%.
19. Paulínia com 429 demissões e queda do estoque de 1,11%.
20. Campinas com 994 demissões e queda do estoque de 0,27%.
21. Rio Grande da Serra com quatro contratações e subida do estoque de 0,15%.
22. Barueri com 765 contratações e subida do estoque de 0,31%.
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