Tratamos ontem das duas primeiras questões colocadas em forma de enquete a 371 convidados da Editora Livre Mercado, entrevistados antes do evento do final de setembro em São Bernardo. Eles foram ouvidos por universitários. Ouvidos é forma de expressão. Em verdade, receberam uma prancheta, uma caneta e duas folhas com quatro questões relativas ao Grande ABC, cada uma das quais com três cenários diferentes de respostas já formuladas. Dividimos os enunciados em três cenários distintos: o primeiro sempre positivo, o segundo com olhar moderado e o terceiro bastante crítico.
Na edição de ontem revelamos os resultados de temas referentes à Universidade Federal do Grande ABC e ao Complexo de Gata Borralheira. Prevaleceram resultados entre moderados e céticos. Mais moderados que céticos. E hoje. Repetimos a sugestão aos leitores: depois de expostos os temários e os respectivos cenários, parem com essa leitura e coloquem entre parênteses previamente reservados um “xis” de convicção com relação ao enunciado mais próximo de seus sentimentos.
Sobre as eleições deste ano no Grande ABC:
( ) Independentemente de quem vencer no conjunto dos municípios da região, acho que viveremos dias melhores porque o sentimento de regionalidade vai superar as barreiras municipais e, finalmente, teremos caminhado com segurança por tudo aquilo que o ex-prefeito Celso Daniel defendia.
( ) Acho que ainda teremos entre os sete prefeitos que dirigirão o Grande ABC alguns que não conseguirão entender que a região deve ser tratada de forma coletiva em pontos fundamentais de infra-estrutura, desenvolvimento econômico e representatividade política.
( ) Estou plenamente seguro de que, sejam quem forem os próximos prefeitos, viveremos um faz-de-conta de integração regional. Seguiremos dando um passo para a frente e dois para trás quando o assunto ultrapassar os limites de cada Município. Cada um vai querer salvar a própria pele.
A diferença entre os otimistas e os céticos é rarefeita: 21,41% escolheram a primeira alternativa, enquanto 17,34% bandearam-se para a terceira. Dominou os questionários a turma mais moderada, com 60,70%. O que isso significa? Que mesmo com moderação, paira ambiente de descrença sobre a regionalidade do Grande ABC. O fato de a enquete ter sido feita uma semana antes das eleições não altera em nada, porque os candidatos eram de pleno conhecimento.
Qual é a sua avaliação sobre as Câmaras de Vereadores?
( ) Independentemente do número de vereadores de cada casa de leis, entendo que eles devem ser valorizados, contar com assessores e exigirem despesas orçamentárias que sejam correspondentes à importância do cargo. Não consigo compreender restrições aos salários e custos adicionais dos vereadores. Acho que eles precisam mesmo de recurso para poderem atuar.
( ) Considero importante a atuação dos vereadores, por quem mantém o equilíbrio de forças democráticas, mas entendo também que deveríamos reduzir os custos para a manutenção das casas de leis, e isso só se consegue com o corte de repasses e não simplesmente com a redução do quadro de vereadores.
( ) Não vejo utilidade alguma dos vereadores entre outros motivos porque custam muito caro e praticamente não têm o que fazer. Vivemos uma situação estúpida em que os Legislativos fingem que têm independência mas, de fato, são presas fáceis dos Executivos, sempre decididos a contar com maioria.
Recomendo ao leitor que dê uma parada técnica, analise essa última questão, reflita e faça um “xis” na alternativa que mais lhe aprouver. Decidido? Então posso dar os números da enquete. Massacrantemente a leva dos moderados, que querem cortar os custos dos legislativos, alcançou 74,93% dos entrevistados. A turma que quer ver os vereadores deitando e rolando com assessores e grandes salários é de apenas 10,24%. Já os duramente céticos, que querem ver os legisladores pelas costas, chegam a 14,01%.
O resumo dessa operação, contando-se inclusive com as respostas das duas questões abordadas na edição de ontem, mostra face comedida dos entrevistados. Nada menos que 53,56% das respostas às quatro questões se localizaram na alternativa do meio, ou seja, nem otimista, nem pessimista. Os otimistas perfilaram em 27,63% das respostas, enquanto os céticos foram 18,80%.
Como se observa, o humor dos entrevistados residentes no Grande ABC está mais num encaixe de comportamento que chamaria de cordialidade serena. Se a enquete tiver algum fundamento técnico-científico, há sinais de que vivemos momentos de confiança comedida que, convenhamos, é melhor do que o desencantamento ou a euforia desmedida. Se a verdade está no meio, a esperança solidificada também deve estar.
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