Ufa! Até que enfim estamos colhendo série de bons resultados institucionais, políticos e econômicos. Um pacotaço nada desprezível para quem andou comendo o pão que o diabo amassou durante anos seguidos, enquanto triunfalistas pretendia dourar a pílula e, com isso, mal se davam conta de que estavam avalizando e consolidando desgraças.
Que bom viver novos tempos. Não que os problemas do Grande ABC estejam sob controle que tenham se reduzido. Nada disso. De fato, de verdadeiro, estamos começando a enquadrá-los de tal forma na bigorna da sensatez que já já estaremos sim com a certeza absoluta de que não se trata apenas de lufadas de felicidade que eventualmente possam ser novamente afastadas por novas tempestades.
Estou tão confiante num recomeço do Grande ABC em busca consolidada de indicadores perdidos nos anos 90 que consigo transmitir esse sentimento com certo escancaramento aos interlocutores, como na festa de anteontem à noite na posse do Conselho Editorial deste jornal.
Não foram poucos os que me abordaram durante o café colonial para indagar sobre a leveza do discurso que proferi, em contraste com tempos ainda recentes de esbravamento. Preferi deixar a resposta para este espaço: simplesmente não estou mais indignado porque o ambiente de falsidade progressista desapareceu.
A sociedade amadureceu a tal ponto que já não são mais agressivo e muito menos arrogante o que não passava, de fato, de irritação, de desconforto, de inconformismo. Talvez errasse na transposição verbal transparente, mas objetivamente a intenção era outra. A essência do caráter geralmente está no conceito, não na forma.
Agora, vejam bem se tenho ou não razão sobre o pacotaço com que o Grande ABC está sendo presenteado:
Primeiro, a Universidade Pública Federal da região vai mesmo sair do papel, mesmo que a um custo político do governo federal e dos contribuintes nacionais, porque outras duas escolas do Ensino Superior entraram nos acertos partidários para que houvesse a aprovação da unidade regional.
Segundo, a Tim vai investir milhões numa indústria de serviços que pode não ser lá uma Volkswagen ou uma Ford em assalariamento, mas significa, sem dúvida, a conversão quem sabe final da região rumo a um terciário de maior identidade internacional.
Terceiro, geramos nos últimos 12 meses tantos empregos formais no setor industrial quanto a soma de Guarulhos, Osasco, Campinas, São José dos Campos e Sorocaba, cujo conjunto ultrapassa a quatro milhões de habitantes, contra 2,5 milhões da região.
Há outros investimentos anunciados que também ajudam a melhorar o humor e a bílis de quem leva o Grande ABC a sério e já cansou de más notícias. Os shoppings estão apostando em aumento de consumidores, o Golden Shopping vai dar espaço a uma megaloja da área de material de construção, uma construtora da Capital aposta em alto padrão numa São Caetano que precisa estruturar-se tecnicamente para a melhor de suas vocações, que é a verticalização residencial.
Enfim, estamos vivendo safra de boas notícias para contrabalançar sequelas de uma comunidade bombardeada durante pelo menos 15 anos seguidos, oito dos quais, sob o patrocínio do insuperável governo FHC.
Por falar em Fernando Henrique Cardoso, uma notícia veiculada em vários jornais o coloca como potencial presidente do Banco Mundial. Tomara que a especulação seja superada pelos fatos e que o brilhante intelectual uspiano, uma das jóias raras da inteligência abstrata nacional, se mude de mala e cuia rumo aos Estados Unidos. Desta forma, estaremos absolutamente seguros de que ele não concorrerá nem à Presidência da República, nem ao governo do Estado de São Paulo.
No fundo, no fundo, entretanto, a candidatura de FHC tanto para retornar a Brasília quanto para substituir Geraldo Alckmin seria excelente teste de fosfasol aos eleitores brasileiros ou paulistas. Seria realmente o fim da picada se o grande intelectual conseguisse uma ou outra vitória.
Voltando ao que interessa: a histórica encetada regional, comandada pelo prefeito William Dib, numa Brasília que se mantinha anestesiada sobre a importância estratégica do trecho sul do Rodoanel, é algo para ser comemorado ruidosamente. Dib é desses animais políticos que parece ter sido moldado para superar todos os obstáculos porque une à exuberância de mobilidade nos bastidores, como discretíssimo secretário e agente público durante décadas, a eficiência de executivo público que se tornou ponta-de-lança de reviravolta institucional do Grande ABC.
O Palácio dos Bandeirantes e o Palácio do Planalto não são mais cidadelas inexpugnáveis. Estamos exorcizando, no campo político, o Complexo de Gata Borralheira.
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24/10/2024 UFABC fracassa de novo. Novos prefeitos reagirão?