Regionalidade

Quadro regional
inspira cautela

DANIEL LIMA - 11/09/2006

LivreMercado decidiu programar para esta edição uma entrevista com os 10 mais antigos integrantes do Conselho Editorial. Essa instância informal do organograma da Editora Livre Mercado conta com mais de 200 participantes e representa a comunidade do Grande ABC na definição dos títulos do Prêmio Desempenho, que neste setembro será realizado pela 13ª vez.


 


Dos 10 titulares do Conselho Editorial que há pelo menos uma década ajudam a decifrar tendências e realidades econômicas e sociais na região, apenas o engenheiro Cláudio Rubens Pereira preferiu não responder aos três enunciados. Ex-dirigente de uma entidade voltada a pequenos e médios empreendimentos industriais cujos filiados praticamente desapareceram nas águas da globalização implacável que se seguiu ao sindicalismo arredio, Cláudio Rubens observou incompatibilidade entre o trabalho jornalístico proposto e o calendário eleitoral.


 


As três questões apresentadas aos conselheiros por LivreMercado são predominantemente econômicas. Por mais carga de subjetividade que possam reunir, porque a dinâmica de desenvolvimento econômico carrega potencialidade de incorporar interpretações que fujam da bitola proposta, os leitores poderão constatar, na sequência, que se trata de matéria extensiva da marca apartidária desta publicação. O que não significa, entretanto, amedrontamento da pauta jornalística, como alguns poderiam sugerir.


 


LivreMercado se caracteriza tanto pelo desinteresse de envolver-se em partidarismos políticos como pela paixão de entrincheirar-se em defesa de um regionalismo reformista. Se pontualmente houver possibilidades de escaramuças na confluência semântica ou mesmo prática entre economia e política à compreensão dos fatos, LivreMercado preferirá sempre encarar a realidade a impor-se censura.


 


A preocupação de compreender semelhanças e diferenças que poderiam saltar das respostas levou LivreMercado a entrevistar os conselheiros do Prêmio Desempenho individualmente por meio da Internet. Todos foram acionados simultaneamente. Estabeleceu-se prazo para envio das respostas. Exigiu-se apenas e unicamente que cada conselheiro procurasse ser o mais sintético possível.


 


Uma entrevista coletiva que marcasse encontro físico com os conselheiros, poderia ter resultados menos interessantes. A tendência de alinhamento coletivo de idéias como resultado de exposição individual mais sensibilizadora é explicada pela psicologia.


 


O resultado do trabalho está nesta e nas próximas páginas. Há diversidade nas respostas, como que a testemunhar com precisão diferentes nuances de compreensão dos fatos entre os leitores de LivreMercado, os quais os conselheiros representam de fato e não apenas simbolicamente, como poderiam sugerir alguns.


 


De maneira geral, os conselheiros se mostraram mais preocupados do que otimistas com o futuro do Grande ABC. Nada que surpreenda. Ao longo dos anos, LivreMercado conta com o suporte da newsletter Capital Social  à execução de sondagens com integrantes do Conselho Editorial. Foram várias as oportunidades em que se projetaram cenários econômicos distintos, antagônicos, de modo que os conselheiros pudessem manifestar escolhas.


 


Além disso, LivreMercado também realiza com certa frequência enquetes com os leitores. Várias vezes convidados do Prêmio Desempenho defrontaram-se com jovens estudantes a oferecer pranchetas como suporte e caneta esferográfica como objeto de posicionamento formal em questões colocadas previamente no papel com cenários conceitualmente excludentes de confiança, cautela e desconfiança.


 


No caso específico da entrevista que se segue, a maior parte dos nove conselheiros mostrou-se inquieta, com algumas arrancadas de radicalismo de angústia em oposição a comedidas mas esperançosas expectativas de melhora do quadro regional. Participaram da entrevista Leonel Tinoco Netto, Silvio Minciotti, Edson Lopes dos Santos, Carlos Carvalheiro, Wilson Afonso Rosa, Angela Athayde, José de Araujo Villar, Luis Carlos de Campos e Ana Maria Bicalho Perrucci.


 


Se lhe coubesse fazer projeção do Grande ABC que sinceramente entende que existirá no ano 2020 como estaríamos no campo econômico e social?


 


Leonel Tinoco Netto -- O comportamento futuro da economia do Grande ABC dependerá da política econômica adotada no País e de medidas que possam ser tomadas regionalmente para tratar de forma personalizada os problemas locais. A análise da economia nos últimos anos mostra a falta de clareza da política econômica, adotada ao sabor de intempéries externas e caracterizada por baixa preocupação desenvolvimentista, apoiada em taxas de juros elevadas e carga tributária sufocante, medidas que contribuíram para a redução das margens de lucro das empresas e aumento dos custos operacionais. Nos 20 anos anteriores a 2005, a taxa média de crescimento do PIB foi de 2,4%, insuficiente para suprir necessidades de geração de renda e de emprego, colaborando para o aumento da informalidade e para o crescimento das carências sociais. Empresas que participam de um mundo cada vez mais globalizado lutam pela redução de custos ao buscar a melhor alocação dos recursos. Dentro desse enfoque, pode-se prever que, caso continue sem discutir seu futuro e deixe de fixar política de apoio empresarial, o Grande ABC poderá sofrer a cruel concorrência de outras regiões que incentivam a entrada de novas unidades ao conceder benefícios e reduzir custos de produção. A consequência inevitável é a queda na renda média da população na medida em que o aumento das atividades do setor terciário não consegue compensar a redução do emprego industrial.


 


Silvio Minciotti -- Os indicadores socioeconômicos da região estarão acima das médias estaduais e nacionais, porém essas últimas estarão muito abaixo do que seria possível e necessário. No âmbito regional, tanto quanto nos demais, não se nota vestígio de nenhum plano que seja referencial para nos tornar melhores. Ao contrário, vivemos época em que o carisma e a boa forma de comunicação são mais importantes do que planejamento, seriedade e compromisso com a Nação. Faz-se uso da mentira, da falta de escrúpulos com chocante naturalidade. E isso acontece com a anuência consciente da maioria da população. Enfim, por mais que a região possa estar acima das médias nacionais, até 2020 não teremos atingido níveis de desenvolvimento socioeconômico desejados pelo simples fato de termos aceitado nos nivelar por baixo.


 


Edson Lopes dos Santos -- A futurologia é sempre uma faca de dois gumes; afinal, é sempre nossa pretensão ver se confirmar o exercício de adivinhação a que nos propusemos. O gume mais contundente, entretanto, é a possibilidade de nos vermos confrontados com o insucesso das projeções. Quando se trata de Grande ABC então, haja margem para variáveis futuras. Apesar disso, sou muito otimista quanto ao poder de reestruturação econômica da região, mas não guardo o mesmo sentimento quanto ao campo social. Se os agentes econômicos têm capacidade de articulação e reagem rapidamente às transformações de mercado, os agentes envolvidos com o campo social não aprenderam ainda a reagir com a mesma velocidade. Com essa falta de visão de futuro, antevejo o agravamento do caos social em que o Grande ABC já está mergulhado.


 


Carlos Cavalheiro -- O Grande ABC estará dividido da Baixada Santista por uma represa de esgotos, poucas árvores em meio a barracos que não pararam de proliferar, alguns descendo e outros subindo a serra serão lembrança da Mata Atlântica. Das indústrias teremos galpões vazios e dos políticos, leis que nos obrigam a pagar suas mazelas.


 


Wilson Afonso Rosa -- Só crescimento econômico sustentado igual ou superior ao de países emergentes, ou igual ao da China, evitará o caos regional até 2020. Caos advindo, entre outras causas, da ausência de agenda público-privada -- combinada com investimentos pífios -- para compartilhar problemas comuns além dos próprios limites municipais, como segurança, trânsito, sistema viário e outros; ou, em outras palavras, da ausência de comprometimento com a causa regional que, por si só, é suprapartidária. Por isso, é indispensável planejamento estratégico regional emergencial no qual, com vistas à solução desses problemas comuns, destaque-se como medida vital -- em detrimento de exagerada atenção ao social -- a cobrança de tratamento econômico estadual e federal diferenciados.


 


Angela Athayde -- Não precisa ser um Nostratamos para fazer essa projeção. O Grande ABC estará com sua vocação definida e não haverá limites para os municípios. A próxima geração de empreendedores terá aprendido com nossos desacertos porque não terá convivido com generais saudosistas que não se engajaram na recuperação da economia regional. E, como só se tem saudades do que foi bom, eles não terão, porque vão ficar contando medalhas, apegados aos bons tempos.


 


José de Araujo Villar -- Vejo o futuro do Grande ABC com otimismo, nos moldes das regiões prósperas de países desenvolvidos. Espero que nossas forças econômicas, políticas e sociais se unam em torno desse objetivo comum, num esforço integrado de implementação de planejamento estratégico de médio e longo prazo focando crescimento econômico e qualidade de vida da população. Entendo que haverá maior pressão das forças sociais, capitaneadas por lideranças autênticas, capazes de fazer tudo isso acontecer.


 


Luis Carlos de Campos -- Gostaria de fazer uma projeção muito positiva do Grande ABC para o ano 2020, mas 14 anos é pouco para mudanças significativas, principalmente porque as ações são quase sempre individualizadas. Falta espírito de regionalidade. Caminhamos para crescimento desordenado e distribuição de renda cada vez menos justa, como em todo cenário nacional.


 


Ana Maria Bicalho Perrucci -- Sou naturalmente otimista, e penso que a sociedade está cada vez mais consciente da necessidade de ações de melhoria em todos os campos. Os movimentos sociais e as ações de trabalho voluntário crescem a cada dia, levando informação e conscientização a lugares antes inacessíveis. Acredito que em função de maior conscientização e participação de diversos níveis da população poderemos gerar muitas melhorias no campo social, e isso também terá como consequência melhoria no campo econômico.


 


Temos afirmado que o Grande ABC vive vazio institucional imenso, marcado pelo distanciamento, pelo isolamento, pelo baixo engajamento de seus agentes sociais, econômicos e políticos em termos de regionalidade. O que comenta sobre isso?


 


Leonel Tinoco Netto -- Na verdade não se observou ao longo do tempo iniciativas que tenham despertado o espírito de corpo dos agentes econômicos da região e dos poderes municipais. Todas as iniciativas tomadas pelas entidades representativas e pelo Poder Público foram insuficientes para despertar a atenção dos empresários na defesa dos interesses de uma região outrora muito rica e atualmente com problemas sérios de empobrecimento econômico. Da mesma forma, os conselhos criados com o objetivo de achar solução para as dificuldades tiveram vida efêmera e apresentaram descontinuidade nas ações planejadas e pouco finalizadas. Não se trata de buscar culpados para o fracasso das providências efetivas, mas sem dúvida deve-se chamar a atenção para o fato de que as poucas ações implementadas foram tomadas por dirigentes de empresas que, com a visão necessária, apoiaram a proposta de valorizar a região, conscientizando os agentes econômicos a se unirem em torno do ideal de tornar o Grande ABC uma região forte, econômica e socialmente.


 


Silvio Minciotti -- A regionalidade pode ser entendida como a argamassa que une os conceitos de região e regionalismo, provocando-os e interagindo simultaneamente com ambos. É o estado de espírito de uma região; é uma espécie de consciência coletiva que une os habitantes de determinada região em torno de sua cultura, pensamentos e problemas. Para que possa existir, necessita da articulação de esforços conjuntos das autoridades públicas e dos representantes de segmentos da sociedade civil no espaço da região que pode ser geográfico, administrativo, econômico, político, social e cultural. Estamos dando os primeiros passos nesse sentido, ainda há muito por fazer. Regionalidade é a utopia que eu gosto de viver.


 


Edson Lopes dos Santos -- Totalmente pertinente essa afirmativa. Começo pelo final. Acredito sinceramente que somente um forte esforço político conjunto poderia diminuir esse isolamento. Entretanto, considerando o quadro político regional, somente com o surgimento de uma nova liderança política realmente comprometida com a região poderia mudar esse quadro. A miopia dos políticos que representam a região continuará impedindo o necessário engajamento de todos os setores da sociedade em torno de um ideal comum. Os esforços dos agentes sociais e econômicos, isoladamente, sem uma representação política forte e comprometida com a região, embora tenha legitimidade, não se reveste de eficácia para preencher esse vazio institucional. Busquemos pois fortalecer uma nova liderança política realmente comprometida com o Grande ABC. Sem isso, não vejo saída.


 


Carlos Cavalheiro -- Dar o peixe não é a solução para os problemas sociais e econômicos. Fazer leis municipais que punem empreendedores com tributos e criam dificuldades burocráticas em toda e qualquer atividade empreendedora, contrariando a globalização iniciada por Colombo, não é solução para o crescimento. Pensar em regionalidade como pensam, só resta construir um muro como o de Berlim.


 


Wilson Afonso Rosa -- O baixo engajamento dos agentes sociais, econômicos e políticos em termos regionais é um fato. O curioso nisso tudo é que o Grande ABC possui organismos formatados especialmente para o engajamento desses atores. A preponderância de interesses pessoais e partidários traz à tona a falta de foco que, em última análise, dificulta a aceitação da necessidade premente de mudanças. Além disso, diminui também a receptividade a idéias sinérgicas, assim como limita sua universalização regional. E, principalmente, impede o avanço do processo de engajamento daqueles agentes em torno dessas prioridades.


 


Angela Athayde -- A atitude de nossos agentes se assemelha à do técnico Parreira quando viu que tudo estava perdido. Ele tentou ser eficiente, mas não conseguiu sequer ser eficaz. Então, ficou personalizando a desmotivação e com isso comprometeu qualquer reação por parte da equipe. Expôs muito suas vísceras e enfraqueceu-se diante de seus soldados. O Grande ABC precisa de um Felipão, que nos ensine a reagir com paixão.


 


José de Araujo Villar -- Concordo plenamente. Com a abertura econômica do Brasil nos anos 1990, para serem competitivas as empresas brasileiras tiveram que reduzir custos em tudo que fosse possível, inclusive downsizing e transferência de parques industriais para localidades onde os custos (mão-de-obra, fornecedores, vantagens fiscais etc.) fossem mais baratos. E as empresas que não se reestruturaram tiveram de fechar as portas. Esses fatores geraram desorganização social na região. Para neutralizar o impacto da globalização, algumas iniciativas já foram desenvolvidas no Grande ABC, ainda que com pouco sucesso, como o Fórum da Cidadania, a Agência de Desenvolvimento Econômico e outras. Nossos agentes econômicos, sociais e políticos não têm feito o suficiente para aglutinar forças em torno de um ideal maior de reconstrução de nossa região. A revista LivreMercado é quase uma voz pregando no deserto, conclamando nossas lideranças a se unirem em torno desse ideal maior. Essas iniciativas, ainda que não tenham obtido o êxito esperado, estão sendo um grande laboratório de aprendizado e maturidade de nossos dirigentes.


 


Luis Carlos de Campos -- Concordo plenamente. Falta comprometimento dos agentes, falta planejamento das ações que começam e quase nunca têm continuidade. Falta estudo da verdadeira vocação de cada um dos municípios para melhor contribuição ao crescimento da região.


 


Ana Maria Bicalho Perrucci -- Enxergo também esse vazio institucional, quase como um sinal de descrença desses agentes mais formais no poder de mudança que a união de esforços pode ter. Por outro lado, vejo cada vez mais as ONGs e o movimento voluntário assumindo papel relevante na consolidação de movimentos educacionais, culturais e sociais, fortalecendo essa regionalidade.


 


Você acredita que é possível resgatar a força industrial da região, perdida ao longo dos últimos 20 anos, ou temos de procurar outra saída?


 


Leonel Tinoco Netto -- Não acredito que se possa reverter o processo de evasão, trazendo de volta empresas, mas creio que se poderá fazer algo para facilitar a permanência daquelas que aqui atuam, adotando-se medidas para que outras sejam atraídas. Ao mesmo tempo em que se deve discutir alternativas de desenvolvimento futuro, apoiando-se em atividades auxiliares do setor terciário, deve-se prover facilidades ao setor secundário. Programas relacionados com a melhoria das vias de acesso e de escoamento da produção, barateando o transporte e criando condições para as operações a mais baixo custo, políticas municipais de incentivo adequadas ao perfil diversificado de cada Município do Grande ABC, entre outras, são medidas recomendadas. Também um forte apoio às pequenas e médias empresas que se valem do espírito empreendedor da região, adquirido na época áurea da industrialização, é providência que merece exame, levando a um resultado positivo no que se refere à criação de empregos e ao aumento no número de empresas. Ao mesmo tempo, deve-se adequar os cursos universitários e tecnológicos às vocações dos municípios, possibilitando que os jovens da região, devidamente treinados, aqui permaneçam como novos empreendedores.


 


Silvio Minciotti -- A instalação de uma nova indústria e a manutenção das atuais dependem das condições ambientais, e não apenas de políticas fiscais e tributárias. Aqui surge a importância da regionalidade como fator de sinergia. Dificilmente os municípios, isoladamente, conseguirão ser competitivos o suficiente para atrair uma unidade fabril sem comprometer dramaticamente suas receitas. Porém, quando pensado regionalmente o Grande ABC fica imbatível, o que enaltece a necessidade de alcançarmos a regionalidade como fator de atratividade empresarial, em qualquer segmento da economia. Entretanto, a busca de outros setores econômicos, como alternativas de investimentos, é objetivo que se impõe numa economia globalizada.


 


Edson Lopes dos Santos -- Nessa questão sempre fui muito objetivo. Considero impossível resgatar a força industrial da região pelo simples fato de que todas as ações dos governos municipais são realizadas totalmente em sentido contrário. É sabido que há 15 anos assessoramos empresas que pretendem se instalar em outras regiões do Estado e mesmo em outros Estados. Recentemente os jornais de negócios de São Paulo noticiaram a ação de Taubaté e Bragança Paulista para atraírem novas indústrias. Para tanto, oferecem terrenos, infra-estrutura e condição tributária privilegiada. Veja-se que estamos falando do Vale do Paraíba, que só tem o que comemorar em termos de crescimento industrial na última década. E os municípios do Grande ABC, o que têm feito no sentido de promover atração de empresas? A nosso ver absolutamente nada. Ao contrário: caminham na contramão de suas necessidades. O Grande ABC tem sim que buscar outra saída, mas aí voltamos aos temas das perguntas anteriores: somente com engajamento de todos os agentes econômicos e sociais, capitaneados por forte liderança política comprometida com a região, é que se poderá tornar real e eficaz a definição de novo caminho no horizonte. Uma coisa é certa: a região não pode assistir passivamente à atual situação por mais 20 anos. A continuar como estamos, nossa nova vocação já está definida -- a de cidades-dormitório.


 


Carlos Cavalheiro -- Essa força jamais será resgatada. Como uma biblioteca incendiada, só reconstrução e aquisição de novos livros é a saída.


 


Wilson Afonso Rosa -- Existe uma oferta regional de empregos de boa qualidade de profissionais lançados anualmente no mercado de trabalho ou por demissões em empresas que sobrevivem regionalmente à custa de circunstâncias municipais, estaduais ou federal desfavoráveis, buscando a excelência competitiva na modernização tecnológica. Ou ainda por empresas que procuram por circunstâncias bem mais favoráveis fora da região. A busca de novas vocações regionais é a única saída para reprimir essa oferta. A manutenção dos empregos existentes assim como a reversão parcial dos empregos perdidos estão vinculadas entre outras a uma política econômica com níveis de crescimento bem mais altos, mas também em nível regional, além de medidas emergenciais no sentido de diminuir o famigerado Custo ABC.


 


Angela Athayde -- A saída está na parceria com o Poder Público, na vontade política, no fortalecimento das entidades e na coragem de dar um basta ao Estado incompetente. E, fundamentalmente, deixar de correr atrás de ontem.


 


José de Araujo Villar -- Apesar do aparente beco sem saída, acredito que ainda é tempo de reorganizar a sociedade. É imperiosa a mobilização de autoridades políticas, empresariais, sindicais e sociais numa verdadeira integração regional. E nesse contexto precisaremos de lideranças fortes que consigam recompor as perdas econômicas e criem modelo de pressão sistêmica com mobilização social, priorizando a integração regional sem canibalismo empresarial. Nossa região é privilegiada em logística, com malha viária e ferroviária; brevemente com o trecho sul do Rodoanel, escolas de primeiro nível, maturidade profissional da população economicamente ativa, amadurecimento sindical, uma bancada de nove deputados estaduais e uma população carente de recuperar o espaço perdido. Ou seja, temos tudo: faltam liderança e vontade.


 


Luis Carlos de Campos -- É difícil resgatar tudo que foi perdido ao longo de 20 anos, mas não impossível. Acredito que a melhor saída é lutar para a recuperação industrial que gera riqueza e melhor distribuição de renda. É preciso ter vontade e comprometimento para criarmos mecanismos e atrativos para isso. Não podemos viver do passado. Temos de correr atrás. A criação de centros tecnológicos específicos é um belo começo.


 


Ana Maria Bicalho Perrucci -- Não acredito. Vemos cada vez mais, na região, prédios industriais com placas de vende-se ou aluga-se. Muitas indústrias de diferentes portes foram para cidades do Interior, em busca de melhores condições. Muitas pequenas empresas também têm saído da região, para ficar mais perto de clientes que se mudaram. Creio que esse movimento é irreversível. Acredito que a área de serviços é a saída. A demanda por serviços criativos, inovadores, é crescente. A consciência da qualidade é cada vez maior. O foco dos serviços deve ser esse: inovação e criatividade, com qualidade. 


Leia mais matérias desta seção: Regionalidade

Total de 505 matérias | Página 1

24/04/2025 GRANDES INDÚSTRIAS CONSAGRAM PROPOSTA
01/04/2025 O QUE TITE SENTE COMO FILHO DE SEPARATISTA?
21/03/2025 CLUBE DOS PREFEITOS: FORTUNA OU MIXARIA?
17/03/2025 UM CALHAMBEQUE SEM COMBUSTÍVEL
14/03/2025 UM ANFITRIÃO MAIS QUE INCOMPETENTE
13/03/2025 ESFARRAPADOS, FRIOS IGNORANTES E FESTIVOS
10/03/2025 POBRE COMPLEXO DE GATA BORRALHEIRA!
06/03/2025 PREFEITOS PROFILÁTICOS? PREFEITOS OPRESSIVOS?
27/02/2025 CLUBE DAS MONTADORAS DESAFIA MARCELO LIMA
20/02/2025 FESTA PARA MARCELO E ASSÉDIO PARA TITE
17/02/2025 RACIONALIDADE AO INVÉS DE GASTANÇA
14/02/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (7)
13/02/2025 UMA LIÇÃO PARA O CLUBE DOS PREFEITOS
11/02/2025 DESEMPREGÔMETRO NO CLUBE DOS PREFEITOS
05/02/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (6)
30/01/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (5)
28/01/2025 QUANTO É PAULINHO SERRA VEZES SETE?
27/01/2025 VAMOS LÁ MARCELO, APROVE O CONSELHO!
24/01/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (4)