Vamos reunir hoje o primeiro grupo selecionado para integrar o IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos). O happy hour no Baby Beef Jardim significa mais que o tiro de partida rumo a um regionalismo contemporâneo e, portanto, sem vies bairrista. O encontro significa a moeda da sorte da metropolização responsável a partir da Grande São Paulo. Sim, porque o pressuposto do IEME, sobre o qual jamais o Conselho Gestor se desviará, será a obsessão pela apresentação de estudos e propostas que visem, em primeiro plano, oferecer alternativas às lideranças governamentais e empresariais em busca de cidades menos precarizadas.
Sem meias palavras nem meias verdades, e também sem preocupação alguma em ferir suscetibilidades, o Instituto de Estudos Metropolitanos não poderá cometer os erros que levaram o grandiloquente Fórum da Cidadania à ação vegetativa, o Consórcio de Prefeitos a coitos interrompidos, a Câmara Regional a desfile de propostas inexequíveis ou inócuas, a Agência de Desenvolvimento Econômico a solavancos e inanição financeira e as Secretarias de Desenvolvimento Econômico a medidas erráticas de uns e outros por falta de infra-estrutura.
O Instituto de Estudos Metropolitanos não está chegando ao Grande ABC para resolver os problemas que competem às esferas governamentais e empresariais. Tanto isso é verdade que teremos vários representantes de governos e empreendedores locais no encontro de hoje. O IEME está surgindo para ser um agente sensibilizador.
Para tanto, usará de todos os recursos de marketing e comunicação sempre em regime de parceria. Quem imaginar que o Instituto de Estudos Metropolitanos está chegando nesse pedaço sem eira nem beira do Grande ABC para distribuir sacos de porradas nos administradores públicos, repetindo iniciativa do Fórum da Cidadania posteriormente domesticado, provavelmente acredita que só é possível extrair produtividade das relações interpessoais e interinstitucionais pela agressividade vazia.
O Instituto de Estudos Metropolitanos nasce sob o signo da cooperação crítica. O que significa isso? Que os representantes regionais mais bem preparados para o jogo da democracia sem partidarismo político e sem ideologias exacerbadas vão se juntar num mesmo espaço para agirem organicamente visando a um objetivo claramente definido: tornar o Grande ABC muito mais competitivo aos olhos de investidores internos e externos.
E temos de ter coragem de dizer que estamos jogados às traças de investimentos produtivos que nos coloquem na rota da associação de maior Valor Adicionado e mais empregos. Basta fazer uma análise (e a revista LivreMercado a fez no final do ano passado) sobre os efeitos praticamente nulos da chamada Lei de Incentivos Fiscais aprovada em todos os municípios.
O Instituto de Estudos Metropolitanos precisará ter competência para mudar a pauta regional, retirando o varejismo oportunístico e geralmente inconsequente do foco midiático, além de convencer os formadores de opinião e os tomadores de decisão de que as soluções são mais complexas do que imaginam mas, paradoxalmente, mais prováveis do que tentam fazer crer os triunfalistas que se negam a enxergar o óbvio.
A conexão entre empreendedores, governantes e universidades será instalada nesse fórum de idéias que se tornará, acreditem, referência em democratização do capital intelectual nas regiões metropolitanas brasileiras porque não terá as velhas cartas marcadas de sempre como supostas cabeças premiadas. O encontro de hoje é apenas o começo de uma bola de neve de conhecimentos cumulativos que as competências individuais relacionadas tratarão de compartilhar.
Como um soldado dessa causa, da qual participarei com o meu quinhão de defensor intransigente de capital social, apresento alguns pontos que considero prioritários para a ação do instituto.
Redefinição dos critérios de distribuição do ICMS, levando-se em conta ponderáveis que considerem as regiões metropolitanas entes especiais no quadro constitucional brasileiro.
Incentivar os poderes públicos municipais do Grande ABC a darem transparência aos números relativos à colheita de impostos locais, permitindo, dessa forma, a socialização de informações essenciais para o debate público da carga tributária sem que se caia no enviesamento partidário e municipalista.
Redistribuição de impostos federais em favor dos municípios. Um exemplo: por quê parte da CPMF que sai do bolso de todos os brasileiros não retorna diretamente aos cofres municipais?
Um plano estratégico voltado especificamente para questões logísticas que levem em conta a regionalidade do Grande ABC. Explicação: somos carta fora do baralho das consultorias de investimentos porque estamos encalacrados na Grande São Paulo.
Um plano estratégico sobre a importância da indústria de plástico no Grande ABC como divisor de águas da excessiva dependência do setor automotivo.
Um plano estratégico de abrangência municipal para tornar os pequenos negócios menos vulneráveis à macroeconomia e, principalmente, à microeconomia, considerando-se como fator decisivo o fortalecimento dos bairros como disseminadores de enraizamento dos consumidores.
Uma atuação diferenciada do BNDES no Grande ABC, considerando-se os aspectos destrutivos de matrizes produtivas ao longo dos últimos anos. Precisamos de uma espécie de Plano Marshall. Não serão linhas de créditos convencionais que recolocarão nossa economia nos trilhos.
Manutenção de indicadores econômicos e sociais absolutamente confiáveis e imunes a subjetividades para lastrear as ações estratégicas e, também, para estabelecer comparativos de desempenhos municipais e regionais.
Acompanhamento atento das políticas públicas voltadas ao mercado de trabalho, especialmente o contingente de desempregados.
Defesa da reorganização institucional da Região Metropolitana de São Paulo de acordo com as características socioeconômicas e culturais dos 39 municípios.
Acompanhamento das instâncias regionais voltadas ao Desenvolvimento Econômico Sustentado, no caso a Agência de Desenvolvimento Econômico, o Consórcio de Prefeitos e a Câmara Regional.
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24/04/2025 GRANDES INDÚSTRIAS CONSAGRAM PROPOSTA