Regionalidade

São Caetano é fortíssima
candidata ao título do G-22

DANIEL LIMA - 22/08/2016

Quem será a grande campeã do Índice CapitalSocial de Competitividade que esta publicação começará a produzir nesta semana ao construir o primeiro dos vários indicadores programados para diagnosticar a situação geral do G-22? São Caetano ganhou três vezes seguidas uma competição semelhante, preparado pelo IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos) que criei e dirigi juntamente com o pesquisador Marcos Pazzini, então diretor da Target e hoje à frente da IPC Marketing, empresa especializada em potencial de consumo.

São Caetano repetirá a dose mais de uma década e nova metodologia depois?

As mudanças metodológicas que serão implementadas no Índice CapitalSocial poderão alterar o rumo dos resultados? Tudo é possível, mas São Caetano é mesmo um dos municípios favoritos ao título máximo, que envolverá quatro indicadores.

A mudança metodológica que introduzimos como conceito básico do Índice CapitalSocial é bastante significativa: onde for possível, será aplicado o conceito de potencial de consumo. Principalmente nos índices econômicos, que terão maior peso relativo na grade de resultados.

São Caetano tricampeã

Nas três temporadas em que São Caetano chegou em primeiro lugar ante mais de cinco dezenas de concorrentes do Estado de São Paulo, nos anos 2003, 2004 e 2005, o PIB (|Produto Interno Bruto) teve maior relevância. A constatação de especialistas contrários à sacralização do PIB como medidor principal levou CapitalSocial a optar pelo potencial de consumo. Nada mais apropriado, aliás, para métricas que procurem ajustar determinados quesitos econômicos. Potencial de consumo mede com maior precisão a riqueza de cada Município. PIB é uma medida genérica de produção, sem definição confiável de internalização do valor adicionado. Não faltam municípios que se destacam como exemplos de PIB, mas fracassam como fonte de potencial de consumo.

Por conta disso o primeiro indicador do Índice CapitalSocial de Desenvolvimento Econômico, um dos quatro eixos do macroindicador de competitividade (os outros estão relacionados às áreas criminal, social e financeira) a ser anunciado oficialmente ainda nesta semana será o potencial de consumo.

Como se sabe, participarão do Índice CapitalSocial os integrantes do G-22, representados pelos sete municípios da Província do Grande ABC e os 15 municípios economicamente mais ricos do Estado. A Capital está fora da disputa. O G-22 tem população equivalente à da cidade de São Paulo. Também o potencial de consumo é semelhante.

Deterioração trabalhista

A utilização do potencial de consumo em indicadores econômicos do Índice CapitalSocial, entretanto, não será generalizada. Um exemplo pode ser antecipado, porque já está definido num dos indicadores que serão criados.

Trata-se do nível de informalidade da mão de obra disfarçada de trabalhadores que viraram patrões de si mesmos e que serão confrontados com o estoque de empregos com carteira assinada, que tem o Ministério do Trabalho como fonte. Esse indicador não constava da grade do Instituto de Estudos Metropolitanos, mas serve para auxiliar na elaboração de análises sobre a tonicidade da economia de cada um dos municípios do G-22.

Trata-se da divisão do número de microempreendedores individuais pelo total de trabalhadores formalizados em todos os setores da economia. O resultado final demonstrará o grau de degradação do mercado de trabalho de cada Município. Quanto maior o quociente, menos dinamicidade econômica.

Os analistas do Índice CapitalSocial partem do princípio de que microempreendedores individuais, em larga margem, são trabalhadores que não encontraram espaço no mercado de trabalho formal. O exército é formado por terceirizados ou mais expressivamente por desempregados que passaram a ter atividade profissional sem a linearidade funcional dos trabalhadores formais.

Está nos jornais de hoje que a Província do Grande ABC conta com 81.342 microempreendedores individuais. Os números são relativos a 31 de julho e consta do Portal do Empreendedor mantido pelo Sebrae. A projeção é de que 42% dos trabalhadores informais da região viraram pessoas físicas e emitem notas fiscais para atividades profissionais. Microempreendedores individuais podem receber até R$ 60 mil por ano para se beneficiarem de baixa carga tributária.

O crescimento de microempreendedores individuais na região e também no País bate recordes na exata medida em que o desemprego avança e a produção de riqueza é permanentemente adiada. Em 2009, quando foi lançado o programa, houve apenas 584 adesões na Província do Grande ABC.

Em julho deste ano mostramos que Santo André deixou de ser o chamado “viveiro industrial” decantado no hino oficial e passou mesmo à condição de “enxame de microempreendedores” após duríssimo e prolongado processo de desindustrialização.

Naquele artigo, correlacionamos o total de microempreendedores individuais com o universo de trabalhadores do setor industrial do Município. No Índice CapitalSocial o confronto será entre microempreendedores e o total de trabalhadores formais.

De qualquer maneira, aqueles resultados podem sugerir situação mais ampla, próxima às perspectivas do Índice CapitalSocial. Santo André contava com 83,10 microempreendedores para cada 100 empregos formais industriais.

Alertamos, naquele texto, distinção evidente entre emprego industrial com carteira assinada e microempreendedores individuais. Emprego industrial tem valor agregado de conquistas sociais e superioridade salarial em relação a outros setores da economia regional. “Microempreendedor individual é, em larga espécie, desempregado que virou patrão de si mesmo e exerce vida profissional errática. São, em muitas situações, fazedores de bico” -- escrevi.

Do total de 74.742 microempreendedores individuais registrados em abril último na Província do Grande ABC, 30% estavam em Santo André. A taxa de Santo André era muito superior a dos demais municípios locais quando se confrontavam microempreendedores individuais e trabalhadores industriais.

Santo André apresenta resultado 65,82% superior de empreendedorismo quebra-galho. Com a ampliação dos dados envolvendo outras atividades econômicas, poderá haver mudanças. O Índice CapitalSocial vai escarafunchar o que se passa com nesse indicador no G-22. O grau de deterioração do mercado de trabalho será explicitado em cada Município.



Leia mais matérias desta seção: Regionalidade

Total de 505 matérias | Página 1

24/04/2025 GRANDES INDÚSTRIAS CONSAGRAM PROPOSTA
01/04/2025 O QUE TITE SENTE COMO FILHO DE SEPARATISTA?
21/03/2025 CLUBE DOS PREFEITOS: FORTUNA OU MIXARIA?
17/03/2025 UM CALHAMBEQUE SEM COMBUSTÍVEL
14/03/2025 UM ANFITRIÃO MAIS QUE INCOMPETENTE
13/03/2025 ESFARRAPADOS, FRIOS IGNORANTES E FESTIVOS
10/03/2025 POBRE COMPLEXO DE GATA BORRALHEIRA!
06/03/2025 PREFEITOS PROFILÁTICOS? PREFEITOS OPRESSIVOS?
27/02/2025 CLUBE DAS MONTADORAS DESAFIA MARCELO LIMA
20/02/2025 FESTA PARA MARCELO E ASSÉDIO PARA TITE
17/02/2025 RACIONALIDADE AO INVÉS DE GASTANÇA
14/02/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (7)
13/02/2025 UMA LIÇÃO PARA O CLUBE DOS PREFEITOS
11/02/2025 DESEMPREGÔMETRO NO CLUBE DOS PREFEITOS
05/02/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (6)
30/01/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (5)
28/01/2025 QUANTO É PAULINHO SERRA VEZES SETE?
27/01/2025 VAMOS LÁ MARCELO, APROVE O CONSELHO!
24/01/2025 DETROIT À BRASILEIRA É DESAFIO GERAL (4)