Os dados econômicos que o Instituto de Estudos Metropolitanos está revelando em conta-gotas sobre o desempenho dos gestores públicos dos 55 principais municípios paulistas são tão inéditos quanto históricos. Sim, porque agora quem pretender analisar os gerenciadores públicos com um mínimo de isenção e cautela não poderá deixar de correr os olhos pelo portal do IEME e verificar alguns indicadores do Índice de Eficiência Municipal.
Quando se recorre a dados fundamentados e comparativos como os que o IEME oferece, é mais do que providencial que se desloque a alavanca do ponto morto da aceitação acrítica para uma marcha-a-ré preventiva.
Por isso a tentativa de estigmatizar estatísticas relacionadas ao Poder Público, exatamente porque o detrator em questão sabia que poderiam emergir números com impacto estabelecedor de novos referenciais, só pode ser compreendida como patética confissão de subordinação intelectual movida à vinculação material.
Em pouco menos de dois meses de atuação efetiva no campo estatístico complementado por análises, o Instituto de Estudos Metropolitanos fez muito mais como proposta reformadora de usos e costumes da administração pública do que programas lançados com estardalhaço e que, de fato, pouco representaram. E sabem por que a diferença?
Dedo na ferida
Porque o IEME colocou o dedo na ferida de informações irrebatíveis. É verdade que um ou outro mal-intencionado, cão de aluguel por natureza, procure achar chifre na cabeça de cavalo e, por isso mesmo, se estatele no terreno pantanoso de quem briga com a realidade. Sem essas peças de decoração de mal gosto no cenário econômico regional ganharíamos em matéria de depuração técnica, mas perderíamos parte da capacidade de distinguir o que é nobre do que é patético. O que seria do belo não fosse o grotesco?
Vai ser interessante quando se consumar o ranking geral de Eficiência Municipal do IEME, contemplando os indicadores já anunciados e outros em fase de formulação. Confrontá-lo com outro ranking geral já conhecido, o IDEE (Índice de Desenvolvimento Econômico Equilibrado), permitirá um espetáculo provavelmente imperdível e que pode ser resumido na consumação do quanto os bons e os maus indicadores econômicos induzem os gerenciadores públicos a tratarem os recursos dos contribuintes com austeridade ou desperdício.
Num confronto parcial, está mais que nítida a simetria entre volume de receitas decorrentes de benefícios econômicos estruturais e desperdícios orçamentários. A dobradinha quanto mais dinheiro em caixa mais disponibilidade ao perdularismo é quase uma regra geral. Só mesmo quem não entende patavina de administração teria a ousadia de formular a teoria de que quem tem mais para gastar e gasta mais é mais eficiente.
Muita água há de rolar sob essa ponte de numerologias que, na medida em que aparecem e formam ondas que balançam cascos gerenciais nem sempre sólidos, causam pavor e náuseas.
O cruzamento desses numerais devassadores de imprevidências até então mantidas a salvo de julgamentos se tornará mais e mais abominável aos olhos dos prevaricadores éticos, senão financeiros. Mas, por outro lado, também permitirá a consagração dos gerenciadores públicos que já frequentam universo diferenciado no qual o foco da responsabilidade fiscal associado à responsabilidade social forma uma tabelinha perfeita, porque permite que as ramificações do legal oxigenem medidas de produtividade tributária.
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