Sociedade

UFABC confirma projeção e
fracassa no mercado de trabalho

DANIEL LIMA - 19/09/2017

Naquilo que mais interessa à região, que é o desenvolvimento econômico impulsionado por vários motores de tecnologia de ensino, a UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) não poderia ser pior. Aliás, não é a primeira nem será a última vez que escreverei a respeito. No RUF (Ranking Universitário Folha), do jornal Folha de S. Paulo, a UFABC segue comendo poeira no indicador de mercado de trabalho. É um time sem centroavante ou qualquer opção para fazer gol. Quando o indicador é de Internacionalização, no campo da teoria, a UFABC é um manequim de expressivos resultados. Tem sido assim desde que o jornal paulistano iniciou pesquisa para definir o ranking. Sorte da UFABC que o peso relativo do indicador de mercado de trabalho é de apenas 18%. 

Para se ter ideia mais precisa do que significa o viés de desenvolvimento econômico regional no padrão curricular da Universidade Federal do Grande ABC basta dizer que a lista de instituições com as quais disputa as últimas posições é bastante generosa, mas nada brilhante. Envolve desde a Universidade Estadual do Norte Fluminense, passa pela Fundação Universitária da Grande Dourados e chega à Universidade Federal dos Vales de Jequitinhonha, entre tantas. 

Dirigentes da UFABC devem propagar aos incautos o outro lado da moeda do ranking da Folha de S. Paulo. Não que seja um lado mentiroso. Nada disso. Mas é um lado que não interessa ao empobrecimento que persiste em tomar nossas fronteiras. Na classificação geral do RUF, a UFABC ocupa a 36ª colocação entre 195 universidades brasileiras. A nota média é 70,79%. A Universidade Federal do Rio de Janeiro lidera com 97,42, a Unicamp está em segundo com 97,31 e a USP em terceiro com 97,24.

Aproximação improvável 

Conciliar pesquisas e desenvolvimento econômico regional é um desafio à Universidade Federal do Grande ABC que provavelmente jamais será superado. É da gênese da instituição – como denunciamos desde antes até de se instalar – a paixão por passarelas internacionais. Tanto é verdade que entre as 50 primeiras colocadas do RUF, a Federal do ABC é a única a cair pelas tabelas quando o mercado de trabalho é um quesito a ser preenchido. Ocupa a 159ª colocação na classificação geral. A Federal do Rio, líder na classificação geral, está em terceiro no mercado de trabalho, a Unicamp em 11º e a USP em primeiro. 

Insisto em lembrar que se a metodologia fosse outra, com ênfase ao que de fato mais interessa ao País como um todo, ou seja, a associação produtiva entre inteligências universitárias e empresas privadas, tudo seria diferente. Aí a Federal do ABC despencaria na classificação geral. 

Segundo a Folha, o RUF passou por ampla revisão de indicadores nesta temporada. Não é a primeira vez que isso acontece. A quantidade de teses produzidas por docente foi incluída no indicador de pesquisa – um dos critérios de avaliação das escolas. Os demais são ensino, mercado de trabalho, inovação e internacionalização. 

A Unicamp, segundo o RUF, tem a maior quantidade de teses por corpo docente e lidera o novo componente da fórmula. Isso pode ser verificado, segundo a Folha, no site do RUF, que permite ranquear as universidades em cada componente dos indicadores (e em cada indicador). 

Estrutura metodológica 

O RUF é um indicador anual das instituições e dos cursos de ensino superior do País com base em dados nacionais e internacionais e em duas pesquisas de opinião do Datafolha. O indicador “Pesquisa” corresponde a 42% do peso relativo e reúne um conjunto de atividades com as respectivas ponderações: total de publicações, total de citações, citações por publicação, publicações por docente, citações por docente, publicações nacionais, recursos recebidos, bolsistas CNPq e teses. O indicador “Ensino” reúne pesquisa com docentes, professores com doutorado e mestrado, professores em dedicação integral e parcial e nota do Enade. Já o indicador “Mercado do Trabalho” considera a opinião de 5.793 profissionais de Recursos Humanos consultados pelo Datafolha em 2015, 2016 e 2017 sobre preferências de contratação. O indicador “Internacionalização” refere-se a citações internacionais por docente, ou seja, média de citações internacionais recebidas pelos trabalhos dos docentes da universidade. Também contabiliza publicações em coautoria internacional, que vem a ser percentual de publicações feitas em parceria com pesquisadores estrangeiros em relação ao total de publicações da instituição. Para completar, o indicador “Inovação” refere-se ao número de patentes pedidas pela universidade em 10 anos (2006-2015). 

Números da UFABC 

Para chegar ao 36º lugar na classificação geral, A Universidade Federal do Grande ABC classificou-se em 46º lugar no indicador de Ensino, 14º no indicador de Pesquisa, 159 no de Mercado, 47º em Inovação e primeiro lugar em Internacionalização. Resumo da ópera: quando o critério de aplicação de conhecimento é o definidor da atuação da UFABC, e nesse ponto o Mercado de Trabalho é insuperável, ou único entre tantas as modalidades que formatam o ranking, temos um desabamento completo das expectativas de que, a depender da instituição, viraremos o jogo da baixa competitividade econômica da região. 

Contamos com uma instituição de Primeiro Mundo quando o que vale mesmo é o que não nos interessa de fato. O que mais produzimos na UFABC é o que menos necessitamos à aplicação diária para nos recompor economicamente. Tanto é verdade que os formandos da UFABC praticamente inexistem para os recrutadores de mão de obra de qualidade das empresas pesquisadas pelo Datafolha. A UFABC só é superada nesse quesito quando se chega a 103ª colocada do RUF: A Fundação Universitária Federal do Vale do São Francisco (Univasp) ocupa a 170ª colocação no indicador. 

Do século passado 

Não foi por falta de aviso deste jornalista e de especialistas em Educação Superior sem presas ideológicas que a Universidade Federal do Grande ABC é um fracasso em desempenho voltado à regionalidade. Em 10 de janeiro de 2011 publicamos uma entrevista com Valmor Bolan sobre a instituição. “UFABC é do Século XIX, diz Bolan”, retratava o conjunto de declarações do especialista. Leiam alguns trechos: 

 A UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) está situada no Século XIX. Palavra de quem entende do assunto. Valmor Bolan é Doutor em Sociologia, conselheiro da OUI (Organização Universitária Interamericana) no Brasil e membro da Comissão Ministerial do Prouni/Mec. Também é consultor de Instituições de Ensino Superior. O especialista é aliado histórico nas críticas à UFABC. "Uma IES (Instituição de Ensino Superior) que tenha por missão precípua repassar conhecimentos científicos e tecnológicos existentes (e não inclua produção de novos conhecimentos) não é bem-vinda. Aliás, é a mentalidade que domina as políticas do Ministério da Educação em termos de Ensino Superior" -- afirma Valmor Bolan. (...) Valmor Bolan afirma que até recentemente a universidade brasileira rejeitava qualquer contato com as empresas, "sob a alegação de que representavam o capitalismo tão odiado pela comunidade acadêmica". E vai mais longe: afirma que na universidade pública predomina sentimento generalizado de superioridade. "Há amplo consenso interno de que pouco ou nada pode-se aprender com aqueles que vivem extramuros, extraclausura".  

Agora, algumas declarações de Valmor Bolan retiradas das respostas a este jornalista naquela entrevista: 

 Trata-se de líderes educacionais que têm mentalidade focada em modelo único de universidade. A única universidade possível, segundo eles, é a Humboldiana, gestada na Europa na segunda metade do Século XIX. É a Instituição de Ensino Superior (IES) que tem a tradicional tríplice função: Ensino, Pesquisa e Extensão. Outro tipo de IES, para eles, não é desejável ou então é de segunda categoria ou ainda semi-universitária. Uma IES que tenha por missão precípua repassar conhecimentos científicos e tecnológicos existentes (e não inclua produção de novos conhecimentos) não é bem-vinda. Aliás, é a mentalidade que domina as políticas do Ministério da Educação em termos de Ensino Superior. Instituição de Ensino Superior que inclua expressões como "atender ao mercado" (que não significa outra coisa que ouvir a sociedade produtiva em suas demandas de mão-de-obra), que favoreça a empregabilidade do aluno, a sua inserção regional e que tais, é vista como deslocada no e do mundo acadêmico. Entendem que sua missão é universal, não regional e que estão a serviço do universo e não da comunidade restrita. Tanto que quando contestávamos a falta de diálogo dos planejadores da UFABC com a comunidade regional, nos respondiam que o modelo que iria ser implantado era quase perfeito, pois tinha sido construído com a audiência de especialistas internacionais e de grandes universidades brasileiras, como a Unicamp. Não passávamos de estorvos e plebeus educacionais. Em suma, o distanciamento desses acadêmicos terminará somente quando mudar essa mentalidade elitista de universidade que, a bem da verdade, começa a mudar também em alguns setores de universidades públicas. 

 Até recentemente a universidade brasileira rejeitava qualquer contato com as empresas sob a alegação de que representavam o capitalismo tão odiado pela comunidade acadêmica -- alunos e professores, de modo especial. Aliás, o corpo discente era basicamente formado por filhos da burguesia urbana e dos grandes donos de terra. Portanto, a universidade estava exclusivamente a serviço do conhecimento e não da infraestrutura material da sociedade. Platonismo puro. Desenvolvimento econômico? Regional? Pior ainda. De alguma forma, ainda há resquícios dessa mentalidade. Mesmo porque é muito mais cômoda a discussão teórica da economia, da filosofia, da sociedade interna corporis do que submeter-se a ouvir a plebeia extra universitária. 

 Na universidade pública predomina sentimento generalizado de superioridade. Há um amplo consenso interno de que pouco ou nada se pode aprender com aqueles que vivem extramuros, extraclaustra. Aliás, é nos fechados mosteiros medievais que surgem as primeiras universidades, que serviram de modelos para as universidades, sobretudo as ocidentais, durante tantos séculos. Contribuintes? Num passado não tão distante os estudantes faziam greve em função de aumento no valor das refeições além de R$ 1,00. Desde então os contribuintes nada contavam nem eram (e são) consultados. 

 Não há dúvida de que a classe política do Grande ABC não nos ajuda na luta por uma universidade pública comprometida com a regionalidade. Nos parece que nossos prefeitos, vereadores e partidos políticos não perceberam ainda a importância de uma universidade federal como agente e âncora de um projeto de desenvolvimento regional e de modo especial como indutora de inclusão social através do preparo de muitos jovens que venham a liderar um processo de consolidação econômica regional de modo que pelo menos as empresas já existentes não deixem o Grande ABC por falta de mão-de-obra qualificada. 

 A UFABC é, a meu ver, a mais importante iniciativa no Grande ABC no século XXI. Não podemos, pois, perder essa grande oportunidade de fazer avançar mais a região mediante a formulação de um belo projeto acadêmico-pedagógico com a participação de todas as lideranças dos mais diferentes setores da sociedade. Ainda há tempo de a UFABC dar uma guinada. 

 É difícil imaginar como se comportariam se fossem os tucanos a implantar a UFABC. Entretanto, a omissão da parte do PT regional e de outras entidades denuncia baixa conscientização sobre o papel histórico que a UFABC teria que ter na região. De qualquer forma, fica claro que a tentativa de inovação feita no modelo curricular dos cursos da UFABC não funcionou provavelmente pela falta de aderência à realidade regional, que precisa de respostas simples às demandas na elaboração do projeto pedagógico. A UFABC não pode ser boi de piranha para experimentações cerebrinas nas reformulações curriculares. 

 O número de doutores vem crescendo velozmente no Brasil. Na secunda década de 1970 ,quando defendi minha tese de doutorado, o Brasil não tinha mais que 6.000 doutores. Hoje chegamos a uma produção anual de 11.000 doutores. É significativo, mas ainda é pouco e, sobretudo, é pouco planejado para obedecer às prioridades do mercado nacional. 

 O maior problema do Brasil é a má qualidade do Ensino Básico Público, inclusive a enorme falta de vagas nas creches e Pré-escola. A evasão entre o início do Ensino Fundamental e o fim do Ensino Médio é brutal. Supera 50%. A evasão e a má qualidade do ensino no Ciclo Básico constituem a grande tragédia nacional, que não nos permite pensar num futuro brilhante para o Brasil. Aqui também a UFABC poderia ter um papel catalisador a serviço do sistema de ensino/aprendizagem das escolas do Ensino Básico na região. A percentagem de jovens que frequenta as instituições de Ensino Superior em idade universitária é dramática. Perdemos para Bolívia e Paraguai. Sem uma guinada radical nas políticas de incentivo ao Ensino Superior, inclusive incrementando a adoção de modelos múltiplos e variados de universidades e a oferta de cursos superiores profissionalizantes de curta duração, o Brasil terá dificultado o plano de desenvolvimento futuro. Sem um povo efetivamente educado e aculturado não haverá desenvolvimento sustentável. Não há Plano de Aceleração (PAC) que pare de pé se o cidadão não tiver cérebro para geri-lo e mantê-lo hígido.

Universidade do plástico  

Para completar, recorro a uma Reportagem de Capa que produzi com Maria Luisa Marcoccia para a revista LivreMercado, edição de junho de 2004 (bem antes, portanto, da chegada da UFABC), para dizer aos leitores que não somos engenheiro de obra feita. O fracasso da UFABC, negado apenas pelos ideologicamente enfermos, é uma pedra cantada com requinte de honestidade intelectual há muito tempo nestas páginas. Leiam alguns trechos daquela Reportagem de Capa sob o título “Universidade do plástico é a saída”: 

 O que algumas das chamadas lideranças do Grande ABC vão fazer agora que o presidente da República, Lula da Silva, decidiu presentear a região com a garantia de que conseguirá da base aliada no Congresso Nacional a criação de uma universidade federal já a partir do ano que vem? LivreMercado e seu braço eletrônico, a newsletter Capital Social Online, assumem posição clara: a escola superior resultante do lobby de prefeitos e deputados federais do Partido dos Trabalhadores não está entre as prioridades para recompor o tecido econômico e social de uma região devastada em 39% de seu PIB industrial nos oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, mas já que o mal está praticamente consumado, ou seja, que a universidade federal será realidade, o melhor é encontrar um modelo que dê respostas socioeconômicas ao Grande ABC. 

Mais Reportagem de capa 

 (...) Sim, estimular pesquisas e formar especialistas que possam dar respostas à demanda por mão-de-obra para o setor de transformação de plástico da região, a partir do aumento da produção do Polo Petroquímico de Capuava, seria a melhor alternativa para que de imediato, nos primeiros cursos, a região respondesse com competitividade ao dinheiro público não-prioritário que o governo Lula da Silva investirá para aplacar a pressão de petistas da região em busca de um fato que marque o compromisso regional do ex-sindicalista que emergiu das bases de trabalhadores de São Bernardo.

Mais Reportagem de Capa 

 A compatibilidade curricular da Universidade do Plástico corre na mesma raia de outro anúncio daquela reunião em Brasília, acompanhada por empresários do Polo Petroquímico de Capuava, mais especificamente executivos da Petroquímica União, empresa-mãe do conglomerado que alimenta em 66% o ICMS de Mauá e em 36% o mesmo imposto que entra no caixa da Prefeitura de Santo André. Naquela tarde de Brasília em que Lula recebeu amigos antigos ou circunstanciais do Grande ABC, declarou também que a PQU terá a matéria-prima (nafta) que tanto espera da Petrobras para elevar a produção de componentes químicos. Com isso, a central petroquímica aumentaria o poder de fogo da indústria de transformação de plástico da região, sobretudo as pequenas e médias sufocadas pela escassez de materiais.

Mais Reportagem de Capa 

 (...) De uma só cajadada presidencial, Lula da Silva glorificou as esperanças de um Grande ABC acostumado à insensibilidade dos governos estadual e federal de plantão. A Universidade Federal contempla principalmente os acadêmicos e os políticos sempre em busca do estrelato, não importa os resultados dos recursos públicos comprometidos. O aumento da capacidade de produção do polo petroquímico, em última instância, tende a nutrir generosamente os cofres públicos de Mauá e Santo André, principalmente, independentemente dos efeitos sistêmicos na economia da região.  

Mais Reportagem de Capa 

 Maria Inês Soares, presidente do Consórcio Intermunicipal de Prefeitos e supostamente líder oficial do movimento que tem no deputado federal Ivan Valente o principal articulador, não é exatamente capaz de organizar trabalho em equipe. O temperamento aquecido, a permanente vocação ao individualismo e ao conflito e bloqueios gerenciais dificultam o relacionamento com os próprios petistas, quanto mais com adversários políticos eventualmente parceiros de jornada. Mais preparado para o jogo do relacionamento com as demandas regionais, o governo Lula da Silva contou com assessores próprios e do Ministério da Educação para suprir a patética missão liderada por Maria Inês Soares. À falta de qualquer documento formalmente adequado para dar solidez analítica à reivindicação da comitiva do Grande ABC, o governo Lula da Silva ofereceu o tapa de luva de pelica de uma espécie de rascunho, como foi definido o documento de duas laudas entregue pelo ministro Tarso Genro. 

Mais Reportagem de Capa 

 O improviso do MEC foi a alternativa que o Palácio do Planalto encontrou para evitar uma vergonha maior — que à surpreendente resposta de Lula da Silva em investir milhões na Universidade Pública Federal do Grande ABC não se justificasse tanta disposição com um estudo minimamente satisfatório aos naturais interessados. O material entregue pela assessoria do ministro Tarso Genro aos representantes do Grande ABC é versátil na medida em que não amarra o modelo da escola superior gratuita da região a preconceitos como o do deputado Ivan Valente. O parlamentar, teoricamente com base em São Caetano, desfila em seu site todo o conservadorismo esquerdista de desenhar para a instituição um traçado que perpetuaria o fracasso das escolas públicas do País marcantemente de ojeriza ou de distanciamento da economia de mercado. Essa postura de colisão entre academia e empresas jamais chegou a ser contestada pelos demais agentes que estiveram no gabinete de Lula da Silva. Mesmo os não-petistas William Dib e Luiz Tortorello, prefeitos dos únicos municípios da região fora do corolário petista — São Bernardo e São Caetano —, que acompanharam a tudo com certa formalidade. O apelo com cheiro de demagogia pró-universidade gratuita no Grande ABC chegou a tal ponto que político interessado em votos jamais se oporia declaradamente à iniciativa.

Mais Reportagem de Capa 

 A Universidade do Plástico defendida por LivreMercado e por Capital Social Online não é nenhuma invenção tirada da cartola do oportunismo, do sensacionalismo ou até mesmo do dirigismo para encontrar um espaço onde possa caber uma escola superior que vai custar R$ 150 milhões por ano, quando em plena atividade com estimados 23 mil alunos. É dinheiro demais no horizonte e que, por isso mesmo, não pode ser desperdiçado. Com R$ 150 milhões por ano durante pelo menos 10 anos, o governo federal poderia compartilhar um amplo programa de recuperação da força industrial do Grande ABC. O volume significaria espécie de Plano Marshall, em contraposição ao Plano Hiroshima do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas convém não sonhar com o Plano Marshall. O melhor mesmo é imaginar e lutar por uma Universidade do Plástico. Em maio do ano passado LivreMercado elevou à Reportagem de Capa uma análise do setor de geração e de transformação de plástico na região. Sugeriu a matéria que o Grande ABC de metal é capaz de dar vez ao Grande ABC de plástico e, com isso, contribuir para quebrar o ritmo da desindustrialização e do desemprego.

Jornalismo é isso

Reproduzi menos que 10% da Reportagem de Capa de LivreMercado. É dispensável reafirmar o modelo de jornalismo que praticamos com nossa equipe ao longo de duas décadas naquela publicação impressa. O jornalismo fortemente deficitário no Brasil, mesmo nas grandes publicações nacionais, começa com a insuficiência sistemática de um critério essencial a grandes transformações, ou seja, o poder de reflexão permanente, abandonando-se o piloto automático de apagar incêndios de pautas diárias já exaustivamente abordados. E se completa aversão a propostas fundamentadas em experiências que se consolidaram. 

CapitalSocial, como LivreMercado, jamais se conformou com a posição conservadora e cômoda de apenas reproduzir conhecimentos de terceiros, quando não, em muitas situações, com vícios de origem por interesses diversos. A UFABC de plástico foi subestimada pelos esquerdistas que refutam o capitalismo apenas da boca para fora. E não obteve dos conservadores de direita a menor atenção porque a maioria só combate a força monolítica do Estado em suas várias dimensões igualmente da boca para fora. Somos uma sociedade de falastrões que se dão muito bem na intensificação de jogos de conveniência. 



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