Sociedade

Na contramão dos
números paulistas

MAURICIO MILANI - 05/12/2008

Nadar contra a maré tem se tornado rotina quando o assunto é criminalidade no Grande ABC. Enquanto o Estado apresenta redução em homicídios, a região não só mostra expansão como se mantém no pé do ranking do IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos), braço estatístico de LivreMercado. No terceiro trimestre deste ano, os sete municípios que somados representam metrópole de quase 2,6 milhões de habitantes ocupavam a 71ª posição entre 78 possíveis, com IC (Índice de Criminalidade) seis posições abaixo do registrado no terceiro trimestre do ano passado e três patamares abaixo do resultado do primeiro semestre deste ano. O IEME calcula o IC das 77 cidades economicamente mais importantes do Estado e avalia o Grande ABC individualmente e também como um todo.

Para chegar ao IC, o IEME analisa as estatísticas divulgadas a cada três meses pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. São levados em conta três grupos de crimes e feita média ponderada: homicídios têm peso de 60%, roubos e furtos de veículos de 30%, e roubos e furtos de 10%. O Grande ABC registrou IC de 12,79 no período compreendido entre janeiro e setembro. Quando comparada com os sete municípios, a região como um todo só não está pior do que Santo André e Diadema.

Homicídios demais 

Santo André ocupa o 76º lugar entre 78, com IC de 10,60, um patamar abaixo do apontado no primeiro semestre e nada menos que 15 quando a comparação é com janeiro-setembro do ano passado. A posição é resultado da alta em homicídios principalmente no primeiro semestre -- de 30 ocorrências entre janeiro e junho de 2007, saltou para 60 em igual período deste ano.

Pior que Santo André na tabela do IEME só Diadema, que segura a lanterna da 78ª posição com IC de 9,71. Ao contrário de Santo André, que normalmente não ocupa posições próximas do pé do ranking, Diadema frequenta a área de risco há algum tempo. No primeiro semestre estava no lugar de número 76, o mesmo que ocupava no intervalo janeiro-setembro do ano passado. O Município que vinha de quedas significativas de criminalidade sobretudo entre os anos de 2001 e 2006 registrou 60 homicídios nos primeiros nove meses tanto de 2006 quanto de 2007, total que subiu para 63 neste ano na mesma base de comparação.

Ribeirão Pires, Mauá, São Bernardo, São Caetano e Rio Grande da Serra estão acima do Grande ABC-metrópole no ranking do IEME. A menor cidade da região é também a que tem melhor Índice de Criminalidade. É a terceira do Estado com IC de 49,99, atrás apenas de Matão (primeira, com IC de 69,42) e Mogi Guaçu (segunda, com IC de 59,64). Rio Grande da Serra deu salto de 26 patamares no ranking. Ocupava o lugar de número 29 tanto no primeiro semestre deste ano como no período janeiro-setembro do ano passado.

São Caetano perde espaço 

São Caetano, na 11ª posição do ranking, com IC de 32,87, manteve patamar que ocupava no primeiro semestre, mas caiu sete degraus quando a comparação é feita com os primeiros nove meses de 2007. Ainda assim, Rio Grande da Serra e São Caetano são as únicas cidades da região que ocupam lugar entre as primeiras do ranking do IEME. A próxima a aparecer, São Bernardo, posiciona-se em zona intermediária, na 40ª posição, com IC de 19,64. No primeiro semestre, São Bernardo era a cidade de número 36 no levantamento. Há um ano, estava 13 posições atrás, no 53º lugar.

Salto de 20 posições separa São Bernardo de Mauá que, na 60ª colocação do ranking, apresentou IC de 14,80 de janeiro a setembro. 

No mesmo período do ano passado, Mauá estava quatro posições acima, patamar igual ao mantido até o primeiro semestre deste ano. Pela ordem do levantamento, em seguida aparece Ribeirão Pires, seis patamares abaixo de Mauá, no 66º lugar, com IC de 13,69. Ribeirão Pires melhorou em relação ao primeiro semestre, quando era a número 74, mas caiu 20 degraus na comparação dos nove primeiros meses deste ano com janeiro-setembro de 2007, quando era a número 46 na análise do IEME.

Apesar do sobe-e-desce das cidades do Grande ABC no ranking de criminalidade, a soma de homicídios nos três primeiros trimestres deste ano se manteve nas 254 ocorrências registradas nos três primeiros trimestres do ano passado. Se o total não variou, o negativo é que no Estado a média de registros de homicídios apontou redução de 12% entre janeiro e setembro deste ano. Isoladamente, os municípios da região foram de um extremo a outro na incidência de homicídios: da alta de 58,82% em Santo André à queda de 36,37% em São Bernardo. No miolo, Diadema teve elevação de 5% e Mauá registrou corte de 11,77%. Os percentuais de São Caetano (crescimento de 100%), Ribeirão Pires (acréscimo de 8,33%) e Rio Grande da Serra (-57,15%) devem ser relativizados diante dos números absolutos reduzidos. No placar geral da região, quatro aumentos de casos contra três de queda.

Mesmo destino 

A soma de 254 homicídios nas sete cidades leva à mesma projeção do ano passado. O ano deve terminar com 338 ocorrências, sem variação portanto em relação a 2007 e com diminuição de 10,82% diante dos 379 casos registrados em 2006. Quando se leva em conta a incidência de homicídios dolosos por 100 mil habitantes, Diadema lidera com 20,55 ocorrências, seguida de Mauá (19,42), Ribeirão Pires (11,75), São Bernardo (10,85), Santo André (10,20) e São Caetano (1,46). Os números são relativos a 2007. A incidência de 2008 só poderá ser calculada depois de divulgadas as estatísticas de todo este ano. A incidência de Rio Grande da Serra não aparece nos números da Secretaria de Segurança Pública devido à forte variação com a flutuação natural em função do pequeno número de casos.

Ainda levando-se em conta a incidência de homicídios dolosos por 100 mil habitantes, pode-se ter noção mais precisa da redução desse tipo de crime no Grande ABC quando são avaliados os números de 2000. As estatísticas da Secretaria mostram que naquele ano Diadema tinha 76,15 homicídios dolosos por 100 mil moradores, enquanto São Bernardo apontava 52,79. Na sequência apareciam Mauá (46,08), Santo André (43,20), Ribeirão Pires (28,81) e São Caetano (12,84). A média estadual no ano passado foi de 11,92 homicídios por 100 mil. A maior incidência em homicídios no Estado ocorreu em 1999, com 12.818 registros, o que correspondia a 35,71 homicídios por grupo de 100 mil habitantes.

A análise comparativa de seis cidades da região no quesito homicídios dolosos, na relação 2007/2000, mostra posições inalteradas tanto na maior incidência quanto na menor. Diadema apresentava o maior índice por 100 mil habitantes em 2000 e continuou em 2007. No extremo oposto, São Caetano já detinha menor incidência de homicídios há oito anos, posição que se mantém. Mauá, que era terceira, subiu para o segundo lugar. Ribeirão Pires também piorou, passando da quinta posição para a terceira. Tanto São Bernardo quanto Santo André estão em patamares mais positivos: São Bernardo deixou o segundo lugar em 2000 para assumir o quarto em 2007; e Santo André, que era a quarta em homicídios, passou a ser a quinta na mesma base comparativa.

Redução geral 

Em outro tipo de crime avaliado pelo IEME e que tem peso de 30% no Índice de Criminalidade, todo o Grande ABC registrou redução em roubos e furtos de veículos nos três primeiros trimestres deste ano, a maior em Mauá, de 15,78%. Em seguida aparecem São Caetano (-14,32%), Ribeirão Pires (-9,05%), Santo André (-3,31%), São Bernardo (-2,77%) e Diadema (-2,50%). As 10 ocorrências registradas em Rio Grande da Serra em janeiro-setembro de 2007 foram reduzidas a cinco. O Estado de São Paulo apresentou queda de 12% em roubos e furtos de veículos no período.

Em furtos e roubos diversos, com peso de 10% no IC, a maior alta foi registrada em São Caetano (19,40%), seguida de Ribeirão Pires (13,40%), São Bernardo (12,54%), Diadema (12,22%) e Mauá (2,65%). Rio Grande da Serra e Santo André apresentaram reduções, respectivamente de 17,33% e 1,27%.



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